Já me habituei ao sistema do Brasil: em vez de jantar, opto
por merendar. Até aqui, tudo bem, não me prejudiquei. Apenas uma diferença:
almoço só, lancho só, durmo só, enfim, sou um homem só, mas sem pensar na velha
frase do Salazar “orgulhosamente só”. Há dias li, com atenção, um estudo sobre
esta temática (o jantar na família) e, daí, alinhavar esta matéria em função
dos elementos que recolhi – inclusive, alguns interessantes pontos de vista.
Para além de nos nutrir as refeições poderão e deverão ser momentos de
reconstrução e de socialização familiar que, por sua vez, promovem o
desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes, reforçando ainda a
estabilidade familiar. Algo que, à partida, poderá parecer óbvio e do senso
comum, está-se a tornar esquecido dentro da sociedade dita “moderna”, se não é
pelo fato de todos os elementos não poderem estar reunidos por motivos de
horários e compromissos, pais que trabalham até tarde, atividades
extra-escolares dos filhos, por outro lado, também acontece freqüentemente
mesmo estando todos em casa distanciam-se pela presença da televisão. Seja uma
refeição simples ou mais elaborada, se for acompanhada de uma conversa
agradável em ambiente de descontração torna a hora do jantar um momento
especial. Algo tão simples e ao alcance de qualquer um, como este momento ao
fim de um dia, poderá até evitar futuros problemas mais complexos, ou até mesmo
prevenir a apetência pela procura de drogas, ou outro tipo de vicio e por outro
lado fomentar motivações saudáveis, como, por exemplo, a motivação escolar.
Pois, estudos nos Estado Unidos (Columbia University) apontam para o fato de
que os adolescentes ao participarem de conversas em família durante o período
das refeições desenvolvem um sentido de proteção e reforço parental que os
ajuda a resistir à pressão de grupo nos consumos de substâncias prejudiciais e
viciantes. Convém salientar que, de um modo geral, qualquer momento de
refeição, se partilhado em família tem um impacto positivo ao nível da saúde
mental principalmente das crianças e jovens, sendo a hora do jantar a que
melhor se adapta às rotinas e compromissos profissionais de cada um dos
elementos da família. Um outro estudo da Havard University vem reforçar estes
fatos, na medida em que verificaram que crianças oriundas de famílias que
estabeleceram um compromisso com o momento das refeições, tornaram-se em
adultos mais confiantes tendo passado por uma adolescência mais estável. Neste
sentido, à hora do jantar marque este compromisso com a sua família, se por
motivos profissionais não for de todo possível, comece, pelo menos, por um ou
ambos os dias do fim de semana e reserve na sua agenda pelo menos um dia
durante a semana.
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