Estudo contesta orientação de restringir consumo de proteínas para pacientes com doença renal

DO TEXTO: A recuperação da função renal devido ao sucesso do transplante renal é capaz de corrigir ou melhorar muitas dessas anormalidades fisiológicas e metabó

Ilustração de um rim.


É realmente saudável restringir a ingestão de proteínas para receptores de transplante renal?


Estudo recente sugere que ingestão de proteína suficiente é necessária para prevenir sarcopenia após transplante renal

São Paulo – Fevereiro 2023 - Acredita-se comumente que pacientes com doença renal crônica devem limitar sua ingestão de proteínas, uma vez que o excesso de proteína piora a função renal. No entanto, um novo estudo indica que as alterações na massa muscular esquelética estão positivamente correlacionadas com a ingestão de proteínas, sugerindo a necessidade de ingestão adequada de proteínas para melhorar a massa muscular após o transplante renal. “Sabemos que os pacientes com doença renal crônica têm sarcopenia induzida devido à inflamação crônica, hipercatabolismo, diminuição da ingestão de nutrientes e diminuição da atividade física associada à função renal prejudicada. A recuperação da função renal devido ao sucesso do transplante renal é capaz de corrigir ou melhorar muitas dessas anormalidades fisiológicas e metabólicas. Como resultado, os receptores de transplante renal aumentam a massa muscular esquelética após o transplante renal. Uma vez que a ingestão excessiva de proteínas piora a função renal, acredita-se comumente que pacientes com doença renal crônica, incluindo receptores de transplante renal, devem limitar a ingestão de proteínas para proteger seus rins. Por outro lado, tem sido sugerido que a restrição proteica severa pode piorar a sarcopenia e afetar adversamente o prognóstico“, argumenta a Dra. Caroline Reigada*, médica nefrologista, especialista em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. As descobertas foram publicadas no periódico Clinical Nutrition.

Como a nutrição e a terapia de exercícios são recomendadas para melhorar a sarcopenia, suspeita-se que a ingestão de proteínas esteja relacionada à recuperação da massa muscular esquelética após o transplante renal. No entanto, poucos estudos examinaram a relação entre a massa muscular esquelética e a ingestão de proteínas em receptores de transplante renal. Respondendo a essa lacuna, o grupo de pesquisa da Escola de Medicina da Universidade Metropolitana de Osaka investigou a relação entre as mudanças na massa muscular esquelética - medida por análise de bioimpedância elétrica - e ingestão de proteínas, que foi estimada a partir da urina coletada de 64 receptores de transplante renal 12 meses após o transplante renal. “Os resultados mostraram que as mudanças na massa muscular esquelética durante este período foram positivamente correlacionadas com a ingestão de proteínas, e que a ingestão insuficiente de proteínas resultou em diminuição da massa muscular”, afirma a médica nefrologista.

Por isso, para melhorar a expectativa de vida dos receptores de transplante renal, mais pesquisas são necessárias para esclarecer a ingestão ideal de proteínas para prevenir a deterioração da função renal ou a sarcopenia. “Esperamos que a orientação nutricional, incluindo a ingestão de proteínas, levará a uma melhor expectativa de vida e prognóstico. O mais importante é seguir a orientação do médico e não restringir completamente o consumo de proteínas", finaliza a médica.

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*DRA. CAROLINE REIGADA: Médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A médica é especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, a Dra. Caroline Reigada participa periodicamente de cursos e congressos, além de ter publicado uma série de trabalhos científicos premiados. Participou do curso “The Brigham Renal Board Review Course” em Harvard. Atualmente é médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro

 


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