Roberto Carlos prova em Manaus que quem foi ‘Rei’ sempre será majestade

DO TEXTO:

Não fossem as marcas do tempo visíveis no rosto, seria possível dizer que o tempo passou para todos, mas não passou para Roberto Carlos. Um artista que continua reunindo milhares de pessoas em seus shows, suas músicas tocando no rádio, sendo notícias em jornais, revistas, blogs e despertando as mesmas emoções – gritos, choro, suspiros –, em seus fãs, como se ainda vivesse nas jovens tardes de domingo da Jovem Guarda.

Isso, diga-se, aos 77 anos, com mais de 50 anos de carreira. Não é fácil, temos que tirar o chapéu pro “Rei”. Isso tudo ficou comprovado mais uma vez, na noite de sábado, em Manaus, quando ele reuniu mais de oito mil pessoas no show de aniversário, realizado na Arena Amadeu Teixeira.

No palco, Roberto parece um menino. Mete a mão na camisa e faz o movimento como se o coração estivesse acelerado pela acolhida dos fãs, suspira, comenta o sentimento que o levou a escrever uma das mais belas canções de amor do país. Como “Esse cara sou eu” é o cara que toda mulher queria ter e que ele vem tentando ser.

— Dizem que esse cara não existe. Mas existe sim. Este cara é aquele que ama verdadeiramente. Ainda não sou, mas estou tentando. Estou chegando lá. Me aguardem (risos)!

Roberto entrou no palco com 30 minutos de atraso. O show estava marcado para às 22h. O atraso impacientou um pouco os fãs, “O Roberto nunca atrasa. Houve alguma coisa”. Nas cadeiras, o Jornalista e empresário de rádio, Ronaldo Tiradentes, que por muitos anos apresentou “O Clube do Rei”, tentava controlar a ansiedade.

— Ele sempre atrasa entre 20 a 30 minutos. É charme –, informou, serenando os ânimos.
Ronaldo Tiradentes e Mário Adolfo, antes do show

Antes da chegada de sua majestade, a extraordinária orquestra comandada pelo maestro Eduardo Lages – que está com Roberto há mais de 30 anos –, atacou com um pout–pourri‘, que é uma verdadeira viagem ao túnel do tempo, com acordes de velhas canções como “Detalhes”, “Como é grande o meu amor por você”, “Eu sou terrível”, “Calhambeque” , clássicos que marcaram gerações. O Rei entrou às 22h30, de jaquetão e calça azul e camisa branca. Foi ovacionado e silenciou a plateia com uma frase.

— Eu tenho uma coisa para contar para vocês!

E quando a plateia ficou calada ele atacou: “Quando eu estou aqui/ vivendo esse momento lindo….” E, como não poderia deixar de ser, a música “Emoções”, de sua autoria com Erasmo Carlos, abriu o show e fez muitos fãs derramarem lágrimas.

O show avança sempre marcado por velhos sentimentos. Num raro momento, o Rei pega o violão e, sozinho, dedilha “Detalhe”. Milhares de celulares são acesos para gravar aquele raro momento. Em outra conversa com os fãs, Roberto disse que cada canção foi composta com um sentimento diferente, com amores diferentes que ele viveu. E cantadas até hoje com a mesma alegria.

— Mas essa que vou cantar agora, já não canto com a mesma alegria. Porque esse amor já não está mais ao meu lado –. E mandou “Lady Laura”, a canção composta para sua mãe. A reação dos fãs: mais lágrimas.

No final, Roberto repete o gesta que já é uma tradição. Beija cada uma das rosas e atira aos fãs. O gesto é o sinal de que os súditos já poderiam avançar e ficar no gargarejo, curtindo o momento bem pertinho de seu Rei e fazendo selfies históricas, é claro.

Fotos: Sandro Pereira
Vídeo: Rômulo Araújo

Roberto Carlos em Manaus 2018


POSTS RELACIONADOS:
2 Comentários

Comentários

  1. Nobre colega,

    Sobre o título do texto eu diria diferente: Quem é rei nunca perde a majestade. RC nunca perdeu a majestade.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Amigo Marley, de facto, o título não foi o melhor. Quem foi Rei? Quer dizer que já não é? REALmente o teu título, um dito popular, estaria bem melhor. Abraço REALmente robertocarlistico. :)

      Eliminar