Biografia de Amália rodrigues

DO TEXTO:

1920-Amália da Piedade Rodrigues, nasceu em Lisboa no Pátio Santos, em casa dos avós maternos, aonde ficou vivendo até os 14 anos.

1929-Começou a frequentar a Escola Oficial da Tapada da Ajuda, aonde andou durante dois anos e meio, até que completou a instrução primária. Durante esse tempo até 1934 trabalhou como bordadora, engomadeira, tarefeira nas fábricas de bolos da Pampulha.

1934-Passou a viver com os pais, os quatro irmãos e as três irmãs, sempre na zona operária da Beira-Tejo. 1935-Durante dois anos, vendeu fruta, num stand no Cais da Rocha, com a mãe e a irmã Celeste, dois anos mais nova. Saio na Marcha de Alcântara, já como solista, exibindo-se em ruas e verbenas.

1938-É inscrita no concurso da Rainha do Fado dos Bairros, no qual não chega a participar, pois as demais concorrentes, certas da sua vitoria, recusam-se a competir com ela. Neste concurso, conhece um jovem de 23 anos, Francisco da Cruz, torneiro mecânico e guitarrista amador, com quem se casou em 1940, casamento que dura dois anos. Como fadista amadora, exibe-se em festas e verbenas, com o nome de Amália Rebordão, por causa do irmão, Filipe Rebordão, boxeur de certa fama.

1939-Na primavera, estreia-se no Retiro da Severa, como fadista profissional, sendo último nome do elenco, passando a cabeça de cartaz logo em Outubro.

1940-Canta no solar da Alegria, Café Mondego, Retiro da Severa, começando a sua colaboração com o poeta do fado Linhares Barbosa, e também Frederico de Brito e Gabriel de Oliveira. Estreia-se no teatro, em "Ora Vai Tu" [revista]. Inventa a fadista vestida de negro com xaile negro.

1942-Canta no dancing Casablanca, Pavilhão Português, Retiro dos Marialvas. Primeira figura da revista Essa É Que É Essa, onde encontra o compositor Frederico Valério, que compreende a beleza e extensão da sua voz, escrevendo-lhe grandes êxitos. Boa Nova [revista], ao lado de Hermínia Silva, cuja canção-titulo, de Valério, é mais um triunfo.

1943-Madrid. Primeira actuação no estrangeiro, a convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira, assistindo a um grande espectáculo de flamengo, música com que se identifica totalmente, passando a incluí-la no seu repertório, considerando-se, mais tarde, uma cantora ibérica. Atracção da revista Alterta Está!, com Mirita Casimiro e Vasco Santana, onde canta em Brasileiro e Inglês.

1944-A Rosa Cantadeira [opera], ao lado de Hermínia Silva, onde cria Fado do Ciúme. Primeira figura de A Senhora da Atalaia [opera] e Ó Viva da Costa [revista]. Actua no Casino de Copacabana, no Rio de Janeiro, no show para ela concebido [Numa Aldeia Portuguesa], em festas na rádio.

1945-Dez meses no Brasil, actuando com a Companhia de Revistas Amália Rodrigues, no Teatro República, no Casino de Copacabana, no rádio, em festas, em S. Paulo, gravando os seus primeiros discos e criando Ai, Mouraria, de Valério.

1946-Canta no Café Luso. Atracão de Estás Na Lua [revista], com Laura Alves e Costinha, protagonista da opereta Mouraria, com Alberto e Costinha, protagonista da opera Moraria, com Alberto Ribeiro, onde aparece de vestido negro comprido, com um grande xaile negro, protótipo dos seus futuros vestidos de cena, ganhando, caso inédito, 60 contos por mês.

1947-Atracção de Se Aquilo Que A Gente Sente [última revista], com Irene Isidro, Vasco Santana e António Silva. Estreia-se o filme Capas Negras, realização de Armando Miranda, com Alberto Ribeiro, que bate todos os recordes de permanência em exibição [22 semanas], onde cria Não Sei Porque Te Foste Embora, de Valério. Filma, em Madrid, 10 Fados, complementos curtos que, depois, passam nos cinemas, onde cria Fado Malhoa, Fado Amália. Só Á Noitinha, todos de Valério. Estreia-se o filme Fado, Historia D'Uma Cantadeira, realização de Perdigão Queiroga, com Virgílio Teixeira, êxito que ultrapassa o anterior, onde cria O Fado de Cada Um, de Frederico de Freitas, recebendo, pela sua interpretação, o prémio do SNI para a melhor actriz cinematográfica do ano.

