Saiba como cuidar da pele no período menstrual, que pode piorar hidratação, oleosidade e inflamação

DO TEXTO: Mais oleosa em um momento, mais seca em outro. Por que acontecem essas flutuações durante o período menstrual? Consultamos uma dermatologista e uma ginecologista para explicarem o tema

                                                                        Imagem de Alexandr Ivanov - Pixabay

Mais oleosa em um momento, mais seca em outro. Por que acontecem essas flutuações durante o período menstrual? Consultamos uma dermatologista e uma ginecologista para explicarem o tema

São Paulo – 25/06/2020 - O ciclo menstrual varia entre as mulheres, visto que é determinado por diversos fatores: genética, estresse, uso de medicamentos, alteração hormonal, doenças endócrinas, sono não reparador, constituição física (índice de massa corpórea baixo ou alto demais), por isso as mulheres menstruam em períodos diferentes. “O período normal é de 21 a 35 dias entre os ciclos. Porém, consideraremos a segunda fase do ciclo menstrual como fixa, ou seja, após ovularmos haverá uma queda progressiva de estrogênios bem como de FSH (hormônio folículo-estimulante) e aumento de progestagênicos, o que culminará em fluxo sanguíneo após 14 dias da ovulação. Mas podemos ter a primeira fase do ciclo mais longa”, afirma a médica ginecologista Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “E a pele muda conforme o período menstrual, pois existem flutuações hormonais com maior quantidade de estrogênio no meio do ciclo ovulatório e este hormônio é muito importante para o viço, brilho e turgor da pele”, acrescenta a médica.

Você pode perceber diferenças no surgimento de espinhas, hidratação da pele, elasticidade e capacidade de cicatrização em diferentes períodos do ciclo. “Além disso, sabemos que no período pré-menstrual há aumento dos hormônios andrógenos que estimulam a produção das glândulas sebáceas. Com isso, há o aumento da oleosidade da pele com possibilidade de formação de cravos e espinhas. Nessa fase também ocorre a queda da serotonina, ou “hormônio da felicidade e bem-estar”, que leva ao aumento na vontade de comer doces. Os alimentos de alto índice glicêmico (doces) aumentam a inflamação e oleosidade da pele”, afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Durante a menstruação, os níveis de estrogênio e progesterona estão baixos e por isso a pele tende a ficar menos oleosa. “O estrogênio está associado ao aumento da produção de colágeno, a espessura e hidratação da pele, cicatrização de ferimentos e também melhora a função de barreira da pele. Um estudo descobriu que 2 entre 5 mulheres notaram a pele mais sensível por volta da menstruação, o que pesquisadores suspeitam se deve aos níveis mais baixos de estrogênio durante essa fase”, diz a Dra. Ana. “A fase folicular é o período entre o primeiro dia da menstruação e a ovulação. O estrogênio começa a aumentar. A pele nessa fase tende a estar ‘normal’ ou seca. Se a pele ficar seca, devemos hidratá-la”, afirma a dermatologista. Ocorre então a ovulação e o estrogênio tem um pico, o que pode levar ao inchaço do rosto. “Massagens faciais com chá gelado de camomila ajudam a ativar a circulação e melhorar o edema”, diz a Dra. Paola. Após a ovulação, vem a fase lútea, a fase pré-menstrual, na qual há aumento da progesterona porque o corpo se prepara para uma possível gravidez. “Nessa fase há o aumento da oleosidade devido ao aumento dos hormônios estrogênio e progesterona.”

Mas é necessário sempre fazer acompanhamento médico, já que segundo a Dra. Ana, mulheres com ciclos que têm maiores níveis de androgênios, como pessoas com síndrome do ovário policístico (SOP), estão mais dispostas a ter acne, assim como excesso de pelos e queda de cabelo de padrão feminino.

Com base em todas essas mudanças, faz sentido mudar a rotina skincare de acordo com a fase do ciclo menstrual? “Sim, podemos alterar alguns itens da rotina de skincare de acordo com as mudanças na pele de cada paciente. Algumas sofrem grandes alterações durante o ciclo menstrual, enquanto outras não apresentam nenhum sintoma (nem físico nem emocional). Cada organismo é único. Por esse motivo, é difícil generalizar quais mudanças devem ser incorporadas na rotina skincare. Mas seriam por exemplo o uso de um sabonete específico para pele oleosa, introdução de um adstringente nesse período ou até mesmo um retinóide à noite para controle da acne. Sempre acompanhado de alta ingestão de água, alimentação saudável e exercício físico”, afirma a Dra. Paola Pomerantzeff.

Segundo a dermatologista, na fase folicular é importante manter a rotina normal ou aumentar a hidratação nos casos necessários. “Já na fase pré-menstrual podemos focar em produtos que colaborem com o controle da oleosidade. Nas outras fases do ciclo podemos manter a rotina habitual. Lembrando que varia muito de mulher para mulher. Algumas sortudas podem manter a mesma rotina durante todo mês”, diz a Dra. Paola.

No caso de pacientes menopausadas, que sofrem da deficiência estrogênica, é perceptível um envelhecimento mais acentuado da pele, por isso a consulta com um dermatologista é fundamental para adequar a melhor rotina de tratamento.

FONTES:
*DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA - Ginecologista, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), especialista em Ginecologia Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e graduada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Especialista em Medicina do Tráfego pela Abramet, a médica realiza consultas ginecológicas, obstétricas e cirurgias, atuando na prevenção e tratamento de doenças gineco-obstétricas com foco em gestação de alto risco.
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF - Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/

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