Paixão que vem do berço

DO TEXTO:
FOTOS: Jack Zalcman
 O PRODUTOR musical repara até nos pequenos detalhes 
dos discos lançados pelo cantor e coleciona


ALÉM DE se informar através da internet, o fã ainda acompanha a carreira do cantor através de sua assessoria e de músicos que trabalham em sua banda


Admirador do cantor Roberto Carlos desde a infância, o produtor musical Marlos Chambela já se emocionava com as canções do Rei ainda no colo da mãe.

por ALEKS ANDRADE Aleks@drd.com.br

A seção “Sou fã de...” de hoje traz um artista consagrado no meio musical brasileiro e mundial, e não é à toa que ele é considerado o Rei da Música Popular Brasileira (MPB). Roberto Carlos tem admiradores por várias partes do país e do mundo, e em Governador Valadares reside um deles. O produtor musical Marlos Chambela não só aprecia o trabalho do artista como também é influenciado pelo ídolo quando se trata de exercer sua profissão.

O produtor musical conta que tem o hábito de ouvir quase diariamente músicas aleatórias de Roberto Carlos ou algum disco do cantor. “Sempre ouço suas canções e também acompanho suas apresentações na TV. Não sou de ir a shows, fui apenas a dois shows de Roberto em toda a minha vida: um no ano de 2001 e outro em 2006. Mas de qualquer forma tenho o costume de acompanhar sua carreira. Uma busca por ‘Roberto Carlos’ no Google é praticamente algo automático para mim. Me informo também acompanhando as atualizações de sua assessoria nos canais oficiais de divulgação do cantor.”

De acordo com Chambela, a admiração pelo trabalho de Roberto Carlos vem desde quando ele era criança. “Desde que nasci sou apaixonado pelo trabalho de Roberto Carlos. Há relatos de familiares sobre momentos em que, quando eu ainda era bebê, as pessoas percebiam minha reação quando colocavam um disco dele para tocar. Eu mesmo me lembro de momentos relacionados ao Roberto, numa época em que eu era bem pequeno, como por exemplo, o dia do lançamento de seu LP de 1981, quando eu tinha apenas 4 anos. Acordei com as músicas tocando no rádio, e na época as rádios tocavam o disco inteiro no dia de seu lançamento. Procurei minha mãe e fui informado que ela havia saído e que iria trazer o disco novo. Nesse dia ela voltou com o LP e o colocou pra tocar, enquanto eu ouvia as canções diante do toca-discos olhando o LP rodar.”, relembra.

Além da admiração pelas músicas, o produtor musical também coleciona objetos artísticos relacionados ao cantor. "Coleciono discos, CDs e DVDs do Roberto. Apesar de não ter a coleção completa [faltando pouquíssimos exemplares dos discos mais antigos], tenho algumas cópias repetidas de determinados discos, devido a pequenas diferenças de conteúdo. Detalhes que quase ninguém repara, eu observo e acabo comprando só pra colecionar, como, por exemplo, um disco de 1989 que em algumas edições veio com as músicas numa sequência, e em outra edição saiu com elas em outra ordem; ou um CD de 1999 que foi lançado com uma foto na contra-capa e nas edições seguintes teve a foto trocada", explica.

Para Chambela, seu disco preferido do Rei é o de 1981, que tem músicas como "Emoções", "As Baleias" e "Cama e Mesa". "Gosto do disco não por questões afetivas e de lembranças, mas pela produção impecável, tanto pelos arranjos musicais como também por aspectos técnicos. Gosto também de uma música gravada em 1992, chamada "Você, Como Vai?", que me prende por causa do arranjo e pela interpretação forte do cantor. Talvez essa canção seja a minha favorita entre todas as outras. A música "Mais Uma Vez" [composição de Carlos Colla, gravada em 1978] tem, talvez, uma das melhores letras que conheço. Também gosto muito de "Eu Preciso de Você", de 1981, "Sua Estupidez", de 1969, e "Do Fundo Do Meu Coração", de 1986", conta.

Apesar de não conhecer Roberto Carlos pessoalmente, Chambela mantém contato com alguns músicos que trabalham com o artista e acredita que as músicas do Rei têm influência em sua carreira como produtor musical. "Conheço algumas pessoas que trabalham diretamente com ele, como técnicos e músicos, e mantenho uma amizade mais informal com o maestro Eduardo Lages. Em grande parte o trabalho do Roberto influencia o meu. Apesar de, como produtor musical, eu ter que ser eclético quanto a estilo, eu admiro no Roberto uma qualidade que até é muito criticada por alguns músicos: a limpeza de elementos musicais. Não existe muita coisa poluindo a sonoridade nos discos dele, deixando o foco direcionado mesmo em sua interpretação. É um conceito onde o que tem que se destacar é a música, e não a habilidade do músico instrumentista", opina.

Para quem ainda não conhece o trabalho de Roberto Carlos ou queira se aprofundar na carreira artística do cantor, Chambela faz algumas recomendações. "A carreira de Roberto tem diversas fases: o rock ingênuo da Jovem Guarda; a fase em que ele foi um dos precursores do soul no Brasil, e pouca gente sabe disso, mas ele foi o primeiro a gravar uma composição de Tim Maia e, quando esse despontou para o sucesso, Roberto já havia gravado pelo menos dois discos influenciados pela soul music. Tem o Roberto mais romântico; tem o de músicas de temas mais sensuais; o de temas religiosos, entre outros. Depende do estilo musical de quem deseja pesquisar. Sempre vai haver, nem que seja apenas uma música do Roberto, que se encaixe no estilo de alguém", afirma.

In Diário do Rio Doce
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