DO TEXTO: Lá, onde a terra acaba e o mar começa, é Outono.
O Astro-Rei, espreitando entre as nuvens, parece espreguiçar-se. Na colina de Sant’Ana, uma das sete de Olisipo, a folha despede-se da sua árvore e nas asas de Éolo, filho de Poseidon, voou, voou, voou.
Pintura a óleo - A. Guimarães

Por: Armindo Guimarães
Lá, onde a terra acaba e o mar começa, é Outono.

O Astro-Rei, espreitando entre as nuvens, parece espreguiçar-se. Na colina de Sant’Ana, uma das sete de Olisipo, a folha despede-se da sua árvore e nas asas de Éolo, filho de Poseidon, voou, voou, voou.

Lá, onde o Deus Sol impera, uma cordilheira é guardiã de uma pirâmide ancestral em cujo cume a folha pousou.

Desenhem-me uma pista e um sinal urgentemente, que eu quero ver o meu amor ardente – rogou a folha aos deuses.



E os deuses, em vez de uma, desenharam na terra dezenas de pistas, qual Via Láctea, o antigo caminho do Sol, e qual Andrómeda, de Pégaso, que voou para o Olimpo onde Zeus o transformou numa constelação.

E os deuses, em vez de um, desenharam na terra dezenas de sinais de formas geométricas e colossais: o condor, a sereia, a flor, o papagaio, o cão, a aranha, o beija-flor, quais gravuras de um livro aberto, cujas páginas, ainda não folheadas, aguardam ser lidas para que, finalmente, revelem ao mundo os seus segredos.



Porque acreditou haver caminhos sem escolhos e que tinha aquecido a noite fria, dizem que a folha ainda hoje se encontra no cume da velha pirâmide, olhando as pistas e os seus sinais, esperando ver o seu amor envolto em luz.

Luz que o Deus Sol em forma de centelhas empresta a Vicanota que corre pacífico por entre as margens do Vale Sagrado onde fica a cidade perdida.

Lá, onde a terra acaba e o mar começa, é Primavera.


POSTS RELACIONADOS:
3 Comentários

Comentários

  1. Que lindo meu maninho escritor!

    Lindo, romântico e bem ao estilo de um Templário!

    Parabéns!

    Beijos,
    Guta

    ResponderEliminar
  2. Esses contos..... em que uma folha, na ansiedade louca de ver o seu amor ardente, desencadeou uma série de desenhos, por parte dos deuses.... provocam em mim uma gigantesca vontade de dizer ... que o Vicanota banhando ele o Vale Sagrado dos Incas, tem tudo a ver com a minha viagem de sonho... que é, visitar e viver a experiência única, de pisar o solo de Machu Picchu, sentir em mim todos os fluidos energéticos, que me transformariam nessa folha, que espera ansiosa... não sei se o seu amor envolto em luz.... mas, talvez a luz do amor, envolta nela!!!
    Adorei o conto... me encantou a espera *
    Beijos
    Natália Pires (Lita)

    ResponderEliminar

  3. Querido Armindo!

    Muitos são os Escritores, mas poucos os que tem o dom de nos fazer viver o momento descrito, com tamanha emoção, como se fizéssemos parte da história e Tu consegues nos envolver de uma maneira, que eu me senti aquela folha que voou, voou, voou...

    Um belíssimo e romântico Conto!

    Maravilhoso os desenhos das pistas e a foto que serve de ilustração é fantástica!

    Parabéns Armindo, mais uma vez vens confirmar que és um Grande Escritor!

    Beijinhos,
    Alba Maria


    ResponderEliminar