Uma batalha naval sangrenta que opôs portugueses e piratas no Oriente
"...porque mais valia morrer pelejando do que viver em tamanho opróbrio." — Fernão Mendes Pinto, Peregrinação
NOTAS DE BORDO Local: Mar da China Evento-chave: Confronto com o corsário Coja Acém Ano estimado: 1540-42 Ação: Batalha naval intensa liderada por António de Faria Estado: Sobrevivente e testemunha da fúria
"Quando o mar se enche de sangue, Fernão percebe que há monstros que não vivem nas lendas — mas nos barcos ao lado." Vímara Porto
Por: Armindo Guimarães
No Oriente, o mar é campo de batalha e o comércio é guerra. E foi nesse cenário que Fernão se viu envolvido numa das mais violentas e simbólicas campanhas navais da sua vida: a perseguição ao corsário Coja Acém.
O temido Coja, senhor de uma frota veloz e brutal, semeava o terror nas rotas do mar da China. Atacava navios, pilhava vilas costeiras e degolava sem aviso. Era mais do que pirata: era símbolo de caos, ameaça ao comércio, e afronta direta à presença portuguesa na região.
O confronto com Coja Acém é puro teatro de guerra marítima: velas rasgadas pelo vento da vingança, canhões a ecoar entre arquipélagos, e Fernão no centro de uma tempestade que é tanto política quanto pessoal.
Mas houve um homem que disse basta: O governador de Macau, António de Faria, um luso de faca nos dentes e Bíblia na algibeira, jurou vingança após ver os seus companheiros chacinados. E com ele, lá foi Fernão, embarcado numa frota improvisada que se lançaria numa caçada insana pelo arquipélago.
O confronto com Coja Acém é puro teatro de guerra marítima: Arpões, espingardas, velas rasgadas pelo vento da vingança, canhões a ecoar entre arquipélagos, e Fernão no centro de uma tempestade que é tanto política quanto pessoal. De um lado, os portugueses e aliados locais; do outro, Coja e a sua marinhagem infernal.
A vitória, apesar de difícil, foi dos portugueses. Mas não sem perdas — e com mais perguntas do que respostas. A guerra contra o mal terá mesmo um fim? Ou o mal, no Oriente, tem tantas caras quanto deuses existem?
Fernão sobreviveu. Mais uma vez. E guardou na memória este episódio como um combate entre fé e fúria, entre justiça e selvajaria.
DIÁRIO DE FERNÃO Excerto imaginário inspirado na Peregrinação
Dizem que Coja Acém morreu longe daqui, atravessado por lâminas que não eram portuguesas. Não foi no mar, nem sob a bandeira de Cristo. Foi numa emboscada feita por outros homens do Oriente, tão sedentos de sangue como ele fora de ouro.
António de Faria nunca o perdoou, mas também nunca o encontrou outra vez. A sua vingança ficou pendurada no vento, como vela rasgada. Vi nos olhos dele a amargura de um capitão que viveu para uma batalha que não chegou.
E eu? Eu aprendi que, no Oriente, o mar tem mais memória do que os homens, e que as dívidas de sangue raramente se pagam com a moeda que escolhemos.
Curiosidade histórica: Coja Acém (cujo nome vem de Khwāja, título de respeito em persa) representa, na Peregrinação, o arquétipo do pirata oriental cruel e ardiloso. Mas para os povos locais, podia ser um herói da resistência. A história, por vezes, depende de quem a conta.
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Gostou da viagem? Deixe o seu comentário, partilhe este episódio e convide outros navegadores curiosos a embarcarem nesta aventura.
Uma batalha naval sangrenta que opôs portugueses e piratas no Oriente
— Fernão Mendes Pinto, Peregrinação
NOTAS DE BORDO
Local: Mar da China
Evento-chave: Confronto com o corsário Coja Acém
Ano estimado: 1540-42
Ação: Batalha naval intensa liderada por António de Faria
Estado: Sobrevivente e testemunha da fúria
Fernão percebe que há monstros que não vivem nas lendas —
mas nos barcos ao lado."
Vímara Porto
Por: Armindo Guimarães
O temido Coja, senhor de uma frota veloz e brutal, semeava o terror nas rotas do mar da China. Atacava navios, pilhava vilas costeiras e degolava sem aviso. Era mais do que pirata: era símbolo de caos, ameaça ao comércio, e afronta direta à presença portuguesa na região.
O confronto com Coja Acém é puro teatro de guerra marítima: velas rasgadas pelo vento da vingança, canhões a ecoar entre arquipélagos, e Fernão no centro de uma tempestade que é tanto política quanto pessoal.
Mas houve um homem que disse basta: O governador de Macau, António de Faria, um luso de faca nos dentes e Bíblia na algibeira, jurou vingança após ver os seus companheiros chacinados. E com ele, lá foi Fernão, embarcado numa frota improvisada que se lançaria numa caçada insana pelo arquipélago.
O confronto com Coja Acém é puro teatro de guerra marítima: Arpões, espingardas, velas rasgadas pelo vento da vingança, canhões a ecoar entre arquipélagos, e Fernão no centro de uma tempestade que é tanto política quanto pessoal. De um lado, os portugueses e aliados locais; do outro, Coja e a sua marinhagem infernal.
A vitória, apesar de difícil, foi dos portugueses. Mas não sem perdas — e com mais perguntas do que respostas. A guerra contra o mal terá mesmo um fim? Ou o mal, no Oriente, tem tantas caras quanto deuses existem?
Fernão sobreviveu. Mais uma vez. E guardou na memória este episódio como um combate entre fé e fúria, entre justiça e selvajaria.
DIÁRIO DE FERNÃO
Excerto imaginário inspirado na Peregrinação
Dizem que Coja Acém morreu longe daqui, atravessado por lâminas que não eram portuguesas. Não foi no mar, nem sob a bandeira de Cristo. Foi numa emboscada feita por outros homens do Oriente, tão sedentos de sangue como ele fora de ouro.
António de Faria nunca o perdoou, mas também nunca o encontrou outra vez. A sua vingança ficou pendurada no vento, como vela rasgada. Vi nos olhos dele a amargura de um capitão que viveu para uma batalha que não chegou.
E eu? Eu aprendi que, no Oriente, o mar tem mais memória do que os homens, e que as dívidas de sangue raramente se pagam com a moeda que escolhemos.
Curiosidade histórica:
Coja Acém (cujo nome vem de Khwāja, título de respeito em persa) representa, na Peregrinação, o arquétipo do pirata oriental cruel e ardiloso. Mas para os povos locais, podia ser um herói da resistência. A história, por vezes, depende de quem a conta.
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EPISÓDIOS PUBLICADOS
0 – As Viagens de Fernão: o mundo visto por um português
A SEGUIR
4 – No reino do Preste João: fé, mito e fronteira
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