1948-Actua no Café Luso, casinos, verbenas, dancings, teatros, programas de variedades, especialmente O Combóio das Seis e Meia, no Politeama.

1949-Canta no Café Lusa e Casino do Estoril. Sol e Touros [filme], Vendaval Maravilhoso [filme histórico], realizado por Leitão de Barros. Paris, Londres, Rio de Janeiro, S. Paulo.

1950-Canta no Café Lusa e Casino do Estoril. Espectáculos no âmbito do Plano Marshall: Berlim, Dublin, Paris, Berna. Cria Foi Deus, de Alberto Janes. Começa a sua colaboração e amizade com os poetas Pedro Homem de Mello e David Mourão-Ferreira.

1951-Grande tournée por África: Moçambique, Angola, Congo Belga. Canta em Biarritz, San Sebastian, Madrid.

1952-Canta em Nova Iorque, na boate La Vie En Rose, durante quatro meses, em festas e no rádio, recebendo convites para actuar na Broadway, cantando cantigas em Inglês. Actua em Genebra Lausana, Madrid Inicia a sua colaboração com a editora descográfica Valentim de Carvalho, gravando em Londres, nos estúdios de Abbey Road, colaboração que se mantém até hoje.

1953-Primeira artista Portuguesa a actuar na televisão, no Eddie Fisher Show, em Nova Iorque. Prolongadas estadias no México, começando a cantar rancheras.

1954-Actua no Mocambo, em Hollywood, recebendo convites para o cinema, e em Nova Iorque. Oito meses no México.

1955-Estreia-se no teatro declamado, como protagonista do drama A Severa, de Júlio Dantas, com Assis Pacheco e Paulo Renato, Filma em Lisboa e Paris, Les Amants du Tage, realização de Henri Verneiul, com Daniel Gélin, Françoise Arnoul e Trevor Howard, onde cria Barco Negro. Filma, no México, Musica de Siempre, com Edith Piaf, Yma Sumc, Liberal Larmarque Agustin Lara. Filma April in Portugal, produção inglesa em technicolor e cinemascope, onde canta Coimbra, de Raul Ferrão actua no Brasil, México, Espanha.

1956-Canta no Olympia, em Paris, como segunda vedeta, fazendo dois programas consecutivos, mudando todo o restante elenco, caso inédito. Actua na Côte d'Azur, Bélgica, Argélia, México, Brasil.

1957-Canta no Olympia, como primeira vedeta absoluta, começando a cantar em francês, criando Aie, Mourir pour Toi, escrito expressamente por Charles Aznavour. Actua no filme mexicano Canciones Unidas. Canta em França, Suécia, Suíça, Venezuela.

1958-Protagonista de Sangue Toureiro, realizado por Augusto Fraga, com Diamantino Viseu, primeiro filme Português colorido, onde cria Amor Sou Tua, de Valério. Canta, pela primeira vez, na televisão Portuguesa, onde também representa a peça O Céu da Minha Rua, de Romeu Correia. Canta no Brasil, Bélgica, Suécia, Dinamarca, Espanha. Na Feira de Bruxelas, recebe de Marcelo Caetano, Ministro da Presidência, a Ordem Militar de Santiago da Espada, grau de cavaleiro.

1959-Canta no Olympia, em Paris, por toda a França, em Espanha, Tunísia, Argélica, Grécia, Israel. Na Câmara Municipal de Paris recebe a Medalha de Honra de Prata da Cidade de Paris.

1960-Canta no Olympia e no Bobino, em Paris, Espanha, Tunísia, Argélia, Grécia, Bélgica.

1961-Casa, no Rio de Janeiro, com o engenheiro César Seabra, anunciando abandonar a vida artistica, para ficar a viver na Copacabana.

1962-Canta no Festival de Edimburgo, Angola, Espanha, e, em Paris, no Théâtre ABC e na boate La Tête de l'Art. É publicado o disco Asas Fechadas, grande viragem na sua vida artística, onde canta o seu poema Estranha Forma de Vida, povo Que Lavas No Rio, de Pedro Homem de Mello, poemas de David Mourão Ferreira e Luís de Macedo e, pela primeira vez, músicas de Alain Oulman.

1963-Canta no La Tête de l'Art, grande temporada, Savoy, em Londres, França, Líbano.

1964-Filma Fado Corrido, com e realizado por Jorge Brum do Canto, onde cria Cantiga da Boa Gente. Canta no La Tête de l'Art, França, Itália, Bélgica, Holanda, Espanha.

