Dmitri Shostakovich > Orquestra de Câmara Portuguesa - CCB 4/12

DO TEXTO: Não há uma morte «natural» descrita em toda a obra e é significativo que todos os quatro poetas cujas palavras Shostakovich escolheu para esta...
Orquestra de Câmara Portuguesa.


Dmitri Shostakovich
Orquestra de Câmara Portuguesa


CCB . 4 dezembro . domingo . 17h00 . Grande Auditório

Programa

Dmitri Shostakovich (1906-1975) Concerto em Dó menor,
para piano, trompete e orquestra, op. 35
Dmitri Shostakovich Sinfonia n.º 14, em Sol menor, op. 135

Ficha artística

Trompete João Moreira
Soprano Natalyia Stepanska
Baixo Laurence Meikle
Piano Vasco Dantas Rocha
Direção musical Pedro Carneiro
Orquestra de Câmara Portuguesa

“Dmitri Shostakovich é sem dúvida um dos pilares da história da música do século XX. Dono de uma trajetória única e turbulenta, foi ao mesmo tempo combatido e homenageado pelo regime soviético, vivenciando tanto a vanguarda artística dos primeiros tempos pós-revolução russa, quanto as perseguições estalinistas. Neste concerto vamos poder ouvir duas obras fundamentais para o repertório de qualquer orquestra de câmara, ambas as obras tendo por base a orquestra de cordas: o Concerto para piano, trompete e orquestra de cordas, marcado ainda por um certo otimismo característico da juventude, e a Sinfonia n.º 14, marcada pelo pessimismo e pelo sarcasmo do final da maturidade de Shostakovich.

O Concerto para piano, trompete e orquestra de Cordas é uma prova clara da atitude despreocupada e quase superconfiante do jovem compositor, desde o comentário do trompete sobre as rápidas passagens virtuosas, às citações, paródias e até às piadas musicais. Dmitri Shostakovich tinha 27 anos de idade, quando compôs este concerto.

Por sua vez, a Sinfonia n.º 14 fala-nos de morte. Não da morte natural, mas sobre a morte causada por assassinato, opressão e guerra. Na verdade, não há uma morte «natural» descrita em toda a obra e é significativo que todos os quatro poetas cujas palavras Shostakovich escolheu para esta sinfonia tenham morrido em circunstâncias tudo menos naturais. Lorca foi baleado sem julgamento durante a Guerra Civil Espanhola; Apollinaire morreu em 1918 dos ferimentos que recebeu durante a Primeira Guerra Mundial; Rilke morreu em 1926, aos 51 anos, de uma forma rara de leucemia; e Küchelbecker foi enviado para a Sibéria por causa da sua participação na fracassada revolta de dezembro contra os czares em 1825, onde morreu surdo e cego em 1846. A sinfonia de Shostakovich é uma homenagem a todos os que morreram na dor, mas particularmente aos colegas artistas que acabaram por ser vítimas destas mortes violentas.

Esta sinfonia foi concluída na primavera de 1969 e estreou no final desse ano. É uma obra para soprano, baixo e uma pequena orquestra de cordas com percussão, composta por onze arranjos encadeados de poemas desses quatro autores. Uma resposta criativa às Canções e Danças da Morte de Modest Mussorgsky, que Shostakovich tinha orquestrado em 1962. Esta sinfonia foi dedicada a Benjamin Britten e, nas palavras de Shostakovich, é o resultado de todo o trabalho desenvolvido por ele até à data.” 

André Cunha Leal 

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