Sesc São Paulo apresenta a exposição Margens de 22: presenças populares

DO TEXTO: Exposição entra em cartaz no Sesc Carmo, dentro do programa "Diversos 22"
Uma das obras em exposição na "Margens 22"

Com foco em experiências artísticas que não foram visibilizadas pela Semana de Arte Moderna, exposição entra em cartaz no Sesc Carmo, dentro do programa "Diversos 22"

Dando continuidade ao programa “Diversos 22” do Sesc São Paulo, Margens de 22: presenças populares estará aberta à visitação entre os dias 28 de outubro de 2022 e 24 de fevereiro de 2023, no Sesc Carmo. A exposição integra a série de ações da instituição que levantam questões e reavivam o debate acerca do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário da Independência do Brasil.  O conjunto de obras apresentadas nessa mostra lança luz à experiência de artistas e movimentos que ocorreram em paralelo à Semana de Arte Moderna, mas que não obtiveram a mesma visibilidade daqueles que estiveram no Theatro Municipal. Desse modo, convida a olhar para outros atores sociais e narrativas que são tradicionalmente negligenciadas pelo discurso histórico hegemônico. Enquanto uma elite ocupava o palco, outros sujeitos se expressavam nas ruas.  

Com curadoria de Joice Berth, Alexandre Araujo Bispo e Tadeu Kaçula, Margens de 22 se propõe a explorar o conceito de “modernidade” a partir de múltiplos cenários da vida urbana da capital. Desse modo, a mostra indaga quais e quem foram os agitadores de relevância para a composição cultural da metrópole, passando por temas como a cultura infantil, a maternidade negra, a fé e os festejos e a classe trabalhadora, que tanto contribuiu para a construção da identidade paulistana.  

“Apesar de moderna, a Semana de 22 não exibiu peças de teatro, obras fotográficas e cinematográficas, e não abarcou a música popular – linguagens artísticas que ficaram às margens do evento. Mais que isso, hoje podemos afirmar que ali estava representada apenas uma parte do ambiente urbano e cultural que culminou naquilo que conhecemos como modernidade. Do lado de fora do Municipal, mulheres, homens, crianças, trabalhadores urbanos, famílias, cordões carnavalescos e irmandades ocupavam-se, naquele momento, de viver de modo digno numa cidade em plena transformação. O evento refletia, de certa forma, o ambiente de desigualdades e segregação que se seguiu à abolição da escravatura em São Paulo”, afirmam os curadores em texto de apresentação da mostra.  

A relação da diáspora africana com a constituição da cidade grande é evidenciada nessa proposta, que se organiza em nove núcleos. O núcleo “Arte contemporânea” abarca as reverberações do modernismo em artistas da atualidade; “Culturas infantis” explicita a experiência desafiadora da infância na cidade grande; “Mulheres observadas” traz representações de mulheres ocupando funções diversas na metrópole; “Mãe preta” destaca a importância da mulher negra na história paulistana.  

Há ainda os núcleos “Imprensa negra na rua”, que mostra a força de mobilização da imprensa negra na luta por mudanças sociais; “Lugares”, uma abordagem das transformações urbanas e das dificuldades implicadas no desenvolvimento; “Trabalhadores na cidade”, que contextualiza os trabalhadores das ruas de São Paulo no seu processo de construção; “Pretos e a música”, sobre a contribuição da população negra para a música brasileira; e “Fé e festejos”, um núcleo que celebra as festas da tradição afro brasileira.  

Esse panorama temático é exposto a partir de obra diversas, desde pinturas e esculturas até reproduções de fantasias carnavalescas. De um lado, mergulha em acervos desconhecidos, como é o caso dos documentos e registros da imprensa negra. De outro, conta com obras de artistas como Renata Felinto, Agnaldo Manoel dos Santos, Vincenzo Pastore, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Anita Malfatti. Assim, promove uma fricção não só entre a produção contemporânea e a moderna, mas também entre o anonimato e a consagração. 

Durante seu período expositivo, o Sesc Carmo oferece a experiência de visitação guiada, com duração média de 2h, assim como atividades educativas que reforçam o compromisso da unidade com a formação do público.  

Sobre os curadores:  

Alexandre Araujo Bispo  
Antropólogo, crítico de arte, curador e educador independente. Pesquisa práticas de memória com foco em fotografia amadora, fotografia de família, cultura visual e arquivos pessoais; artes visuais com ênfase em poéticas afro-brasileiras e imaginários urbanos. Membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte; pesquisador do coletivo ASA – Artes, Saberes, Antropologia; membro do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UFSB.  

Joice Berth  
Arquiteta e urbanista, psicanalista em formação, escritora, assessora política e colunista, cocuradora da exposição Casa Carioca do Museu de Arte do Rio, jurada do Prêmio de Arquitetura do Instituto Ruy Ohtake/Akzonobel/IAB e do Prêmio Marie Claire/Avon para práticas contra a violência doméstica.  

Tadeu Kaçula  
Sambista, sociólogo, pesquisador e escritor. Mestre e doutorando em mudança social e participação política pela Universidade de São Paulo, especialista em cultura afro diaspórica e patrimônio artístico-cultural afro paulistano. 

Sobre o projeto Diversos 22 
“Diversos 22 - Projetos, Memórias, Conexões” é uma ação em rede do Sesc São Paulo, em celebração ao Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 e ao Bicentenário da Independência do Brasil em 1822, com atividades artísticas e socioeducativas, programações virtuais e presenciais em unidades na capital, interior e litoral do estado de São Paulo, com o objetivo de marcar um arco temporal que evoca celebrações e reflexões de naturezas diferentes, mas integradas e em diálogo, acerca dos projetos, memórias e conexões relativos à efeméride, no sentido de discuti-los, aprofundá-los e ressignificá-los, em face dos desafios apresentados no tempo presente. A programação teve início em setembro de 2021, com a realização do Seminário “Diversos 22: Levantes Modernistas”, e encerra-se em dezembro de 2022. Mais informações, acesse

Sobre o Sesc São Paulo 
Com 76 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 45 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações, clique aqui

SERVIÇO:
Margens de 22: presenças populares 
Local: Sesc Carmo  
Abertura: 27 de outubro, às 18h*  
Período expositivo: 28 de outubro de 2022 a 24 de fevereiro de 2023  
Horário de visitação: Segunda a sexta, das 10h às 19h – exceto feriados 
Acessibilidade: obras táteis, videoguia e audioguia** 
Não tem estacionamento | Entrada gratuita  
Classificação indicativa: Livre 
* No dia da abertura, haverá serviço de van disponível até o metrô a partir das 20h 
** É necessário levar seu próprio fone de ouvido. 

Agendamento para grupos: segundas e terças-feiras: às 10h e às 16h com duração de 2hrs (com até 40 pessoas) | quinta-feira: às 10h (com 2 h de duração, até 20 pessoas) | sexta-feira: às 16h (com 2h de visitação, até 20 pessoas)  

Para agendar escrever um e-mail para agendamento.carmo@sescsp.org.br 

Visitas mediadas para grupos espontâneos: Terças, quintas e sextas-feiras: das 12h30 às 13h30   


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