Livro reúne artistas e intelectuais que trazem Nova Luz e revelam Novos Significados para o célebre disco dos Novos Baianos

DO TEXTO:

Quarenta e cinco anos depois de “Acabou Chorare” - o disco, surge Acabou Chorare - o livro.

                   
Alba Bittencourt
Portal Splish Splash

Idealizado pela pesquisadora Ana de Oliveira, o lançamento da editora Iyá Omin reúne uma série de textos e projetos visuais que reinterpretam, recriam ou se inspiram nas composições do clássico LP dos Novos Baianos para revelar riquezas ainda escondidas e jogar novas luzes sobre a obra que assumiu importância fundamental na história da música e da própria cultura brasileira das últimas décadas.

O livro traz textos de Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Xico Sá, Evando Nascimento, Carlos Rennó, Hermano Vianna, Beatriz Azevedo, André Masseno e Fred Góes, enquanto Vik Muniz, Tulipa Ruiz, Opavivará!, Joana César, Alemão, Odyr, Domenico Lancellotti, André Vallias, Bel Borba e Gen Duarte colaboram com as artes visuais que comentam as dez canções da obra original.

Na época de seu lançamento, “Acabou Chorare” surpreendeu ao juntar guitarras a cavaquinhos, adotando uma abordagem roqueira para o samba, o baião, o chorinho. Mas talvez ainda mais surpreendente tenha sido o sucesso popular daquela ousada alegria em tempos de dura ditadura, quando a juventude se dividia entre politizados e alienados. E quando a conciliação entre o engajamento e o desbunde parecia impossível.      
  
“Acabou Chorare é uma obra colossal, produzida com inventividade e desembaraço em meio às conturbações do ano de 1972 e fruto de uma inusitada experiência coletiva”, ressalta Ana de Oliveira. “O disco apresenta um repertório precioso de músicas que não demorariam a se transformar em clássicos da MPB e agora se tornam objeto de inspiração para os artistas, compositores e intelectuais que, pela lei natural dos encontros, juntam-se neste livro, convidados a escreverem e a criarem trabalhos visuais a partir do impulso seminal dessas canções.”, afirma ela.

A pesquisadora convidou artistas, escritores, compositores e intelectuais de diferentes vertentes para compor a obra, que inclui poema, crônica, prosa poética, análise comparativa, conto, pintura, desenho, grafite, colagem e arte digital. Essa pluralidade um tanto caótica acaba por representar a insólita experiência coletiva dos Novos Baianos e a época do lançamento do disco.

“Nesse contexto de contradições, impasses e pirações, os Novos Baianos formavam uma das mais belas e autênticas simbioses da música com a vida”, continua Ana. “De pós-tropicalistas, cabeludos e desbundados, eles passaram a artistas de grande luminosidade na constelação musical da época, com uma proposta modernizadora em termos sonoros, artísticos, poéticos e comportamentais. Numa conjuntura repressora como a do Brasil naquele momento, tornaram-se símbolo, mais do que de resistência, de afirmação da própria existência.”

O projeto gráfico de Acabou Chorare tem a assinatura de André Vallias e é inspirado nas publicações alternativas das décadas de 1970 e 1980. “Há nele um quê de almanaque udigrudi, confluindo para a cultura digital dos anos seguintes e a recente valorização dos processos artesanais”, comenta o artista.

Ana de Oliveira é co-autora, com Gilberto Gil, de “Disposições Amoráveis”, livro lançado em 2015 onde o compositor baiano discute ideias, analisa temas diversos, revê sua obra e revisita memórias amorosas. Mas Acabou Chorare retoma e amplia o conceito do projeto editorial anterior da pesquisadora: o livro “Tropicália ou Panis et Circensis”, lançado em 2010 e que traz textos de diversos artistas e intelectuais sobre aquele álbum, também seminal.

Acabou Chorare, o livro, foi concretizado com patrocínio do Ministério da Cultura e Ashland. Seu lançamento acontecerá no dia 13 de junho.

SERVIÇO:
“Acabou Chorare”, de Ana de Oliveira
Editora: Iyá Omin
Formato: 31x31
Páginas: 204
Preço sugerido: R$ 99,00


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