RC9 - Os músicos da banda de Roberto Carlos (Ubaldo Versolato)

DO TEXTO:
Ubaldo Versolato em palco.

A banda do cantor e compositor Roberto Carlos, vulgarmente designada por RC9, é comparável à famosa trilogia de Alexandre Dumas, intitulada “Os três mosqueteiros”.

Os 3M, que na verdade eram 4, estavam ao serviço do rei de França, Luís XIII, e os RC9, que na verdade são 17, estão ao serviço do Rei Roberto Carlos.

Mas enquanto os 3M enfrentavam grandes inimigos como o Cardeal Richelieu e seus guardas, além dos huguenotes e dos ingleses, inimigos da Coroa francesa, os RC9 são o séquito real que aqui e além fronteiras apoiam Sua Majestade que no trono salpicado por uma miríade de luzes banhadas por nevoeiro sebastianista, é aclamado pelos seus súbditos ao som de instrumentos musicais regidos pelo seu cavaleiro-mor.

No âmbito das comemorações do cinquentenário da coroação do Rei, os RC9 foram recentemente trazidos à estampa através do site
http://www.rc50anos.com.br/com com fotos e breves palavras de apresentação. São essas fotos e essas breves palavras sobre cada um dos 17 elementos que compõem a banda RC9 que aqui reproduzimos com a devida vénia como reconhecimento por tudo quanto têm feito em prol de Roberto Carlos e dos seus fãs.

Alguns dos elementos já foram alvo de enredos fictícios produzidos pelo autor destas linhas, pelo que se aproveitará para também incluir alguns excertos de tais episódios.

A ideia era publicar este trabalho num só documento, porém, isso iria tornar o artigo demasiado extenso e como tal não muito prático para os estimados leitores. Por isso, decidimos dividi-lo por cada elemento do RC9, sendo que em todos manteremos o presente texto.




Primeiro, em 1964, foram chamados de RC Trio tendo o próprio RC na guitarra, Dedé Marquez na bateria e Bruno no contrabaixo. Roberto Carlos passou a ser só o cantor surgindo então o RC 4 com a entrada de Wanderley no piano e Gato na guitarra. Daí entraram os sopros... e o resto é história. Nos dias de hoje é chamada de RC 9. Com vocês: os músicos que acompanham Roberto Carlos!


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UBALDO VERSOLATO - Sax Tenor





Começou a tocar com 10 anos e se profissionalizou em 79. Tocou na noite, com grandes nomes como Simone e faz parte da Orquestra Jazz Sinfornica de SP. Gravou com muita gente boa participando inclusive de O Cadillac (2003) e mais recentemente de Os seus botões e Não se esqueça de mim do CD de Cauby Peixoto dedicado a obra de RC. Em meados dos anos 80 participou da orquestra que acompanhava RC mas somente a partir do show do Maracanã que está fixo no RC 9. Seja muito bem vindo!


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NOTA PRÉVIA:

De todos os elementos que compõem a banda RC9, apenas dois não intervieram em qualquer bate-papo entre Roberto e eu ou entre Eduardo Lages e eu. O Ubaldo é um deles, motivo porque, ao contrário dos anteriores, não transcrevemos qualquer bate-papo com ele. Contudo, como o objectivo desta série é não só homenagear os músicos que acompanham Roberto Carlos, mas também dar a conhecer aos estimados leitores algo mais sobre eles, vestimos a capa do Sherlock Holmes e lá fomos nós pesquisar aqui e ali. Eis o que descobrimos sobre o Ubaldo:


UBALDO VERSOLATO
(sax barítono, flauta e píccolo)

Iniciou seus estudos musicais em 1968,na Banda Mirim Baeta Neves, em São Bernardo do Campo, sua cidade natal. Profissionalizou-se em 1979, tocando em bandas de música, conjuntos de baile, orquestras de dança, shows com renomados artistas nacionais e internacionais, tais como Tom Jobim, Roberto Carlos, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Paulinho da Viola, Nana Caymmi,Leila Pinheiro, Sivuca, Milton Nascimento, Les Elgart, Ray Conniff e muitos outros.