1965-Filma Les Íles Enchantées, com Pierre Vaneck e Pierre Clementi, realizado por Carlos Villardebó, por cuja interpretação ganha o prémio do SNI para a melhor actriz. Actua no Bobino, em França, Espanha, Bélgica, Holanda. No meio de grande polémica, canta poemas de Luís de Camões, com musica de Alain Oulman, a que se seguiram todos os grandes poetas da língua Portuguesa, antigos e modernos; cancioneiros, Bernardim Ribeiro, Castilho, José Régio, Afonso Lopes Vieira

1966-É editado o primeiro disco em que recria todo folclore, a que mais dois se seguirão. Com uma grande orquestra sinfónica, dirigida por André Kostelanetz, actua no Lincoln Center, em Nova Iorque, e no Hollywood Bowl, em Los Angeles, Canta no La Tête de l'Art, em Israel, Brasil, África do Sul, Angola, Moçambique. Filma a produção Francesa Via Macau, onde cria Le Premier Jour du Monde. Recebe o Prémio Pozal Domingues pelo disco Fandangueiro.

1967-É figura central das Olympíades du Music-Hall, no Olympia, dedicadas a Portugal. Canta em França, Canadá E.U.A., Brasil, Argentina, Uruguai. Em Cannes, recebe o prémio MIDEM, para a artista que mais discos vende no seu país, facto que se repete nos dois anos seguintes, proeza só igualada pelos Beatles.

1968-Volta ao Lincoln Center, com a orquestra de André Kostelanetz. Interpreta, na televisão, a protagonista de A Sapateira Prodigiosa, de Frederico García Lorcal. Actua na Roménia, Espanha, França, Canadá. Nunca deixando de cantar todo o género de cantigas Portuguesas, recuperando grandes sucessos dos teatro e do cinema, atinge com Vou Dar de Beber À Dor, de Alberto Janes, o recorde absoluto de vendas em Portugal, logo com versão em Francês, Italiano, Espanhol, escrevendo aquele músico e poetas uma série de grandes êxitos, todos de sucesso internacional. Recebe do Estado Espanhol a Ordem de Isabel Católica, laço de dama.

1969-Convidada de honra do Festival du Marais, em Paris, e das Olimpíadas da Canção, em Atenas. Grande tournée à URSS. Canta em Nova Iorque, França, Moçambique, Rodésia, África do Sul. Recebe o Prémio Pozal Domingues pelo disco Vou Dar de Beber À Dor

1970- Canta no Teatro Sistina, em Roma, não parando mais de actuar na Itália, de norte a sul. Canta no Sankei Hall, em Tóquio, passando a fazer actuações regulares no Japão. Actua em Nova Iorque, França, Bélgica, Holanda. É publicado o disco Com Que Voz, onde canta os grandes poetas Portugueses, com música de Alain Oulman, que é galardoado com o Grand Prix de la Ville de Paris, IX Prémio Discográfico da Crítica Italiana. Recebe do Presidente da República, Américo Thomaz, a Ordem Militar de Santiago da Espada, grau de oficial. Recebe do estado Francês a Ordem Militar de Santiago da Espada, grau de cavaleiro.

1971-Representa na telenovela Brasileira Os Deuses Devem Estar Mortos. Canta em Itália, Inglaterra, França, RFA, Espanha, Líbano, Tunísia, Angola. Recebe do ministro dos Negócios estrangeiros do Líbano a Ordem dos Cedros do Líbano.

1972-No Canecão, Rio de Janeiro, canta e conta a sua vida no espectáculo Um Amor de Amália, que volta à cena no ano seguinte. Canta no La Tête de l'Art, Itália, Austália, França, Líbano, Tunísia, Angola, Moçambique, África do Sul, Rodésia.

1973-Canta em Itália, França, Brasil, Espanha, Líbano, Suécia. É publicado o disco Encontro, onde é acompanhada pelo sax tenor americano Don Byas.

1974-Canta no Théâtre de la Ville, em Paris, Espanha, Itália, França, Bélgica, Holanda.

1975-Canta no Olympia, em Paris, no Canergie Hall, em Nove Iorque, Itália, Bélgica, Canadá. Grandes tournées por Portugal.

1976-Canta no Théâtre des Champs Elysées, em Paris, Japão, Roménia, Itália, Brasil, Espanha. É publicado pela UNESCO o disco Le Cadeau de la Vie, onde Figura ao lado de Maria Callas, John Lennon, Yehudin Menuhin, Aldo Ciccolini, Gyorgy Cziffra, Daniel Batenboim.

