31.º Bate-papo entre Roberto Carlos e eu – A Lei de Murphy

DO TEXTO: Os ficcionistas podem dar asas à imaginação e tornar possível o que muitas vezes se nos afigura impossível e até transformar um mal numa dádiva.

Composição: Foto de Roberto Carlos no palco, numa pose que lembra uma das Leis de Murphy: "Se alguma coisa pode dar errado, dará".


 
 

A LEI DE MURPHY

 
 
 
Por: Armindo Guimarães


Dizem que há males que vêm por bem e é verdade.

É sabido que os shows de Roberto Carlos são programados com bastante antecedência e que tudo é preparado até ao último detalhe de forma a que nada falhe. Ora, no dia 6 de Junho de 2009, no Siará Hall, de Fortaleza, Brasil, aconteceu um pequeno incidente durante o show realizado no âmbito das comemorações dos 50 anos de carreira de Roberto Carlos, um mal que redundou num bem para mim e depois para o próprio Roberto Carlos que desta forma conseguiu obter o ânimo necessário para retomar o show que havia sido interrompido.

Os ficcionistas podem dar asas à imaginação e tornar possível o que muitas vezes se nos afigura impossível e até transformar um mal numa dádiva. Não sei se alguma vez um ficcionista se iria lembrar de imaginar tal incidente para especular sobre isto e aquilo. Só sei que o incidente que vou relatar aconteceu de verdade e que mais uma vez se prova que há males que vêm por bem, como adiante se poderá constatar.

6 de Junho de 2009, Sábado, 22,16h em Fortaleza
7 de Junho de 2009, Domingo, 02,16h em Portugal
O meu telemóvel toca (música E por isso estou aqui do CD ‘Inesquecível’ do maestro Eduardo Lages).
Chamada anónima.
E eu atendo.

