O Rei é como uma receita de bolo de nossas avós

DO TEXTO:
Roberto Carlos está completando 50 anos de carreira. Mas o que importa, pelo menos para nós, que sabemos cantar "Detalhes" de cor, é: há mais de 30 anos o Rei não muda. O terno parece ser o mesmo (não, ele não aderiu a paletós mais justos porque a moda agora é essa).O cabelo ficou mais grisalho, mas o corte não mudou. Moço ou velho, Roberto Carlos é o mesmo. O Rei não segue a moda. Ele continua jogando as mesmas rosas para a plateia e chamando Erasmo Carlos de "meu amigo de fé, meu irmão camarada".
O Rei é vintage.Os seus colegas de geração mudaram. Caetano agora toca rock. Gil é político. Chico virou escritor badalado que vai à Flip. Enquanto isso, Roberto continua cantando "Jesus Cristo". Até a mídia mais "conservadora", onde Roberto mais brilha, mudou. E uma das coisas mais tradicionais da cultura popular brasileira se reciclou. A novela das oito virou novela das nove.Enquanto isso, a data do especial de fim de ano do Rei pouco se altera. É perto do Natal. E Roberto canta "Emoções" com o mesmo microfone de pé, fazendo a mesma coreografia.
Ele faz parte do nosso Natal assim como aquele bolo de nozes. O Rei parece uma avó que sempre faz a mesma boa receita. Ele nos traz aquele sabor de infância e uma tranquilidade de ver que, por mais que as coisas estejam mudando tão rápido, algumas continuam as mesmas. O que é reconfortante. Deve ser por isso que gostamos tanto do Roberto Carlos.
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
Folha de S. Paulo,21de agosto de 2009
Enviar um comentário

Comentários