Sua carreira registra participação em centena de gravações de cantores dos mais variados gêneros e em grupos de música instrumental, além de trilhas publicitárias e de cinema.

Desde 1990, faz parte da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo e, desde 1997, da BANDA MANTIQUEIRA.

Caracteriza-se por sua versatilidade, tocando do sax barítono ao píccolo, passando pelo sax soprano, alto e tenor e, ainda, flauta e clarinete.

Banda Mantiqueira

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ENTREVISTA COM O SAXOFONISTA UBALDO VERSOLATO
Espaço Music
22-04-2009

Espaço da música teve o prazer de entrevistar um dos melhores saxofonistas do Brasil, membro da famosa Banda Mantiqueira e da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo, Ubaldo Versolato. O espaço da música lhe fez algumas pperguntas com relação a música instrumental no Brasil, sobre a indústria fonográfica etc...
O espaco.musicblog agradece a ubaldo Versolato pela atenção que nos foi dada e por ceder o seu precioso tempo para nos atender.
Muito obrigado!

Nome: UBALDO VERSOLATO

Profissão: Músico

Formação musical:

- Fundação das Artes de São Caetano do Sul,
- Curso de Formação Musical com Nelson Ayres, Amilson Godoy, Hector Costita, Roberto Sion, Ricardo Rizek.
- Bacharel em Saxofone pela Faculdade Mozarteum de São Paulo.
- Clarinete pela Escola Municipal de Música-SP com Prof. Rafael Galhardo Caro.
- Flauta Transversal com Grace “Lori” Henderson e Toninho Carrasqueira.

1) Quando você começou a ter interesse pela música? Alguém te influenciou?

Comecei aos 10 anos de idade e meu primeiro instrumento foi o Sax-Alto, na “Banda Mirim Baeta Neves”, em minha cidade natal, São Bernardo do Campo/ SP, seguindo os passos de meus dois irmãos mais velhos que estudaram, respectivamente, Clarinete e Trompete naquela época. Eles não seguiram a carreira de músico.

2) Quando você se profissionalizou, tocou com vários artistas, orquestras etc. Sabe-se que com o passar dos anos a tecnologia musical vem se desenvolvendo de uma forma incrível. Vários instrumentos imitando outros, etc... “tirando” muitas vezes o “emprego de outro músico”. Na sua opinião: ainda há muito campo de trabalho para instrumentistas que tocam instrumentos de sopro?

Sim ainda há mercado de trabalho para os instrumentistas de sopro, apesar de sabermos que esse avanço tecnológico quando usado exclusivamente para interesses comerciais e imediatistas tira o lugar do músico.
Mas quando se quer qualidade e algo verdadeiro, naturalmente predomina a escolha pelo instrumento acústico.

3) Porque a música instrumental não consegue ter uma visibilidade maior no cenário nacional? O que é preciso para que tenha mais exposição?

Quando se fala em Brasil que é um país com dimensões continentais e tem um mercado fonográfico bem diversificado em cada região, pode-se dizer que a música instrumental não tem visibilidade porque não interessa comercialmente para as grandes gravadoras/distribuidoras como um produto que tenha um retorno financeiro fácil.
Apesar disso, a Música Instrumental sempre existiu no Brasil desde “sempre”. Veja bem: o Patápio Silva, Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e Benedito Lacerda, Severino Araújo, Paulo Moura sempre tiveram no inconsciente coletivo musical de nosso povo. Existe ainda hoje, com muito vigor, Hamilton de Holanda, Gabriel Grossi, Yamandú Costa, Marco Pereira, Toninho Carrasqueira, Banda Mantiqueira, Spok do Recife...e muitos outros!
Certamente a nossa música tem mais exposição e é mais valorizada no Exterior e, talvez seja essa sua missão: a de espalhar pelo mundo nossa musicalidade brasileira.

4) Qual sua opinião com relação à matéria publicada no blog com o título: Músico. Profissão ou bico?