ARMINDO – Estou!
ROBERTO - Oi, Mindo! Como cê tá, cara?
ARMINDO – Olá, viva! Quem fala?
ROBERTO – Sou eu, bicho! Quando cê topa logo que sou eu que tô lhe telefonando, rapaz?
ARMINDO – És tu, Roberto?
ROBERTO – Não, bicho! Sou o Papai Noel! Eheheheheh
ARMINDO – Ó Berto como é que tu querias que eu visse logo que eras tu, pá?
ROBERTO – Puxa, vida, rapaz! Dia 5 de Março fez 4 anos que vimos batendo papo e você ainda não reconhece minha voz, cara?
ARMINDO – Ó pá, sabes bem que andam por aí muitos gajos a querer imitar-te e por isso não me admirava nada que fosse algum brasuca querendo pegar comigo. Além disso, a esta hora não devias estar no Siará Hall de Fortaleza?
ROBERTO – É onde estou, bicho!
ARMINDO – Queres dizer que está no intervalo e aproveitaste pra bater um papo comigo? Nem estou em mim, carago!
ROBERTO – Não está no intervalo, cara! Imagine que estava eu iniciando meu show quando de repente o som começa dando retorno. Fiz sinal pros bastidores reclamando, retirei o microfone do pedestal e o joguei pro lado continuando a cantar. Mas mesmo assim, como o problema persistia, fiz sinal a Edu pra aguentar a parada e me retirei do palco chamando Genival.
ARMINDO – Ena, pá! E o Edu como é que aguentou a barra?
ROBERTO – Como aguentou, não! Como está aguentando. Cê não está a ouvir ele, não?
ARMINDO – Ó Berto, não consigo ouvir nada, pá! Não me digas que o gajo está a contar umas anedotas para a galera! eheheheheh
ROBERTO – Que nada, bicho! Ele está numa de improviso inventando assunto como inventa lá no blogue dele eheheheheh. Neste momento ele está pedindo pro público aguardar um minuto enquanto a equipe de som resolve a falha técnica. Como já se passaram 5 minutos, aí ele está inventando assunto dizendo que está feliz por estar aqui e como é grande o amor da galera pelo rei. Eheheheheh
ARMINDO – Ó Berto, o Edu é do baril, pá! Olha, se ele tivesse aprendido umas mágicas com o seu netinho Enrico, a esta hora ele podia era estar a fazer umas mágicas pro público para passar o tempo. Eheheheheh
ROBERTO – Puxa vida, cara! Cê ainda é pior do que Edu pra inventar, mora! Imagine Edu no palco dando uma de Mandrake! Eheheheheh Só você pra me animar, bicho! Eheheheheh
ARMINDO – Ó Berto, o Genival já está a tomar conta da ocorrência, pá?
ROBERTO – Bem que eu chamei por ele, mas Genival nada! Quando eu pensava que ele já estava tratando de arrumar uma solução pro problema técnico, fui dar com ele jogando cartas com o Guto que entusiasmado com o jogo já nem sabe onde param as fitinhas pra entregar ao pessoal que depois do show irá me visitar em meu camarim. Imagine só a minha sorte, bicho!
ARMINDO – Ó Berto, tens que ter paciência, pá! Sabes que isso são coisas que acontecem.
ROBERTO – Estar jogando cartas durante o show e perder as fitinhas prós visitantes são coisas que acontecem, cara?!
ARMINDO – Não me refiro ao jogo das cartas entre o Genival e o Guto, nem à perda das fitinhas, mas sim ao retorno do som.
ROBERTO – E mesmo essa do retorno de som não dá pra entender como é possível um gajo, digo, um cara, ter uma das melhores equipes técnicas do mundo e acontecer estes incidentes, mora!
ARMINDO – Ó Berto essas contingências acontecem aos melhores, pá!
ROBERTO – Mas não pode acontecer, Mindo! Cê conhece a Lei de Murphy?
ARMINDO – Quê, tu agora andas numa de legislação?
ROBERTO – Que nada, cara! Tô falando de Edward Murfhy que um dia disse que se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará no pior momento possível. E essa lei toda a minha equipa técnica devia saber de cor, se prevenindo para que coisa alguma não possa dar errada. Mas em vez disso, uns estão jogando cartas, outros no celular namorando e outros com fones nos ouvidos transando música.
ARMINDO – Ó Berto, esses que dizes que estão com os fones nos ouvidos até podem estar a ouvir músicas tuas, pá!
ROBERTO – Músicas minhas? Essas eles são obrigados a ouvir a toda hora, bicho! Eles estão ouvindo a concorrência, mora! Há dias fui dar com Jurema e Ana Lúcia ouvindo música em seus celulares e aí eu perguntei pra elas: queridinhas cês estão ouvindo minhas músicas, é?
ARMINDO – Ó Berto, se calhar elas estavam a ouvir “os botões da blusa que você usava, e meio confusa desabotoava, iam pouco a pouco, me deixando ver…, ”. Eheheheheh
ROBERTO – Que nada, bicho! Imagine que elas estavam ouvindo a concorrência, mora!
ARMINDO – A concorrência? Ó pá, que eu saiba ninguém te faz concorrência.
ROBERTO – Isso é o que cê diz! Imagine que elas estavam ouvindo Roberto Leal e Gilmelândia naquela música “eu vou levar axé pra Portugal e no Brasil eu vou virar no Carnaval…”, ao mesmo tempo que rolavam o corpo ao som da música.
ARMINDO – Foi um forrobodó do carago! Eheheheheh
ROBERTO – Cê sabe o que faz isso? É eu ser um bonzão pra todo mundo e depois é o que se vê, né?! Aí eu perguntei pra elas: - Se desforrando no no axé e no vira, é?
ARMINDO – eheheheheh E elas o que te responderam?
ROBERTO – Responderam em coro como é costume: “Roberto nós estamos sendo leais a você ouvindo Roberto Leal para variar. Afinal, é o portuga mais brasuca que a gente tem, né?”
ARMINDO – eheheheheh Ó Berto, elas falam sempre em coro, pá?
ROBERTO – É sempre, bicho! Elas sempre pensam que estão durante os ensaios. Se eu a qualquer momento disser pra elas: “Oi meninas, tudo bem com vocês?”, elas logo me respondem em coro: “Tudo legal, Roberto! E você, como vai?”. Sabe, Mindo, é muito ano fazendo coro e depois dá nisto. eheheheheh
ARMINDO – Essa é do baril, ó Berto! Nem imaginas a surpresa que está a ser para mim este nosso bate-papo. Tens é que ter paciência e pensamento positivo. Só assim consegues aguentar a barra pensando que logo tudo passa.
ROBERTO – Se deixe de bancar o entendido, mora! Como é possível um apologista do optimismo como você, dizer que este nosso bate-papo está sendo uma surpresa? Coit e Murphy já diziam que é impossível um optimista ter uma surpresa agradável. Por isso, às vezes é bom a gente ser pessimista para poder ter surpresas agradáveis. E tem mais, cara! Não se admire de eu estar telefonando pra você durante meu show, pois segundo Ducharme a oportunidade surge sempre no momento menos oportuno. eheheheheh
ARMINDO – Ó Berto, andas a ficar um filósofo do carago, pá!
ROBERTO – Mindo, eu disse pro Edu que quando fosse a hora de eu retornar no palco ele me avisasse piscando um olho. Acontece que eu o estou vendo agora piscando os dois olhos e agora eu estou na dúvida se devo ou não voltar pró palco. Só me faltava mais essa, mora!
ARMINDO – Ó Berto ainda não deve ser para entrares, pá! Se calhar o Edu piscou os dois olhos por ter ficado encandeado com as luzes do palco. Eheheheheh
ROBERTO – Olhe aí, cara! Agora chegou Genival me dizendo que eu já podia retornar no palco. E aí eu já vou entrando com um sorriso nos lábios me lembrando do portuga arretado. Eheheheheh Gudvai que eu gudfico, bicho! Aquele abraço!
ARMINDO – Sucesso pro show, pá! Grande abraço!
ROBERTO – Alô! Mindo, cê ainda está aí?
ARMINDO – Estou, pá!
ROBERTO – É só pra lembrar você de não se esquecer…
ARMINDO – Já sei, não te preocupes que eu quando passar para o papel este nosso bate-papo não me esquecerei de dizer que tudo é ficção. És sempre o mesmo, pá! Sempre a preocupares-te com coisas sem importância.
ROBERTO – eheheheheh Xau, bicho!
ARMINDO – eheheheheh Xau, pá!


AVISO:

O texto que acabaram de ler é fictício.
Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

A ficção revela verdades que a realidade omite
Jassemin West

POSTS RELACIONADOS:
Enviar um comentário

Comentários