Ferreira Gullar - Vencedor do Prémio Camões

DO TEXTO:

Vencedor do Prémio Camões 2010 , o poeta e dramaturgo brasileiro Ferreira Gullar, ficou "surpreso e felicíssimo" ao saber que tinha sido galardoado com a maior distinção da literatura portugues.Na opinião do poeta e dramaturgo brasileiro, o galardão de "indiscutível importância" é um reconhecimento. "O que eu escrevi tocou as pessoas.É isso que o prémio reconhece e, por expressar um juízo multinacional de toda a comunidade de lingua portuguesa, tem um significado maior", considerou.

O poeta, cujo nome de baptismo é José Ribamar Ferreira, disse ter já comemorado o Prémio Camões com a população de Monteiro Lobato, cidade no interior paulista.Foi nesta localidade baptizada com o nome de outro gigante da literatura brasileira, autor da célebre colecção de contos infantis "O sítío do Picapau Amarelo" que Gullar teve conhecimento de ter sido galardoado coma maior distinção da lingua portuguesa. Esta " cidade dá sorte", afirmou o poeta que acredita que as pessoas nascem com uma vocação, ainda que tenham que desenvolvê-la." Noel Rosa já cantava que samba não se aprende na escola". "Eu nasci poeta", afirmou o maranhense de 79 anos.

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar

readmetro

02-06-2010

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