Projeto em Monte Belo estimula a formalização e o desenvolvimento de pequenos negócios de moda íntima no Sul de Minas

DO TEXTO: Apesar de manter há 10 anos a tradição na produção de café, o município começou a ter facções de costura para atender à demanda da vizinha Juruaia...
 Peças de roupa interior feminina.

Iniciativa faz parte das ações apoiadas pelo Integra Moda, programa do Sebrae Minas que impulsiona a cadeia produtiva do segmento em polos do estado



Minas Gerais tem se destacado na produção de moda íntima. Entre os polos produtores está Monte Belo, no Sul do estado. O município reúne 135 fábricas, em sua maioria lideradas por mulheres e localizadas na zona rural, que empregam pelo menos metade da mão de obra local – são cerca de 2 mil profissionais contratados. Com o apoio do Sebrae Minas, o setor tem movimentado uma ampla cadeia produtiva e transformado a economia local.

Apesar de manter há 10 anos a tradição na produção de café, o município começou a ter facções de costura para atender à demanda da vizinha Juruaia, onde a atividade já estava estabelecida. “Quando passamos a atender a região, em 2017, diziam que eram mais de cem unidades produtivas, mas eu não via lojas nem fábricas abertas. Descobri que a maioria estava na zona rural ou dentro de casa”, lembra a analista do Sebrae Minas Adaiby Gonçalves.

A partir da realização de um diagnóstico, o Sebrae Minas e parceiros, como a Prefeitura, a Câmara Municipal e a Associação Comercial e Industrial de Monte Belo (ACIMB), iniciaram o projeto Confecção de Lingerie de Monte Belo. A iniciativa recebeu o apoio do programa Integra Moda, uma iniciativa do Sebrae Minas para valorizar a diversidade e as expertises dos diferentes polos do estado e dos pequenos negócios, impulsionando o empreendedorismo no setor e fortalecendo diversos segmentos da cadeia produtiva da moda em Minas Gerais.

O objetivo do trabalho desenvolvido em Monte Belo foi de gerar valor e renda por meio da formalização dos negócios. “O desafio inicial foi desenvolver a cultura da cooperação para que as empreendedoras entendessem os benefícios do trabalho coletivo, que tem resultado no fortalecimento das empresas, graças ao compartilhamento de informações”, conta a analista.

O trabalho de estímulo ao cooperativismo durou quase dois anos até a criação da Associação dos Empresários Montebelenses de Moda Íntima (AMMI), que hoje reúne 35 empresas. Em paralelo, o Sebrae Minas oferece capacitações, como o Sebraetec, palestras e workshops sobre temas como vendas e gestão de inovação, além de consultorias individuais para os empreendedores. O programa acumula bons resultados, entre eles a realização de quatro edições da Feira de Moda Íntima de Monte Belo (FEAMMI), e tem várias ações previstas para este ano.

Crescimento

De agricultura a costureira. Foi essa a alternativa que Sueli Maria Oliveira Urbano, da Angelical Moda Íntima, encontrou para pagar os estudos da filha Angélica. “Compramos um terreno, construímos a loja com um galpão nos fundos, contratamos dois representantes”, recorda. Em 2010, três anos depois de abrir a confecção, Sueli participou do Empretec, iniciando um novo capítulo de sua vida. “Foi uma das melhores coisas que fiz, pois aprendi a me ver como empresária.”

A primeira lição colocada em prática, conta ela, foi o planejamento financeiro. A partir do conhecimento adquirido, a empreendedora estabeleceu uma meta de vendas e o que precisaria fazer para alcançá-la, como a contratação de mais uma costureira para garantir o estoque. Os representantes visitaram diversas cidades, deixando as peças com inúmeras sacoleiras. 

Hoje, a Angelical Moda Íntima está instalada em um imóvel de dois andares, que abriga loja e fábrica próprias. Lá, são produzidas 22 mil peças mensalmente para atacado e varejo, nacional e internacional. Há 57 funcionários, e o faturamento anual chega a R$ 5,5 milhões.

Vendas on-line

Para Ana Paula da Silva Fidelis, o sonho de fazer um curso superior em uma cidade maior foi o estímulo para empreender. “Meu namorado, Elton Brás Fidelis, tinha o mesmo objetivo e se mudou, enquanto eu fiquei trabalhando na área da lingerie. Como ele não conseguiu emprego depois de se formar, decidimos trabalhar juntos”, explica, lembrando que, na época, ele foi o primeiro costureiro da cidade, rompendo preconceitos.

Para sair da garagem de casa e abrir o próprio negócio, a Anabela, os jovens seguiram toda a trilha de capacitação do Sebrae Minas, começando pela Cultura da Cooperação. “Foi o primeiro projeto que participei e, a partir dele, o Sebrae foi trazendo mais cursos, consultorias. Faço questão de participar de tudo.”

Aos 29 anos, a empresária tem sua estratégia baseada nas vendas on-line, atendendo a todo o país. Com oito funcionários, ela movimenta cerca de R$ 500 mil por ano. “Esse também foi outro passo dado com o incentivo do Sebrae. Acredito que sou a única em Monte Belo que não trabalha com consignado.”

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