O músico profissional sofre até hoje esse preconceito. Talvez, um pouco menos que há tempos atrás, mas ainda é uma realidade.
Há alguns anos, quando me perguntavam a profissão eu dizia: Músico Profissional e, minha mulher me convenceu a dizer que eu era MÚSICO, sem precisar ressaltar o profissional, e entenda ou aceite quem quiser!..
O Brasil é um país com um povo com grande musicalidade e o grande problema é que a pessoa que tem essa musicalidade às vezes não estuda e nem explora esse potencial e fica na superficialidade. Como não temos Escolas de Música de Nível Internacional e Sindicatos que regularizem o que é ser profissional – muito ao contrario -instituem que você deva ser “músico Prático” “desde que pague uma taxa”, como falam, aí está feita a confusão.
Só para ilustrar, quando decidi ser músico profissional uma vizinha de minha mãe perguntou: “Seu filho não trabalha, só toca?”
Outro episódio foi quando em 1979, com 21 anos, fui tocar no “Gallery”, um Clube da alta sociedade de São Paulo, que inovou tendo uma BIG-BAND liderada pelo saxofonista Hector Costita. Na época, eu saia em matérias de revistas e em colunas sociais; ganhava quatro vezes o salário do meu pai. Quando eu chegava de madrugada em casa e ele estava saindo para o trabalho, tinha uma boate em frente ao nosso ponto de ônibus. Os ditos “músicos” saíam da boate e pegavam o mesmo ônibus dele, normalmente bêbados e alterados.
Para o meu pai, a referência de músico era essa e o seu medo era que eu me tornasse um deles... Foi difícil largar a Faculdade de Engenharia e convencê-lo de que eu queria ser músico. Só consegui isso depois de expor firmemente as minhas intenções profissionais e mostrar os resultados como um bom profissional.

5) Você como artista já tentou conseguir patrocínio através de leis de incentivo?

Não, ainda não; porém agora com 50 anos e trinta de carreira, dedico-me a um trabalho SOLO. Até então, fui coadjuvante de muitos bons trabalhos, certamente. Sinto-me agora, maduro para isso.
Obviamente, sobre a questão do patrocínio, me depararei com a necessidade de aprovar projetos e fará parte da minha vida profissional.

6) Você já se apresentou em Florianópolis. Teve algum problema? Você gostou do público?

Já me apresentei várias vezes com diversos artistas e nunca tive nenhum problema. Achei o público muito receptivo.

7) Como é o apoio das rádios pelo Brasil para a Banda Mantiqueira? Como a banda tem se mantido sem a venda esperada de Cd´s, em decorrência da pirataria? Você acha que as novas alternativas como a venda de música através da internet possa vir a ser uma válvula de escape?
Realmente a venda de CDs da Banda Mantiqueira não está atrelada ao apoio de qualquer rádio e também não temos nenhum planejamento de uma meta para a venda de CDs.

Penso que a gravadora/selo MARITACA, da flautista e compositora Léa Freire, deve ter esse controle e acredito que hoje, já há este modo de comercialização pela internet.

8) Nos últimos anos a mídia se rendeu às músicas meramente comerciais, ou seja, descartáveis! O espaço para a boa música está cada vez menor! Haverá um ressurgimento para a boa música?

A questão é “o que” é boa música para mim ou para você... Música descartável pode não ser para o grande público brasileiro, que é levado pela mídia a consumir esse tipo de música.
Para haver um ressurgimento da boa música, como você disse, é preciso haver uma mudança de “benefícios” para o povo brasileiro, como acesso à boa educação, saúde, cultura...
A boa música é uma bênção para alma e isso o Povo também merece.

9) Qual sua opinião quanto a nova legislação que está tramitando no congresso nacional, que consiste em extinguir com o órgão de classe Ordem dos Músicos e transformá-la somente em uma associação de direitos civis?

Não sei se seria bom ou ruim. Só sei que algo precisa ser mudado para podermos ter resultados que realmente beneficie a classe musical.
Seria muito bom se tivéssemos um Sindicato dos Músicos forte e atuante, que atendesse mais de perto todos os interesses e problemas dos músicos. Seria o ideal.

10) Você é um multi-instrumentista. Com o passar dos anos houve a necessidade de estudar outros instrumentos? Por que?

Não me considero exatamente um multi-instrumentista.
Simplesmente toco os Saxofones, Clarinete e Flautas, que pertencem, por assim dizer, à mesma família de instrumentos, ou têm o mesmo princípio. Considero multi-instrumentista Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti...
Fiz isso primeiro porque gosto desses três instrumentos e, naturalmente, o mercado profissional se abre para mim, ou seja, tenho mais ofertas de trabalho.

