18ª Edição do Escritor do Mês na Biblioteca Camões - Revisitando JOSÉ LUANDINO VIEIRA | CCP Luanda 29/07

DO TEXTO: “Escritor do Mês na Biblioteca Camões” José Luandino Vieira, dias 8 e 29 de junho.

“(…) a questão da fome, a questão da repressão, a questão de surgirem personagens de camadas e classes sociais que, até aí, eram segregadas da literatura, parece-me (hoje, a esta distância, tanto quanto me vejo, até como personagem do meu próprio destino), parecem-me correctas…
Quando escrevi o “Luuanda” a minha preocupação era ser o mais fiel   possível àquela realidade. Se a fome, a exploração, o desemprego, surgem com muita evidência, não se trata de uma atitude preconcebida, de uma atitude consciente. É porque isso era – digamos assim – o aquário onde meus personagens e eu circulavamos ….”
(entrevista de Luandino Vieira  em 1994)

O CAMÕES/CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS, no quadro do seu desígnio de promoção da leitura e de divulgação de autores de língua portuguesa, criou na sua BIBLIOTECA um Núcleo de Leitura, que revisita autores consagrados de língua portuguesa, através da leitura colectiva de extractos das respectivas obras e biografias. Este Núcleo de Leitura, com momentos interactivos, conta com a participação activa de jovens, sobretudo, estudantes universitários e pré-universitários, utentes da Biblioteca.

Em dois dias de cada mês, a obra e a biografia do autor escolhido são revisitadas e analisadas.   

Na 18ª Edição/Julho de 2019 do “Escritor do Mês na Biblioteca Camões”, nos dias 8 (2ª feira) e 29 de Junho (2ª feira), a partir das 10H00, será revisitada a obra de JOSÉ LUANDINO VIEIRA, pseudónimo literário de José Vieira Mateus da Graça. Autor de uma vasta e diversificada obra literária, que inclui Contos, Romance, Novela, Infanto/juvenil e alguma poesia não publicada.

JOSÉ LUANDINO VIEIRA nasceu em Ourém, em 1935. Com apenas três anos de idade partiu para Angola e passou toda a infância e juventude em Luanda, onde concluiu o ensino secundário. Com o eclodir da guerra colonial, ingressou nas fileiras do MPLA e participou activamente no movimento de libertação nacional. Foi várias vezes detido pela polícia política - PIDE. Em 1961, foi condenado a 14 anos de prisão. Em 1964, foi transferido para o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde ficou detido durante oito anos. Iniciou a publicação da sua vasta obra, escrita, na grande maioria, nas prisões por onde passou.

Em 1975, regressou a Angola, onde desempenhou vários cargos, designadamente Director do Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA (1975-1979), Director da Televisão Popular de Angola (1975-1978), Director do Instituto Angolano de Cinema (1979 – 1984), Co-fundador da União dos Escritores Angolanos, de que foi Secretário-Geral (1975-1980 e 1985-1992) e Secretário-Geral da Associação dos Escritores Afroasiáticos (1979-1984).

Foram-lhe atribuídos vários Prémios, designadamente Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores. Prémio Camilo Castelo Branco (1965), Prémio Sociedade Cultural de Angola (1961), Prémio Casa dos Estudantes do Império (1963), Prémio Mota Veiga (1963), Prémio Camões (2006). Recusado pelo Autor, por se considerar um “escritor morto”.

Em 1992, o fracasso das primeiras eleições em Angola e o recomeço da guerra, foram as principais razões do seu regresso a Portugal. Radicou-se no Minho, próximo de vila Nova de Cerveira, onde vive isolado, dedicando-se à agricultura.

Sobre JOSÉ LUANDINO VIEIRA diz José Eduardo Agualusa “Luandino Vieira é um nome tão grande da literatura portuguesa que a sua distinção já há muitos anos era esperada. A sua obra tem um enorme valor e este prémio é um reconhecimento da dinâmica das literaturas africanas e do vigor da Língua Portuguesa em África”.

Segundo Lídia Jorge, “Luandino Vieira é também um marco revolucionário pelo movimento que criou em Portugal a favor da liberdade de expressão”.

Para Eduardo Lourenço, Luandino Vieira é um autor que conta na literatura de Língua Portuguesa porque foi, a certa altura, quase um símbolo de rebelião”.

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