A Magestosa Ponte de D.Luis I

DO TEXTO:

Uma das obras mais emblemáticas do Porto é, sem dúvida, a majestosa ponte metálica D. Luís I, considerada imóvel de interesse público pelo decreto n.° 28/82, de 26 de Fevereiro. A ideia de construir esta ponte surgiu a partir de 1879, quando a ponte pênsil já apresentava evidentes sinais de degradação, impondo-se a sua substituição por outra mais sólida e funcional. Inicialmente, pensou-se numa estrutura semelhante à ponte Maria Pia, construída a cerca de 500 metros a nascente e inaugurada em 1877.

Entre vários outros concorrentes, a empresa francesa de Gustavo Eiffel (que construiu a ponte ferroviária) apresentou, em 1879, um ante-projecto para essa ponte, contemplando um sistema de arcos rígidos, em forma decrescente e com dois tabuleiros. Nesse projecto, o tabuleiro superior não atingia grande altura e o trajecto seria feito em parte pelo intradorso do arco, que deveria ter 155 metros de abertura.

No tabuleiro inferior estabelecia-se uma ponte levadiça para permitir a passagem de navios até 35 metros de mastreação. Este projecto foi rejeitado, por não corresponder aos objectivos pretendidos e oferecer algumas dificuldades de execução.


A curvatura do arco da Ponte D. Luís foi uma inovação de Seyrig neste género de construções e mereceu um prémio internacional. Mais um motivo de orgulho para os tripeiros.

Foi então incumbido o engenheiro João Joaquim de Matos de elaborar um anteprojecto para servir de base ao concurso. Este projecto previa dois tabuleiros: o inferior para servir as populações ribeirinhas do Porto e Gaia e o superior, desde as proximidades do cruzamento das ruas Chã e de Santo António do Penedo (actual Saraiva de Carvalho), até à parte inferior da esplanada do quartel da Serra do Pilar.

Esses tabuleiros mediam, respectivamente 174 e 390 metros de extensão. Aberto o concurso e publicado o caderno de encargos em 11 de Agosto de 1880, concorreu à sua execução a «Sociedade Anónima de Construção e Oficinas de Willbroeck», da Bélgica, com um projecto do engenheiro Teófilo Seyrig (sócio de Eiffel, na construção da ponte Maria Pia), tendo-lhe sido adjudicada a construção por contrato de 369.000$000 reis, assinado em 28 de Novembro de 1881.


O arco desta ponte, com 178 metros de corda e 44,60 de flecha, é constituído por duas curvas parabólicas divergentes: no nascimento das curvas a abertura entre a duas linhas é de 17,8 m. e no fecho, 7,7. A curvatura deste arco é uma inovação de Seyrig e foi distinguida com um prémio internacional. A sua montagem principiou desde os estribos, sustentando-se as peças até à junção das metades, com cabos de aço fixos no tabuleiro superior.

Os encontros do arco são de cantaria e funcionam também como bases dos pilares que sustentam o tabuleiro superior. Deste tabuleiro, colocado 60 metros acima do nível do rio, descem quatro alças de cada lado que, ligadas ao arco, terminam ao nível do banzo inferior das vigas do tabuleiro que sustentam. O tabuleiro superior compõe-se de vigas rectas de nove tramos de rótulos (dos quais cinco pertencentes ao arco); o inferior, de cinco tramos de vigas de rótulo.


Inicialmente, o tabuleiro superior media seis metros de largura e tinha pavimento de macadame, mas reconhecendo-se que seria insuficiente (já que os carros americanos em trânsito ocupariam dois metros de largura), foi alterado por contrato de 20 de Abril de 1882, alargando-o para oito metros, incluindo a faixa de rodagem, com pavimento em paralelepípedos de madeira, duas guias de pedra e dois passeios de ladrilho refractário, o que elevou os custos da ponte para 402.964$746 reis. O pavimento inferior, com 11,70 metros acima do rio, tem também oito metros de largura, contando a faixa de rodagem, as guias e os passeios. O ferro utilizado nesta ponte ascende a 3.045.747 kg (165.100 dos pilares, 1.659.688 do arco, 130.000 da suspensão entre os tabuleiros, 662,479 do tabuleiro superior e 428.480 do inferior).



Acabada a obra, foram efectuadas as provas de resistência, determinadas pela portaria de 26 de Maio de 1886, com uma carga calculada de duas toneladas por metro linear de viga. Em 31 de Outubro de 1886, dia do seu aniversário natalício, o rei D. Luís I inaugurou solenemente a tabuleiro superior da ponte, recebendo esta o seu nome; benzeu-a o cardeal D. Américo, bispo da diocese.


Mais de três mil toneladas de ferro foram utilizadas na construção da Ponte D. Luís I

No âmbito do projecto do metropolitano de superfície a implementar na área do Grande Porto, o tabuleiro superior da Ponte D. Luís será utilizado exclusivamente pelo «metro», sendo entretanto construído, do lado nascente desta ponte, um novo atravessamento (que se chamará Ponte do Infante), com projecto lançado em 1997, e que ligará as Fontainhas, do lado do Porto, à Serra do Pilar, em Gaia, para substituir a D. Luís no tráfego rodoviário.



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