Projeto Plástico Tech_Brincante transforma crianças indígenas em guardiões da natureza e da cultura

DO TEXTO: Esta ação inovadora de se propor a educação ambiental, focada nas necessidades de aprendizagens e nas realidades de uma sociedade cada vez mais...

Crianças indígenas do Projeto Plástico Tech_Brincante.


Envolvendo as crianças indígenas numa perspectiva de inclusão digital e ambiental



Processos de escrita criativa são trabalhados com a ajuda de recursos tecnológicos para a criação de áudios que compõem um lixeira interativa protetora da natureza


Pensar a educação ambiental em territórios indígenas, tendo as tecnologias e a escrita criativa como base é a premissa do Programa Plástico Tech_Brincante. Para isso, as crianças mergulham na criatividade e na consciência ambiental para criarem pequenos textos que compõem um acervo sonoro que é instalado em um lixeira interativa. Assim, quando as crianças vão jogar seus resíduos na lixeira ela ainda escuta palavras de ordem, carinho e atenção com a natureza!

Esta ação inovadora de se propor a educação ambiental, focada nas necessidades de aprendizagens e nas realidades de uma sociedade cada vez mais digital chamou a atenção de organismos nacionais, conquistando o Prêmio Desafio Saneamento do Futuro: Rios sem Plástico, da Agência Nacional das Águas (ANA).

O programa, desenvolvido pela ONG Casa da Árvore, introduz tecnologias interativas para estimular reflexões sobre sustentabilidade em escolas indígenas. A fase piloto foi desenvolvida na escola YVY Porã, no Território Indígena Pinhalzinho, em Tomazina (PR).

O programa conquistou as crianças indígenas com atividades brincantes que promovem o pensamento reflexivo das nossas ações principalmente sobre responsabilidades e cuidados com nossas águas. Com o uso placas interativas elas experimentaram brincar de fazer frutas cantarem para entenderem como a água conduz energia. Com aplicativos de IA criaram seus guardiões das águas e ainda criaram seus lemas e palavras de ordem, como por exemplo:

"Comeu
Sobrou
Compostou

A Tartaruga pensa que
lixo é fruta
come
e afoga"

Sob a orientação da coordenadora Leila Vilhena, as crianças puderam então aprender através de processos de aprendizagem baseados no uso das tecnologias para que esse conhecimento subsidiasse seus processos de escrita criativa, e posteriormente convertidos em áudio para integrar a lixeira interativa, um objeto educacional brincante para toda a escola aprender sobre os cuidados com nosso planeta.

Para o professor indígena  Ronaldo Alves da Silva que participou da realização do programa: "As crianças demonstraram um envolvimento excepcional e entusiasmo notáveis durante o programa. As metodologias empregadas foram extremamente relevantes, proporcionando insights valiosos para minhas futuras aulas. As ferramentas tecnológicas utilizadas foram excelentes, especialmente porque temos limitado acesso a essas tecnologias. Os resultados obtidos demonstram o impacto significativo que essa abordagem teve nos alunos, incentivando-me a explorar ainda mais esses temas para mostrar-lhes que podem ser verdadeiros protetores do meio ambiente, assim como os avatares que criaram durante as atividades".  

Para a coordenadora pedagógica, também indigena, Laíres Lourenço: “O que ficou bem claro é que a questão de oferecer práticas pedagógicas que cativem os alunos, com certeza é o melhor caminho para a aquisição e construção do conhecimento de todos, mas sem dúvidas, as ferramentas tecnológicas apresentadas e praticadas com os alunos e de maneira tão simples foi o diferencial marcante do projeto da qual estou muito empolgada e pretendo aprofundar para que possamos enquanto escola indígena ser um espaço acolhedor e prazeroso para nossas crianças e jovens.”

O programa Plastico Tech_brincante oferece um conjunto de recursos, incluindo o caderno de atividades, com todas as atividades e conteúdos de apoio para a realização e uso das tecnologias sugeridas, uma caixa com todos os recursos tecnológico necessários para a práticas e ainda, como tablets, placas interativas, lupas e gravadores, e o kit para a montagem da lixeira seletiva. Segundo Leila Vilhena, "o objetivo é transcender a sala de aula, estimulando uma relação consciente com o meio ambiente e promovendo a escalabilidade do programa para diversas comunidades" 

O Plástico Tech_Brincante não é apenas uma iniciativa educacional, mas um desejo de transformação, envolvendo as crianças indígenas numa perspectiva de inclusão digital e ambiental que abram caminho para um futuro mais reflexivo, sustentável e inclusivo.

Este programa é uma proposta criativa e  contemporânea, que pode contribuir para que as escolas pensem e repensem as formas de ensino aprendizagem em relação ao meio ambiente. “É bastante difícil as crianças criarem uma relação de cuidado com a natureza se ela não a entende como um lugar de brincadeira, de criação de afetos e vínculos capazes de despertar o desejo do cuidar.”, finaliza a coordenadora Leila Vilhena. 

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