Uma ferida aberta da ditadura militar no Brasil

Romance de Carlos Galvão expõe tortura e abusos na ditadura militar, com foco na Guerrilha do Araguaia e seus traumas ainda vivos na memória brasileir
 Autor Carlos Augusto Galvão e capa do livro "Quando caem as cinzas".

"Quando caem as cinzas" revela horrores da Guerrilha do Araguaia


Carlos Augusto Galvão revisita os anos mais obscuros da Guerrilha do Araguaia para denunciar os abusos físicos e psicológicos da época


Durante a Ditadura Militar, na Guerrilha do Araguaia, Benedito é capturado por militares. Ao ajudar um amigo de infância ligado à esquerda, é levado a um quartel clandestino, onde enfrenta sessões brutais de espancamento, tem o rosto desfigurado, costelas quebradas e sofre violência sexual nas mãos de Bem-te-Vi. Fora das celas, espalham boatos sobre sua sexualidade para destruir sua reputação e isolá-lo. O que acontece ali marca Benedito para sempre. 

Ambientado na região amazônica, Quando caem as cinzas – livro escolhido para esta Leitura Coletiva – acompanha um jovem médico idealista, arrancado da própria rotina e lançado ao centro de uma engrenagem militar violenta. Sob o comando do major Bem-te-Vi, conhecido pela brutalidade e pela prática de não fazer prisioneiros, Benedito enfrenta um sistema que opera nas sombras, protegido pelo silêncio e pela impunidade. Em uma Marabá dominada por militares e atravessada pelas promessas da Transamazônica, encontra uma rede de repressão sustentada pelo medo.  

Em meio aos traumas causados pelo abusador, o jovem busca reconstruir a própria vida, recuperar a honra destruída e se reerguer. Mas, essa busca por força interior não acontece sozinha. Personagens como Eliana surgem como refúgio em meio ao caos, enquanto Sidney, um confidente inesperado, oferece solidariedade onde menos se imagina. Cada um, a seu modo, mantém viva a esperança e a possibilidade de seguir em frente mesmo quando tudo parece desmoronar. 

Quando caem as cinzas, de Carlos Augusto Galvão, retrata com intensidade os impactos da ditadura sobre a vida cotidiana, a memória e os vínculos humanos. A obra percorre Marabá, Belém e São Paulo para denunciar a violência institucional, o apagamento ambiental e o abandono de populações inteiras em nome do progresso. 

O passado ainda vive. É hora de enfrentá-lo.  

Você pode receber o livro em casa, ler com outros influenciadores literários e participar de um debate online com o autor! Quer saber como concorrer a uma vaga? É só se inscrever agora pelo link https://forms.gle/esiWLB5niRYNzesW8

*Aviso de temas sensíveis: violência, abuso sexual, estupro e homofobia. 

Sobre o autor: Carlos Augusto Galvão nasceu em Santarém, às margens do rio Tapajós, no Pará, em 1949. Passou a infância no interior do estado, acompanhando o pai, médico sanitarista Formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Pará e, desde 1976, mora em São Paulo, onde atua como psiquiatra e psicoterapeuta. 

Começou a escrever por prazer aos 45 anos, sempre inspirado pelo Pará, com foco na cultura local, nas histórias regionais e nas pessoas que moldam essa realidade. É autor dos romances “A Terra de Tupã” e “Quando caem as cinzas”, além de poesias e crônicas reunidas em coletâneas e antologias da SOBRAMES-SP, instituição que presidiu entre 2001 e 2002. 
Enviar um comentário

Comentários