Por Que a 'Coisa' das Estátuas dos Deuses Gregos Era Tão Pequena?

DO TEXTO: Artigo leve sobre tamanhos, mitos e comentários hilariantes que revelam como um pormenor anatómico divide opiniões desde a Antiguidade até às redes so

 

Da Filosofia ao Facebook: Como um Pormenor Anatómico Dividiu Gregos, Brasileiros e IA

Por: Armindo Guimarães

Estava a vaguear pelo Facebook à procura de algo interessante — coisa que se tem tornado cada vez mais difícil — quando, de repente, deparei com uma imagem de uma estátua de um deus grego, acompanhada da seguinte legenda: "Mulher faz descoberta surpreendente sobre por que todas as estátuas gregas têm órgãos genitais minúsculos". Num pequeno círculo, via-se o rosto de uma mulher (sem nome), que, deduzi, seria a autora de tão espantosa revelação.

Obviamente, um título como esse desperta a curiosidade de qualquer um, mesmo daqueles mais indiferentes a estátuas ou anatomia. Se a frase da imagem chamava a atenção, o título da publicação não ficava atrás: "A VERDADE SOBRE O PAU PEQUENO DAS ESTÁTUAS GREGAS!" — assim, sem tirar nem pôr. O texto começava por pedir calma a quem, ao observar uma estátua grega, se interrogasse sobre as modestas dimensões do órgão, referido ao longo do artigo como "equipamento", "pau", "instrumento" ou "ferramenta".

Segundo o post, na Grécia Antiga, um órgão pequeno era sinal de sofisticação e autocontrolo, próprio de homens civilizados e sábios, enquanto os avantajados eram associados a bárbaros, bêbados e descontrolados. Já nos dias de hoje, muitos preocupam-se com os centímetros — que, naquela época, eram exagerados apenas em figuras mitológicas de cariz selvagem, destacando assim o seu lado animalesco e grotesco.

Quanto aos deuses, os escultores esmeravam-se em retratá-los com a dignidade que lhes era devida, mantendo sempre discrição na "área de serviço".

E pronto! Fiquei a pensar que, afinal, tudo se resumia a uma questão de tamanho — e que, ao contrário do que muitos homens modernos acreditam, grandeza não era sinónimo de qualidade. Para os gregos antigos, a "versão mini" era a que denotava distinção, um pormenor que, bem vistas as coisas, não surpreende: estas modas de "curto e comprido" são cíclicas, como os cabelos masculinos ou os comprimentos das saias femininas.

Então, comecei a divagar: Afinal, o tamanho importa ou não importa? Ao contrário do que o texto sugeria, parece-me que o tamanho reduzido era muito valorizado na Grécia Antiga, enquanto hoje as preferências se inclinam para o oposto. Se os deuses fossem esculpidos agora, decerto os escultores seriam... mais generosos nas proporções.

Nesta espiral de divagações, ocorreu-me: Se a coisa era tão pequena, os deuses gregos deviam ver-se gregos para a encontrar quando precisavam de urinar.

O tema era pertinente, mas o texto deixava muitas dúvidas no ar. Lembrei-me então de que, por vezes, os comentários são mais reveladores do que o artigo em si. Ao explorar essa secção, descobri que não era o único com perguntas: havia centenas de reações, tanto de homens como de mulheres. Eis alguns exemplos:

