Música no Museu abre 2026 com recital surreal de Ana Telles

O ciclo Música no Museu arranca no MAC/CCB com visita guiada e recital de piano de Ana Telles, cruzando surrealismo, arte e música contemporânea.
Cartaz oficial do ciclo Música no Museu no MAC/CCB.

Visita guiada e piano cruzam surrealismo, silêncio e poesia no MAC/CCB


Quando o museu escuta, a música ganha paredes e memória


Janeiro de 2026 começa cedo no MAC/CCB e começa bem. Logo no dia 3, o ciclo Música no Museu inaugura uma programação que cruza artes visuais e artes performativas, afirmando uma missão partilhada entre o Museu de Arte Contemporânea e o Centro Cultural de Belém: criar diálogos vivos entre obras, espaços e sons.

Até abril, uma vez por mês e sempre aos sábados, o Piso 2 do MAC/CCB transforma-se num território híbrido. Primeiro, uma visita guiada à exposição Uma deriva atlântica. Depois, um concerto ou recital pensado em sintonia com as obras e os movimentos artísticos em destaque. A fórmula é simples, mas eficaz: olhar, escutar e perceber como as artes do século XX conversam entre si sem pedir licença.

O ciclo arranca com Silêncio em três tempos surreais, recital de piano por Ana Telles, antecedido por uma visita guiada dedicada aos Surrealismos. O programa propõe uma travessia pelo insólito e pelo poético, explorando o humor, o sonho, a contemplação e a transcendência em obras dos séculos XIX e XX. De Satie a Messiaen, de Poulenc a Gubaidulina, o piano torna-se veículo de mundos interiores onde o tempo abranda e a lógica se dobra.

Nos meses seguintes, o diálogo continua. Em fevereiro, Elsa Silva interpreta Sonatas e Interlúdios, de John Cage, uma obra seminal para piano preparado que transforma o instrumento numa pequena orquestra de timbres inesperados, inspirada na filosofia indiana do rasa. Em março, o Duo Sirius mergulha no universo da repetição e do minimalismo, cruzando Steve Reich, Philip Glass e Arvo Pärt com compositores-guitarristas contemporâneos. Em abril, Camilla Mandillo encerra o ciclo com Three Voices, de Morton Feldman, uma peça entre o silêncio, a voz e a escuta profunda, onde música e poesia se encontram num equilíbrio frágil e hipnótico.

Música no Museu apresenta-se, assim, como um convite a redescobrir o espaço expositivo não apenas como lugar de contemplação visual, mas como cenário ativo para a experiência sonora. Que as artes dialogam não é novidade; a surpresa está na afinidade subtil entre a música experimental e as obras da Coleção Berardo, num ciclo que privilegia a escuta atenta e a curiosidade sem pressa.

Programa – 3 de janeiro, sábado
15h30: Visita guiada SURREALISMOS
16h00: Recital de piano Silêncio em três tempos surreais por Ana Telles
Erik Satie – Gnossiennes nº 1, 2 e 3
Mel Bonis – Mélisande
Francis Poulenc – Mouvements perpétuels
Giacinto Scelsi – Suite nº 9 Ttai (seleção)
Arvo Pärt – Für Alina
Olivier Messiaen – Regard des hauteurs e Regard du Temps
Sofia Gubaidulina – Chaconne

Duração aproximada
Visita guiada: 30 minutos
Concerto: 50 minutos
Entrada gratuita mediante aquisição do bilhete de entrada no museu, sujeita à lotação disponível.

Nota do Editor – Portal Splish Splash: Há programas que pedem pressa e outros que pedem silêncio. Este é claramente do segundo tipo. Vale a pena chegar cedo, ouvir devagar e deixar o museu falar.
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