Maestro de Roberto Carlos, Eduardo Lages estreia musical com seu nome e lembra histórias com o Rei

DO TEXTO:

Eduardo Lages celebra 50 anos de carreira com musical

Naiara Andrade

Respeita o moço! Patente alta, o dono do bigode grosso está completando nada menos que 50 anos de carreira. “Eduardo Lages & orquestra — O Maestro do Rei”, musical com única apresentação nessa sexta-feira, às 22h, no Vivo Rio, chega à cidade que o fiel companheiro de Roberto Carlos escolheu para viver há 40 anos depois de estrear em São Paulo, no último dia 8 de março.
— Para mim é a apresentação mais importante (o musical também visita Curitiba, em 22 de maio, e Belo Horizonte, em 4 de julho). No início do espetáculo, faço uma homenagem ao Rio, que considero o meu lugar, embora eu tenha nascido em Niterói — conta Eduardo Lages, de 68 anos.

Lages à frente dos músicos de sua orquestra: “Tive a sorte de reunir 20 pessoas com o mesmo espírito que o meu: tocar o que o povo quer ouvir sem pretensões de ser o melhor”

— Eu largo a batuta e vou dançar um twist com o elenco. Isso é inusitado! Não temos compromisso com performance, fazemos como se estivéssemos em casa, felizes. E eu também converso muito no show, brinco, falo bobagem... O povo vai, enfim, ouvir a minha voz — adianta ele, que prefere renegar o título de protagonista: — Não sou um performer no piano, só toco por prazer, não estudo mais. E o que é um maestro sem sua orquestra? Tive a sorte de reunir 20 pessoas com o mesmo espírito que o meu: tocar o que o povo quer ouvir sem pretensões de ser o melhor.


Em cena, Lages conversa e faz brincadeiras com o público

“Eduardo Lages & orquestra — O Maestro do Rei”, com concepção e direção de Ulysses Cruz, é dividido em três blocos e conta, além dos músicos, com uma trupe de atores performáticos, entre eles o trio vocal Cluster Sisters, sucesso na edição passada do “SuperStar”. Em cena, a história fictícia de uma rádio é contada através de muitas canções, nacionais e internacionais, como “É o amor”, “Maria, Maria”, “Eleanor Rigby” e “Happy”. Além de pérolas do repertório de Roberto Carlos, é claro, músicas infantis compõem o setlist:
— Compus músicas instrumentais para homenagear meus netos, no Dia das Crianças do ano passado. Sou apaixonado por crianças! Acho que, se eu não fosse maestro do Rei, teria uma carreira totalmente dedicada a elas.

Ivete Sangalo participa do espetáculo no telão, como uma ouvinte nordestina

A programação da “Rádio no ar” também inclui noticiários, jingles e a participação de ouvintes. No telão, Ivete Sangalo interpreta uma animada espectadora nordestina.
— Está complicado conciliar as agendas, mas pode ser que ela apareça pessoalmente — adianta Lages, que também aguarda ser prestigiado pelo amigo mais famoso, desta vez na plateia: — Espero que o Roberto esteja presente, tomara!
Serão muitas emoções...

A parceria de Lages com Roberto Carlos já dura 37 anos: “Tenho orgulho de ser chamado de ‘O Maestro do Rei’”, diz 

Fiel escudeiro de identidade oculta

Eduardo Lages conta que sua identidade tem sido oculta desde 1977, quando se deu início a aplaudida parceria.
— Sou parado nas ruas com beijos, abraços e pedidos de fotos. Depois me perguntam: “Como é mesmo o seu nome?”. Estou acostumado e tenho orgulho de ser chamado de “O Maestro do Rei” durante todos esses anos — garante ele: 
— Nunca fui exibido. Passei a ficar por causa desse projeto especial. Tenho que me arrumar e me maquiar, saber o melhor ângulo para as fotos a fim de não aparecer a barriga nem a careca. É muito complicado! Tenho que tomar cuidado para não virar um velho ridículo.
No currículo, são mais de três mil apresentações com Roberto Carlos. Mas a frequência menor de shows (50 por ano, em média, atualmente) tem permitido ao maestro se dedicar a projetos paralelos.

— Não existe contrato de exclusividade entre nós. Roberto é minha prioridade, mas consigo trabalhar com outros artistas e dar sequência a minha carreira solo, assim como ele lida com outros maestros. O próximo projeto dele, de músicas latinas, vai ser gravado com profissionais de fora do país — revela.
Do repertório de mil músicas gravadas pelo Rei, 19 são de Lages. Mas até hoje e mesmo com a amizade de longa data o maestro não se sente à vontade para entregar novas composições diretamente ao cantor.

— Eu vejo como ele fica constrangido quando pedem para ele ouvir na hora. Quantas vezes deixei música em cima da mesa e ele nunca tocou no assunto porque não gostou! Não é bem melhor assim? — conta Lages, que, por sua vez, sentiu-se constrangido diante do amigo de fé: — Sou daltônico. Aí, já viu, né? Já quis agradá-lo vestindo azul, só que estava de roxo. Uma vez ele me chamou de chocolate porque eu estava de marrom dos pés à cabeça, achando que era vermelho. Agora, antes de sair de casa, sempre pergunto com que roupa eu vou.

Fotos:Marcos Hermes e Marcelo Theobald

Enviar um comentário

Comentários