11) A banda Mantiqueira é conhecida em todo o Brasil! Há previsões para turnês este ano?

Não há previsão de Tournée, mas vamos fazer em Agosto um Show na Sala São Paulo com o Paquito D’Rivera.

12) Qual palavra ou frase poderia marcar a personalidade de Ubaldo Versolato?

A palavra seria: PERSEVERANÇA
Acho que o estudo, a técnica e o conhecimento estão sempre a serviço da emoção. Acho que um grande músico se sente pleno quando ele se emociona ao tocar e emociona quem o escuta tocar.

13) Há previsões da Banda Mantiqueira se apresentar em Florianópolis?

Não tenho notícias a respeito; mas tudo é possível, quem sabe?

14) Como as pessoas podem entrar em contato com a Banda Mantiqueira e conhecer melhor todos os seus integrantes?

Pelo site
www.bandamantiqueira.com.br
Deixe seu e-mail que será repassado para nós.

15) O que você pode dedicar neste momento aos freqüentadores do espaço.musicblog e a seus fãs?

Um vídeo no youtube que foi registrado recentemente, no dia 04/04/09, no Theatro São Pedro, na cidade de São Paulo. Fui solista da peça “YEARS OF SOLITUDE”, de Astor Piazzolla, com arranjo do maestro Edmundo Villani Cortez e Regência do Maestro Fábio Prado, para a Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo.
Estou nesta orquestra desde a sua fundação, em 1990 e, sinto muito orgulho de participar de um grupo orquestral como este. “YEARS OF SOLITUDE” foi gravada, originalmente, por Gerry Mulligan, no álbum “Summit” de 1976. Nele houve um dos encontros mais bonitos e inusitados de dois grandes músicos: o jazzista Gerry Mulligan e o bandoneonista argentino Astor Piazzolla.
Um grande abraço a todos, UBALDO VERSOLATO.

 

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Ubaldo Versolato
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5 Comentários

Comentários

  1. Armindão,

    Embora não tenha comentado em todos, acho de profunda importâcia essa série em que você homenageia esses músicos tão maravilhosos e de quem somos fãs! Lá no Música do Brasil tenho uma série que homenageia músicos no geral e com certeza usarei em futuras postagens seu blog como base de pesquisa! Muito obrigado por mais isto!

    Blog Música do Brasil
    www.everaldofarias.blogspot.com

    Um forte abraço a todos!

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  2. Olà Mindo!entao aqui temos o Ubaldo que é o mais novo na banda RC9?E pelo que vi com muito diferença, porque a seguir sao logo 15 anos, e como ele so se instalou a partir do Maracana é mesmo recente.Mas tambem se viu neste poste que nao lhe falta experiencia, por isso vamos desejar ao Ubaldo uma longa carreira na banda RC9 com muito sucesso.Abraços

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  3. Ó Manel!

    eheheheheheh

    Só agora é que reparei que tinhas uma foto nova com a Isabel.

    eheheheheh

    Estão os dois muito fixes!

    A Mãe Natal e o Pai Natal de tranças. É do baril!

    :)

    Abraços para ti e para a Isabel.

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  4. Olá Armindo
    Mais uma vez parabéns ,por esta homenagem aos músicos da banda de Roberto Carlos!
    Não conhecia o Ubaldo!
    Já conhecia os seus dotes musicais que não passam despercebidos a uma fã de Jazz como sou!
    Adorei a entrevista que ele deu! E subscrevo a frase dele:
    "A boa música é uma benção para a alma e isso povo também merece!"

    Abraços
    Miriam

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  5. Olá, Everaldo!

    Simpatizante que sou do teu blog "Música do Brasil" onde muito tenho aprendido, também acho que um blog tão importante como o teu deve dedicar algum espaço aos músicos da banda RC9.

    Para facilitar a consulta de todos os artigos aqui publicados, criei uma etiqueta intitulada "Banda RC9 - Os músics do Rei", ficando assim toda a matéria reunida.

    Grande abraço, pá!

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