EUGÉNIO TAVARES – Príncipe da poesia cabo-verdiana

DO TEXTO:

No dia 18 de Outubro de 1867, a ilha Brava viu nascer aquele que viria a ser um dos melhores poetas de Cabo Verde, EUGÉNIO DE PAULA TAVARES. Autodidacta invulgar, foi considerado o príncipe da poesia cabo-verdiana através das suas lindas mornas escritas em crioulo. Ficando órfão logo nos primórdios da sua vinda ao mundo, foi filho adoptivo de Francisco de Paula Tavares e Eugénia Rodrigues Nazoliny.Foi autor das "Cartas Cabo-verdianas" e "Notas sobre um fabuloso Alcance.Colaborou no Almanaque de Lembranças Luso-africano e em diversos jornais e revistas. Eugénio Tavares faleceu na Brava, em 1º de Junho de 1930, dia esse em que a ilha mergulhou num profundo luto, tendo perdido um dos seus filhos mais queridos. Hoje Eugénio sobrevive no coração de cada Bravense, pelas suas obras que ficarão para sempre.



CABO VERDE

Cabo Verde país de origem vulcânica, é constituído por dez ilhas. Está localizado no Oceano Atlântico, a 640 km a oeste de Dakar, Senegal. Outros vizinhos são a Mauritânia, a Gâmbia e a Guiné-Bissau, ou seja, todos na faixa costeira ocidental de Africa que vai do Cabo Branco às ilhas Bijagós. Curiosamente, o Cabo Verde que dá nome ao país não se situa nele, mas a centenas de quilómetros a oeste, no Senegal. Foi descoberto em 1460 por Diogo Gomes ao serviço da coroa portuguesa, que encontrou as ilhas desabitadas e aparentamente sem indícios de anterior presença humana. Foi colónia de Portugal desde o século XV até à sua independência em 1975.



ILHA BRAVA

Brava é uma ilha e concelho do Sotavento de Cabo Verde. A sua maior povoação é a vila de Nova Sintra. O único concelho da ilha tem cerca de sete mil habitantes. Com 67 km², Brava é a menor das ilhas habitadas de Cabo Verde, e tem uma densidade populacional de 101,49/km². A ilha tem uma escola, um liceu, uma igreja e um praça, a Praça Eugénio Tavares.


A MORNA vista por José Osório de Oliveira*

"Morna é o nome que designa, ao mesmo tempo, a dança e as canções típicas de Cabo Verde. Ritmo do baile, palavras e música das canções, são coisas inseparáveis. Não se trata, com efeito, duma dança acompanhada de palavras como qualquer outra. O facto do povo de Cabo Verde dançar a morna cantando (repare-se que não se trata duma dança de roda), indica, claramente, que, para ele, gestos, letra e melodia são formas indistintas do mesmo ritmo interior. Nunca, com efeito, a alma de um povo encontrou, tão perfeitamente, a sua expressão, numa única manifestação de arte. Cabo Verde não tem, de facto, mesmo em estado rudimentar, artes plásticas e decorativas que caracterizem a sua gente. Quanto à literatura e à música, todas as suas manifestações peculiares tomam a mesma forma. Pode afirmar-se, portanto, que a morna resume em si todos os sentimentos e condensa todas as aspirações artísticas dos cabo-verdianos."
José Osório de Oliveira*
José Osório de Oliveira, intelectual português que viveu em Cabo Verde ao tempo de Eugénio Tavares. Em vida, Eugénio entregou-lhe o manuscrito das " Cantigas Crioulas" que, após a morte do Poeta, mandou publicar. O volume foi publicado em Lisboa, na Livraria Rodrigues, em cerca de 1932.

MORNA A voz da Alma Cabo-verdiana na Língua Crioula

A FORÇA DE CRETCHEU

Ca tem nada na es bida
Mas grande que amor
Se Deus ca tem medida
Amor inda é maior.
Maior que mar, que céu
Mas, entre tudo cretcheu
De meu inda é maior
Cretcheu más sabe,
É quel que é di meu
Ele é que é tchabe
Que abrim nha céu.
Cretcheu más sabe
É quel qui crem
Ai sim perdel
Morte dja bem

Ó força de chetcheu,
Que abrim nha asa em flôr
Dixam bá alcança céu
Pa'n bá odja Nôs Senhor
Pa'n bá pedil semente
De amor cuma ês di meu
Pa'n bem dá tudo djente
Pa tudo bá conché céu

A FORÇA DE UM AMOR

Não há nada nesta vida
Mais grande que o amor
Se Deus é tão grande
O amor ainda é maior
Maior que o mar e o Céu
Mas, entre todo esse amor
O meu ainda é maior

