Artista multimídia, o ator, poeta e compositor carioca Mário Lago (1911 – 2002) encontrou numa noite de 1972 com Amália Rodrigues (1920 – 1999) em restaurante do Rio de Janeiro (RJ), cidade onde a cantora portuguesa fazia show na ocasião.
No encontro, Amália perguntou a Lago se ele vinha fazendo versos. A resposta foi dada no dia seguinte, através de bilhete deixado na recepção do hotel em que a cantora passava a temporada carioca. O bilhete continha o poema Que versos posso fazer?, de versos alusivos aos tempos de repressão que ceifavam vidas e asfixiavam as liberdades democráticas no Brasil daquele ano de 1972.
Decorridos 46 anos, os versos de Lago ganham música de Ricardo Vilas no 27º álbum desse cantor e compositor carioca, Canto de liberdade, disco de tom similar ao do poema. Como já evidencia a arte da capa, o álbum Canto de liberdade versa essencialmente sobre o ativismo político de Vilas na época do governo militar.
Mário Lago (Foto: Reprodução de capa de livro
Para quem não liga o nome à história, Ricardo Vilas foi um dos prisioneiros políticos libertados em ação de militantes de esquerda, em setembro de 1969, em troca da soltura do diplomata e embaixador norte-americano Charles Elbrick (1908 – 1983), tendo ficado exilado por cerca de 40 anos.
No álbum Canto de liberdade, Ricardo Vilas apresenta regravações de músicas emblemáticas daqueles tempos ditatoriais – como a Marcha da quarta-feira de cinzas (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, 1962), revivida com Nilze Carvalho, e os sambas Aquele abraço (Gilberto Gil, 1969) e Apesar de você (Chico Buarque, 1970) – entre músicas inéditas e autorais.
Por Mauro Ferreira
Mário Lago (Foto: Reprodução de capa de livro
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