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Armindo Guimarães

Dizem que a folha ainda hoje se encontra no cume da velha pirâmide
Por: Armindo Guimarães
Lá, onde a terra acaba e o mar começa, é Outono.
O Astro-Rei, espreitando por entre as nuvens, parece espreguiçar-se. Na colina de Sant’Ana, uma das sete de Olisipo, a folha despede-se da sua árvore e, nas asas de Éolo, filho de Poseidon, voou, voou, voou.
Lá, onde o Deus Sol impera, uma cordilheira guarda uma pirâmide ancestral no cume da qual a folha pousou.
"Desenhem-me uma pista e um sinal, urgentemente, que eu quero ver o meu amor ardente" – rogou a folha aos deuses.
E os deuses, em vez de uma, desenharam na terra dezenas de pistas, qual Via Láctea, o antigo caminho do Sol, e qual Andrómeda, de Pégaso, que voou para o Olimpo, onde Zeus o transformou numa constelação.
E os deuses, em vez de um, desenharam na terra dezenas de sinais de formas geométricas e colossais: o condor, a sereia, a flor, o papagaio, o cão, a aranha, o beija-flor – quais gravuras de um livro aberto, cujas páginas, ainda não folheadas, aguardam ser lidas para que, finalmente, revelem ao mundo os seus segredos.
Porque acreditou haver caminhos sem escolhos e que tinha aquecido a noite fria, dizem que a folha ainda hoje se encontra no cume da velha pirâmide, olhando as pistas e os seus sinais, esperando ver o seu amor envolto em luz.
Luz que o Deus Sol, em forma de centelhas, empresta ao Vilcanota que corre pacífico por entre as margens do Vale Sagrado onde fica a cidade perdida.
Lá, onde a terra acaba e o mar começa, é Primavera.
Roberto Carlos - Folhas de Outono

Escriba das coisas da vida e da alma. Admin., Editor e Redator do luso-brasileiro Portal Splish Splash. Máxima favorita: "Andamos sempre a aprender e morremos sem saber".
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Comentários
Comentários
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Que lindo meu maninho escritor!
ResponderEliminarLindo, romântico e bem ao estilo de um Templário!
Parabéns!
Beijos,
Guta
Esses contos..... em que uma folha, na ansiedade louca de ver o seu amor ardente, desencadeou uma série de desenhos, por parte dos deuses.... provocam em mim uma gigantesca vontade de dizer ... que o Vicanota banhando ele o Vale Sagrado dos Incas, tem tudo a ver com a minha viagem de sonho... que é, visitar e viver a experiência única, de pisar o solo de Machu Picchu, sentir em mim todos os fluidos energéticos, que me transformariam nessa folha, que espera ansiosa... não sei se o seu amor envolto em luz.... mas, talvez a luz do amor, envolta nela!!!
ResponderEliminarAdorei o conto... me encantou a espera *
Beijos
Natália Pires (Lita)
ResponderEliminarQuerido Armindo!
Muitos são os Escritores, mas poucos os que tem o dom de nos fazer viver o momento descrito, com tamanha emoção, como se fizéssemos parte da história e Tu consegues nos envolver de uma maneira, que eu me senti aquela folha que voou, voou, voou...
Um belíssimo e romântico Conto!
Maravilhoso os desenhos das pistas e a foto que serve de ilustração é fantástica!
Parabéns Armindo, mais uma vez vens confirmar que és um Grande Escritor!
Beijinhos,
Alba Maria