Aneurisma cerebral: por que as pessoas ainda morrem por essa doença?

DO TEXTO: Todas as pessoas deveriam passar, em suas rotinas médicas, por uma angiorressonância magnética ou uma angiotomografia

Cerca de 1% da população brasileira sofre de aneurismas cerebrais - dilatações das artérias cerebrais que formam espécies de bolhas que, quando rompidas, causam o Acidente Vascular Cerebral hemorrágico (AVCh)



Doença leva ao AVCh

                     
A falta de conhecimento da população sobre a existência de protocolo de prevenção da existência de aneurismas cerebrais, que podem ser embolizados para não se romperem, fazem com que a doença não seja detectada a tempo de gerar grandes danos aos pacientes, que podem sofrer um AVCh (Acidente Vascular Cerebral hemorrágico)

São Paulo, 1 de agosto de 2022 – Cerca de 1% da população brasileira sofre de aneurismas cerebrais - dilatações das artérias cerebrais que formam espécies de bolhas que, quando rompidas, causam o Acidente Vascular Cerebral hemorrágico (AVCh), uma condição que pode levar à morte. Porém, se o aneurisma é detectado previamente, antes do rompimento, ele pode ser tratado - e o paciente leva vida normal. "O problema é que o diagnóstico não é realizado em massa", diz o Neurorradiologista Intervencionista Renato Tosello, médico especializado no tratamento de aneurismas cerebrais.

Segundo ele, todas as pessoas deveriam passar, em suas rotinas médicas, por uma angiorressonância magnética ou uma angiotomografia, exames relativamente simples (cobertos pelo plano de saúde e disponíveis pelo SUS) e que detectam a presença de aneurismas. “O neurologista costuma solicitar o exame a quem faz parte do grupo de risco mas, cada vez mais, percebemos que todas as pessoas deveriam passar pelo check-up neurológico”, informa o Neurorradiologista Intervencionista Renato Tosello, médico especializado no tratamento endovascular de aneurismas cerebrais.

Segundo o Dr. Tosello, fazem parte do grupo de risco para aneurisma cerebral as pessoas que têm histórico de AVC na família (ou de aneurisma), fumantes, hipertensos, obesos, diabéticos e mulheres na menopausa. As mulheres, aliás, apresentam a doença em maior número que os homens. “A proporção é de 3:1, especialmente na faixa dos 40 anos em diante”, alerta o médico.

Diagnóstico, tratamento, prevenção

Acaba de ser publicado pelo Journal of Neurointervencional Surgery, um dos veículos médicos mais importantes do mundo, um estudo científico realizado por pesquisadores brasileiros a respeito da eficácia do tratamento endovascular para aneurisma cerebral.

Segundo o artigo científico, após seis meses de embolização, 70,1% dos 127 pacientes embolizados, com 177 aneurismas intracranianos tratados, tiveram a oclusão total dos aneurismas (fechamento total) e 87,3% tiveram oclusão favorável (quando existe enchimento de até 5% do aneurisma, quase uma oclusão).

Após 12 meses do procedimento, o resultado foi de 83,3% de oclusão total e 97,7% de oclusão favorável. Outra boa notícia é que, em relação às questões de segurança, 97,6% dos pacientes não apresentaram efeitos adversos graves durante período de acompanhamento de 12 meses e não houve mortalidade relacionada ao procedimento.

Para o Dr. Renato Tosello, diretor-médico da Clínica Tosello e um dos autores do estudo, o Brasil firma-se como um importante centro de tratamento endovascular de aneurismas cerebrais a partir de constatações como as apresentadas nesta publicação. “Sabemos que, atualmente, o tratamento endovascular, também conhecido como embolização, é padrão-ouro para aneurismas cerebrais porque é o método menos invasivo e que permite a melhor e mais rápida recuperação do paciente. Sem a necessidade de abertura do crânio, essa cirurgia se dá com baixíssimos índices de complicações e óbitos, bem como grandes chances de cura em curto e médio prazos”, diz o médico.

O estudo foi realizado de dezembro de 2016 a setembro de 2019 e envolveu 127 pacientes com 177 aneurismas intracranianos, tratados em três centros diferentes.

Para ter acesso ao estudo, clique aqui:https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35705359/ 

O aneurisma cerebral é uma “dilatação” que se desenvolve em um local de fragilidade da parede de um vaso sanguíneo (artéria ou veia) que irriga o cérebro. Frequentemente, se forma na bifurcação das artérias intracranianas. Por causa da dilatação, a parede do vaso fica mais enfraquecida e afilada à medida que aumenta de tamanho, como se fosse a borracha de uma bexiga que vai ficando mais fina e frágil enquanto se enche de ar até romper. Ao se romper e sangrar, o aneurisma causa um AVC hemorrágico sendo o do tipo subaracnóide, o mais comum.

O aneurisma normalmente não causa sintomas enquanto está pequeno, não comprime tecido cerebral ou nervos adjacentes e mantém sua parede íntegra (ou seja, quando não há ruptura).

Dependendo da localização e do tamanho do aneurisma, ele pode pressionar o tecido cerebral e os nervos ao seu redor, podendo gerar alguns sintomas como dor de cabeça; dor acima e atrás de um olho; dilatação da pupila de um olho; mudança na visão ou visão dupla e dormência de um lado do rosto e do corpo.

Se a pessoa não procura assistência médica, mas o aneurisma cresce e um dia se rompe e sangra, os sintomas podem variar conforme a seriedade do quadro.

Das pessoas que sofrem de aneurisma roto cerca de 40 – 50% morrem e ao redor de 20 – 25% ficam com algum déficit neurológico moderado ou grave.

Por que o diagnóstico ainda é pequeno

Os diagnósticos precoces do aneurisma cerebral são poucos porque, justamente, não existe uma recomendação médica para um check-up neurológico preventivo – um erro que pode custar uma vida. “A cada dia, percebemos que é necessário fazer uma correlação entre doenças e as cardiológicas estão diretamente ligadas às cerebrais. Por isso, é importante realizar um checkup cardiológico e um neurológico anualmente”, aconselha o Dr. Tosello.

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Sobre a Clínica Tosello
A Clínica Tosello reúne um corpo clínico especializado em Neurorradiologia Intervencionista, Neurologia, Cardiologia e Reumatologia.
Conta com a experiência e o profissionalismo dos doutores Renato Tosello (Neurorradiologista Intervencionista), Priscilla Gianotto Tosello (Cardiologista), Viviane Moroni Felici (Neurologista) e Carolina Almeida P. Silva (Reumatologista), que trabalham de forma multidisciplinar no atendimento aos pacientes.

 


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