Entre tráfico e assaltos no mar, Fernão luta pela sobrevivência e honra
"E fomos com ele todos três, mais mortos que vivos, buscar as armas." — Fernão Mendes Pinto, Peregrinação
NOTAS DE BORDO Local: Estreito de Malaca, costas da China e Japão Evento-chave: Batalhas com piratas, tráfico e deserções Ano estimado: 1550–1553 Ação: Conflitos armados, emboscadas e múltiplas prisões Estado: Entre a honra e a sobrevivência
"Entre o sabre e a esperança, Fernão descobriu
que o pior inimigo veste farda amiga." Vímara Porto
Por: Armindo Guimarães
Depois de desilusões religiosas e aventuras diplomáticas, Fernão volta ao mundo onde sempre pareceu encaixar: o das espadas, armadilhas e sobrevivência feroz. Nesta fase da sua vida, as rotas marítimas do Oriente são verdadeiros tabuleiros de guerra. A diplomacia dá lugar ao saque. A boa-fé, ao embuste.
Fernão envolve-se em missões perigosas — umas a mando de governadores, outras por iniciativa própria. Enfrenta piratas malaios, chineses e japoneses, muitos dos quais tinham aprendido as artes da guerra com os próprios portugueses.
Mas nem sempre os inimigos vinham de fora. As piores traições vinham, por vezes, dos companheiros de armada, que, seduzidos por ouro ou medo, viravam casaca no calor do combate.
Num desses episódios, Fernão cai prisioneiro — mais uma vez —, é açoitado, ferido, e só escapa por milagre ou acaso. Mas não desiste. A cada tempestade, prova que o seu maior talento é resistir. Com dignidade, se possível. Com esperteza, se necessário. E quando tudo falha, com uma fé teimosa de que ainda não chegou a sua hora.
CURIOSIDADE HISTÓRICA
Fernão retrata o Oriente português como um far west lusitano: corsários com patentes, piratas com códigos de conduta, e capitães mais perigosos que os seus inimigos. O retrato é vívido, crítico e cheio de ironia.
DIÁRIO DE FERNÃO Excerto imaginário inspirado na Peregrinação
Naquelas águas aprendi que a traição rema mais rápido que a amizade. Dormíamos com a espada à mão, porque um companheiro de hoje podia ser o inimigo da manhã.
Perdi a conta às vezes em que fui traído, vendido ou abandonado no meio de estranhos. O mar já não me mete medo, mas sim a mão que devia estar ao meu lado no convés. Aprendi que nem sempre é o inimigo quem desfere o golpe mais fundo. E, no entanto, cá estou — vivo, embora cada vez mais feito de cicatrizes.
NOTA DE BORDO FINAL
Este é o nono relato da viagem de Fernão — Piratas e traições: um jogo de vida ou morte.
Segue-se o episódio 10: A cidade das mil vozes: o choque de Fernão em Malaca — onde o Oriente se cruza em cores, cheiros e intrigas, e Fernão descobre que cada esquina da cidade fala uma língua diferente, mas a traição entende-se em todas.
NOTA FINAL DO ESCRIBA
Gostou da Viagem?
Deixe o seu comentário, partilhe este episódio e convide outros navegadores curiosos a embarcarem nesta aventura
Entre tráfico e assaltos no mar, Fernão luta pela sobrevivência e honra
— Fernão Mendes Pinto, Peregrinação
NOTAS DE BORDO
Local: Estreito de Malaca, costas da China e Japão
Evento-chave: Batalhas com piratas, tráfico e deserções
Ano estimado: 1550–1553
Ação: Conflitos armados, emboscadas e múltiplas prisões
Estado: Entre a honra e a sobrevivência
Vímara Porto
Por: Armindo Guimarães
Fernão envolve-se em missões perigosas — umas a mando de governadores, outras por iniciativa própria. Enfrenta piratas malaios, chineses e japoneses, muitos dos quais tinham aprendido as artes da guerra com os próprios portugueses.
Mas nem sempre os inimigos vinham de fora. As piores traições vinham, por vezes, dos companheiros de armada, que, seduzidos por ouro ou medo, viravam casaca no calor do combate.
Num desses episódios, Fernão cai prisioneiro — mais uma vez —, é açoitado, ferido, e só escapa por milagre ou acaso. Mas não desiste. A cada tempestade, prova que o seu maior talento é resistir. Com dignidade, se possível. Com esperteza, se necessário. E quando tudo falha, com uma fé teimosa de que ainda não chegou a sua hora.
CURIOSIDADE HISTÓRICA
Fernão retrata o Oriente português como um far west lusitano: corsários com patentes, piratas com códigos de conduta, e capitães mais perigosos que os seus inimigos. O retrato é vívido, crítico e cheio de ironia.
DIÁRIO DE FERNÃO
Excerto imaginário inspirado na Peregrinação
Naquelas águas aprendi que a traição rema mais rápido que a amizade. Dormíamos com a espada à mão, porque um companheiro de hoje podia ser o inimigo da manhã.
Perdi a conta às vezes em que fui traído, vendido ou abandonado no meio de estranhos. O mar já não me mete medo, mas sim a mão que devia estar ao meu lado no convés. Aprendi que nem sempre é o inimigo quem desfere o golpe mais fundo. E, no entanto, cá estou — vivo, embora cada vez mais feito de cicatrizes.
NOTA DE BORDO FINAL
Este é o nono relato da viagem de Fernão — Piratas e traições: um jogo de vida ou morte.
Segue-se o episódio 10: A cidade das mil vozes: o choque de Fernão em Malaca — onde o Oriente se cruza em cores, cheiros e intrigas, e Fernão descobre que cada esquina da cidade fala uma língua diferente, mas a traição entende-se em todas.
NOTA FINAL DO ESCRIBA
Gostou da Viagem?
Deixe o seu comentário, partilhe este episódio e convide outros navegadores curiosos a embarcarem nesta aventura
EPISÓDIOS PUBLICADOS
0 – As Viagens de Fernão: o mundo visto por um português
1 – Fuga de Lisboa: Fernão e o início da Peregrinação
2 – Fernão é vendido: a primeira vez como escravo
3 – O corsário Coja Acém e o fogo da vingança
4 – No reino do Preste João: fé, mito e fronteira
5 – A grande ilusão de Sofala: quando o ouro prometido era miragem
6 – Homens e bichos na Baía de Bengala
7 – Na corte do Japão: espanto e reverência
8 – Entre padres e promessas: o drama da fé
9 – Piratas e traições: um jogo de vida ou morte (você Está Aqui)
A SEGUIR
10 – A cidade das mil vozes: o choque de Fernão em Malaca
Comentários
Enviar um comentário
🌟Copie um emoji e cole no comentário: Clique aqui para ver os emojis