Amor tão grande
É aquele que é meu
Ele é a chave
Que abre-me o Céu
Amor tão grande
É aquele que me quer
Ai se o perder
A morte já chegou

Ó força de amor
Que me a abriu a minha asa em flor
Deixa-me ir alcançar o Céu
Para ir ver meu Deus
Para lhe pedir a semente
De amor como esse meu
Para dar a toda a gente
Para que todos conheçam o Céu

CANÇÃO AO MAR - MAR ETERNO

Oh mar eterno sem fundo sem fim
Oh mar das túrbidas vagas oh! Mar
De ti e das bocas do mundo a mim
Só me vem dores e pragas, oh mar
Que mal te fiz oh mar, oh mar
Que ao ver-me pões-te a arfar, a arfar
Quebrando as ondas tuas
De encontro às rochas nuas
Suspende a zanga um momento e escuta
A voz do meu sofrimento na luta
Que o amor ascende em meu peito desfeito
De tanto amar e penar, oh mar
Que até parece oh mar, oh mar
Um coração a arfar, a arfar
Em ondas pelas fráguas
Quebrando as suas mágoas
Dá-me notícias do meu amor
Que um dia os ventos do céu, oh dor
Os seus abraços furiosos, levaram
Os seus sorrisos invejosos roubaram
Não mais voltou ao lar, ao lar
Não mais o vi, oh mar
Mar fria sepultura
Desta minha alma escura
Roubaste-me a luz querida do amor
E me deixaste sem vida no horror
Oh alma da tempestade amansa
Não me leves a saudade e a esperança
Que esta saudade é quem, é quem
Me ampara tão fiel, fiel
É como a doce mãe Suavíssima e cruel
Nas mágoas desta aflição que agita
Meu infeliz coração, bendita!
Bendita seja a esperança que ainda
Lá me promete a bonança tão linda

PESQUISA
http://www.eugeniotavares.org/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_Verde
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_Brava

VÍDEO
Mar Eterno
Intérprete: Gardénia



Post da autoria da nossa Colaboradora Especial
Dina Ramos (Cabo Verde).

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7 Comentários

Comentários

  1. Oi Armindo,
    parabéns pelo "novo" blog! Nome novo, com direito à música também!
    Ficou ótimo.

    Parabéns também á Dina pela sua estréia brilhante aqui no blog.
    Linda postagem sobre "Eugênio Tavares", Cabo Verde, enfim nos ensinou muita coisa.
    Belo vídeo, com uma música muito bonita.
    Adoro o mar, acho uma das coisas mais lindas do mundo.
    Seja bem vinda Dina.

    Um beijo,
    Carmen Augusta

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  2. Passei por aqui, para dizer que gostei da escolha do nome, que ja adicionei o link ;) e para desejar Boas Festas!

    QUE O ANO QUE ENTRA, TRAGA COMO PRESENTE, OS SONHOS QUE TANTO ANSEIAS. :)

    beijokassssss :)

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  3. É com imenso prazer que apresentamos a nossa amiga Dina Ramos, uma cabo-verdiana que dividiu a vida entre Cabo Verde, Angola e Portugal onde vive presentemente.

    A Dina é uma robertocarlena convicta e como tal é membro do Portal Clube do Rei.

    Contactada que foi para colaborar no “Splish, Splash”, a Dina logo aceitou o nosso convite, motivo porque lhe estamos muito gratos.

    Além disso, cremos que não podia começar da melhor maneira ao brindar-nos com este post sobre o Príncipe da poesia cabo-verdiana.

    Para a Dina o nosso aplauso e os desejos que a tenhamos mais vezes por aqui.

    Abraços

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  4. Ola Amindo parabens pelo novo nome do blog nao foi o meu voto mas por acaso tambem encontro bastante original.Desejovos muito suxesso que exista muito carinho nesto blog como até agora nao esquecendo de mandar muitos slishs,slashs por todos esses cantos do mundo.Com respeito a reportagem sobre Cabo verde gostei imenso e tambem faz parte se Deus quizer das minhas proximas viagens.depois dos beijos abraços para todos.

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  5. Quero desejar boas vindas a nossa amiga Dina, aqui no blog e parabenizar pela excelente matéria que deu iníio a sua participação como colaboradora especial do novo blog, que por votação teve o seu nome modificado.

    Esperamos contar com outras participações suas aqui conosco.

    Muitas coisas foram bem explicadas aqui e o vídeo está maravilhoso mostrando belas imagens.

    Um beijo pra você.

    Mazé Silva.

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  6. Este artigo está excelente!
    Parabéns!

    Ab

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  7. Nobre colega Dina,

    Bem-vinda ao blog. Obrigado por nos trazer a cultura de sua terra.

    Um grande abraço

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