1977-Canta no Carnegie Hall, em Nova Iorque, Espanha, França, Bélgica, Itália, Israel. É publicado o disco Cantigas Numa Língua Antiga, todo com poemas de grandes poetas e música de Alain Oulman.

1978-Canta em Itália, França, Suíça, Bélgica, África do Sul, Zimbabwe, Canadá, Venezuela, Argentina, Brasil.

1979-Canta em Itália, RFA, Holand, Bélgica, França, Brasil.

1980-Canta no The Newport Music Festival, em Itália, França, Bélgica, Holanda. É publicado o disco Gostava de Ser Quem Era, todo com poemas seus. Recebe do Presidente da República, Ramalho Eanes, a Ordem do Infante D. Henrique, grau de grande oficial. Recebe a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa.

1981-Canta em Itália, Suíça, Holanda. Bélgica, Brasil, Argentina, Chile, RFA.

1982-Actuações não regulares por doença. É publicado o disco Amália Volta a Cantar Frederico Valério.

1983-Convidada de honra do Festival da Canção de Atenas, canta em Itália, África do Sul, Brasil, Holanda, Bélgica. É publicado o disco Lágrima, todo com poemas seus.

1984-Um ano de paragem por doença. É publicado o disco Amália Na Broadway, todo com cantigas em Inglês, acompanhado por uma orquestra dirigida por Norrie Paramor, gravado em 1965. 

1985-Reaparição triunfal no Coliseu dos Recreios, Olympia, Coliseu do Porto, Itália. Recebe de Jack Lang, Ministro da Cultura de França, a Ordem das Artes e das Letras, grau de comendador. Em Toronto, o dia 6 de Outubro passa a ser Dia Oficial de Amália Rodrigues.

1986-Grande homenagem no Casino de Paris, canta em Itália, Bélgica, Japão, Turquia, Inglaterra.

1987- Canta no Olympia, em Paris, Itália, Suíça, Bélgica, Holanda, RFA, Coliseu dos Recreios, Coliseu do Porto. É publicado Amália, Uma Biografia, de Vítor Pavão dos Santos.

1988-Canta em Itália, Japão, Suécia, Bélgica. Holanda, Luxemburgo.

1989-Grandes comemorações dos 50 anos de actividade artística. Museu Nacional do Teatro: Amália. 50 Anos, retrospectiva de toda a carreira. Cinemateca Portuguesa: retrospectiva de todos os seus filmes. Espectáculos de homenagem nas Termas de Caracala, em Roma. Recebe de Jacques Chirac, Presidente da Câmara de Paris, a Grande Medalha de Vermeil da Cidade de Paris. No Vaticano, é recebida em audiência privada pelo Papa João Paulo II. É convidada de honra do Estado Francês para as Grandes Comemorações do Bicentenário da Revolução Francesa.

1990-Grande espectáculo de homenagem no Coliseu dos Recreios, onde recebe, em cena aberta, do Presidente da Republica, Mário Soares, a Ordem Militar de Santiago da Espada, Grãcruz. Homenagens em Madrid, Paris, Tóquio, Rio de Janeiro, Nova Iorque, Lisboa, no Teatro Nacional de S. Carlos e no Coliseu do Porto. É publicado o disco Obsessão. É publicado o vídeo Amália em New York, realizado por Bruno de Almeida.

1991-Recebe de François Mitterrand, Presidente da República de França, a Legião de Honra.

1992-É publicado Amália. Uma Estranha Forma de Vida, fotobiografia, por Vítor Pavão dos Santos.

1993-Continua sendo homenageada por todo o mundo.

1994-Acuta no Coliseu dos Recreios, num emocionante espectáculo integrado em Lisboa 94. Lisboa Capital Europeia da Cultura.

1995-São apresentados na Radiotelevisão Portuguesa, e depois publicados comercialmente, uma colecção de cinco vídeos, procurando abranger toda a sua carreira, Amália, Uma Estranha Forma de Vida, realização de Bruno de Almeida, textos e investigação de Vítor Pavão dos Santos. É publicado o disco Pela Primeira Vez, com as primeiras gravações.

1996-Pausa por doença grave.

1997-Completamente restabelecida, prepara-se para voltar a cantar. Depois de 36 anos de um casamento envolto na mais perfeita compreensão e profunda ternura, dá-se a morte súbita de César Seabra.

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