Roberto Carlos estará na homenagem do centenário de Chacrinha

DO TEXTO:

Globo e Viva homenageiam centenário de Chacrinha com versão ‘atemporal’ de seu Cassino

‘Chacrinha, o eterno guerreiro’ vai ao ar no próximo sábado, no Viva; na Globo, dia 6

Rio-No ano de seu centenário, Chacrinha continua balançando a pança. No próximo sábado (26), o comunicador José Abelardo Barbosa de Medeiros, nascido em Surubim-PE em 30 de setembro de 1917, será homenageado pelo canal Viva com o especial “Chacrinha, o eterno guerreiro”, realizado em parceria com a Rede Globo (na TV aberta, a atração será exibida em 6 de setembro). Com direção artística de Rafael Dragaud e direção geral de Daniela Gleiser, a atração é estrelada por Stepan Nercessian, que enverga o Velho Guerreiro desde 2014 no espetáculo “Chacrinha, o musical”. A partir da proposta de recriar o “Cassino do Chacrinha”, exibido nas tardes de sábado na Globo de 1982 a 1988, o especial atualiza o formato de programa de auditório que se tornou referência para as gerações seguintes, com cenário inspirado no original, bacalhaus e mandiocas jogados para a plateia, o Troféu Abacaxi e, claro, as indefectíveis dançarinas chacretes.

Entre as atrações musicais, o programa mescla artistas que se apresentaram no “Cassino” original, como Sidney Magal, Fábio Júnior, Ney Matogrosso, Alcione, Blitz, Luiz Caldas e Roberto Carlos a astros da nova geração, que fazem sua “estreia” no “Cassino do Chacrinha”: Anitta, Ivete Sangalo, Marília Mendonça e Alcione.



Enquanto cava recordações dos artistas (Fábio Júnior chora ao rever o VT de sua primeira participação no programa e Roberto Carlos relembra o microfone do apresentador batendo em seu queixo quando Chacrinha o abraçava), Nercessian resgata antigos bordões do apresentador e improvisa outros, arrancando risos do júri formado por Regina Casé, Luciano Huck, Angélica, Tiago Leifert, Ana Maria Braga, André Marques, Gloria Maria e Fernanda Lima.

— O Stepan era uma escolha quase inevitável. Ele se apropriou do personagem nos palcos e trouxe várias coisas do musical para o programa — enaltece Rafael Dragaud. — Tentamos reproduzir ao máximo, na medida do possível, aquele caos que só o Chacrinha conseguia fazer, dentro de um programa roteirizado. Muito do improviso veio do Stepan, ele aproveitou o ritmo do personagem, e o restante do elenco entrou na brincadeira.

Prestes a voltar aos palcos com o musical, a partir de setembro, no Teatro Riachuelo, antes de seguir em turnê para Belo Horizonte, Recife, Campinas e Ribeirão Preto, Nercessian disse ter sentido uma emoção diferente ao interpretar Chacrinha na TV, a “casa” do Velho Guerreiro.

— Acho que fiquei mais nervoso para fazer o especial do que ao estrear no teatro. No cenário da TV é possível ver como o Chacrinha era genial, como ele interpretava para todas as câmeras, era o dono absoluto daquele espaço — enaltece ao ator, que começa a rodar em outubro o longa “Chacrinha: o filme”, no Rio e em Petrópolis. — Já fiz o Chacrinha no teatro e na TV, agora vou fazer no cinema. Depois só vai faltar fazer no rádio.

O especial também relembra outras atrações do programa original, como os tradicionais concursos envolvendo o público. Na versão atualizada, cinco “calouros” disputam quem consegue a melhor imitação de Chacrinha: Marcelo Adnet, Tom Cavalcante, Welder Rodrigues, Otaviano Costa e Marcius Melhem. Parte do júri também entra na brincadeira: Angélica chama o apresentador de “Painho”, como fazia Elke Maravilha, e Leifert dá notas baixas aos calouros e briga com a plateia, marcas registradas de Pedro de Lara e Edson Santana. O júri formado apenas por apresentadores e os depoimentos de outros comunicadores, como Fausto Silva, Serginho Groisman e Pedro Bial, reforçam a importância de Chacrinha para a televisão.

— Quando fechamos o conceito do programa, que seria um “Chacrinha de todos os tempos”, pensamos em fazer essa homenagem ao “pai” de todos os comunicadores — reforça Dragaud. — A sensação é de que o programa poderia estar no ar hoje, que seria extremamente bem-vindo. A TV é filha do que o Chacrinha construiu, tanto como instituição como pela expectativa do público.

Stepan Nercessian, que além de estar no ar com a série “Sob pressão”, na Globo, também é presidente da Funarte, ressalta que muito do que aconteceu na gravação, realizada em maio, surgiu de improviso com a interação entre ele, os cantores e os jurados.

— O Chacrinha é um personagem que emociona a todos, traz muitas lembranças. Os cantores que vinham ao programa se emocionaram de verdade, foi uma verdadeira catarse — destaca o ator.

Para ele, a marca deixada pelo Velho Guerreiro é impossível de ser copiada ou reproduzida, pela autenticidade que o apresentador levava à TV:

— O Chacrinha ia contra todas as normas da televisão, tinha tudo para dar errado, mas a verdade que ele imprimia falava mais alto. Desde o início, quando comecei a interpretá-lo, sabia que era só não atrapalhá-lo, e o resto ia acontecer.

Marcada pelas referências de época, a homenagem a Chacrinha, contudo, tem seu conteúdo adaptado para as questões de 2017, evitando atrações como os antigos concursos de homem mais feio do Brasil ou os supercloses no rebolado das chacretes, que na versão atual dançam com maiôs mais comportados que a versão fio dental dos anos 1980.

— Tivemos cuidado com o discurso do programa, sem deixar nada engessado — frisa a diretora Daniela Gleiser. — Eu dirijo o “Amor e sexo”, então todas estas questões do feminismo ficam em mim. Ser feminista não é ser careta, não há problema em colocar um maiô em uma pessoa, ainda mais em um programa que tem elementos de época. Mas algumas coisas relacionadas às chacretes que eram mais radicais, optamos por deixar de fora.

Para Rafael Dragaud, a opção da direção foi buscar referências originais que não agredissem nenhum grupo:

— É a velha história do politicamente correto: se você faz uma brincadeira, mas alguém se sente agredido, não é engraçado. A gente, que faz TV, em diferentes programas, sempre tenta buscar esse diálogo. É um sentimento que está no ar e que responde a demandas antigas, é preciso lidar com isso, não dá para simplesmente negar.

Outro exemplo de como a atração aborda questões atuais, citada pela diretora, é uma brincadeira entre o apresentador André Marques e Anitta. Perguntada se dorme de calcinha ou sem nada, numa rodada de perguntas dos jurados, a cantora responde: “Você não se lembra?”

— Nada disso foi planejado, não estava no roteiro. Mas o fato de essa brincadeira da Anitta ter permanecido na edição final é parte da tentativa de trazer o programa para as temáticas atuais — ressalta Daniela Gleiser.

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