F.T. Macula: "Na verdade, naqueles tempos, esses paus pequenos entravam em sítios pequenos. Hoje em dia já é diferente."
Marcio Tadeu Cunha: "É um consolo saber que posso ser considerado um sábio culto... Ufa!"
Ednamara Marques Alves: "Mente brilhante é prioridade, mas usar bem a ferramenta faz parte. Fechaduras de primeira têm a chave certa!"
Gildo Pacheco: "Às vezes não é a mobília que é pequena, é o cômodo que é enorme."
Darcio Braga: "Sou muito — muitoooo — muitoooooo inteligente."
Cleusa Sousa: Era para mostrar que o homem era mais que o órgão sexual (reprodutor) dele. Além do mais, a satisfação sexual pode ser alcançada até mesmo por pensamentos e sonhos.
Guilherme Santos: Traz bastante gesso pra minha estátua, pois vai precisar.
Ricardo Alano: Os escultores da época eram muito espertos, a tentativa de mostrar o negócio minúsculo era para as mulheres imaginarem que todos eram iguais, depois, quando encontravam seu parceiro e o negócio dele era um pouquinho maior ficavam pensando que ele era o cara.
Felizângela Delcia: Ainda bem que não fui daquela época.
Luisabel Schneider: O que o frio não faz. Imaginem os modelos nus em um inverno forte.
Denise Marciano: O importante não é o tamanho da varinha e sim a mágica que ela faz.
Mariah Sosa: Pasmem! Qualquer tamanho que seja, gera comentários.
Benedito: Aprendi em história das artes que na idade média, no principal movimento artístico, o Renascimento, consideravam o bilau pequeno, símbolo de inteligência.
José Pereira: Puxa, gostei dessa explicação. O mais importante é o carinho e cuidado que o marido tem com sua esposa. Nos comentários tem um monte de mentirosos falando de tamanho. Deem uma olhada.
Valdemar Batista: Nossa! Que descoberta surpreendente!
Zilnor Souza: Tive um colega de trabalho, que segundo ele, estaria se separando da esposa pelo tamanho exagerado.
Jbgnascimento Nascimento: Nesse caso, acho que sou uma estátua grega.
Isaias Rodrigues Souza: Acho que sou muito inteligente, se é que me entende.
Carlos Martins: Sou um deus grego. Eu sabia!
Mirtis Migllardi:  Pode ser mas, na banda de lá é tudo pequeno mesmo, agora pra banda de cá, dos Emirados Árabes pro Brasil é que a coisa cresce!
Aparicio Fula:  Só mesmo uma mulher pra ir mexer nesse assunto!
Helder Motta:  Nossa! Que notícia espetacular! Mudou a minha vida toda.
Ivan Vicente:  Estou entre a faixa dos sábios e dos bárbaros.
Luciane Chila:  Em pequenos frascos que se tem os melhores perfumes. Tinham que ser inteligentes mesmo pra satisfazer as mulheres de outra forma. As mulheres antigamente não sabiam muito sobre o sexo, agora hoje em dia se fossem fazer estas estátuas elas teriam 3 pernas. kkkkk
Gil Fontes: É por isso que as mulherada falam que eu sou muito inteligente e sábio. Agora tô sabendo por quê.
Gilberto Bratio: Já cá em Angola é as duas coisas. Pau big e mente brilhante. Qual bárbaro, qual quê?
Terezinha Porto: Esse é o consolo dos pobres em ferramenta.
Nelson Chaves: Pequeno ou grande o q interessa é q na hora de ir no tricki tricki o bicho funcione, né.
Gabriel Bernardino: A partir dessa descoberta, estou me sentindo um Platão.
Maria Freitas: Só me divirto! Todos discutindo sobre o bilau da estátua.
Lu Rodrigues: Eu descobrindo que meu ex era na verdade um Deus grego.
Joel Pereira Almeida Almeida: Coitadas das Mulheres de Atenas, até nisso foram castigadas.

Estes são apenas alguns dos mais de 1.400 comentários no Facebook. Como seria impossível reproduzi-los todos, deixo aqui o link para quem quiser explorar a discussão na íntegra. Dos que li, destacam-se algumas conclusões:

• A participação de homens e mulheres nos comentários está equilibrada.Quase todos debatem o comprimento, ignorando a espessura.
• Além dos termos usados no artigo ("equipamento", "pau", etc.), surgem outros nos comentários: "mobília", "bicho", "negócio", "varinha", "bilau".
• Muitos homens celebraram a descoberta de que, afinal, são "sábios e deuses gregos" — um chegou a declarar-se "um Platão", enquanto uma mulher desabafou: "Descobri que o meu ex era um deus grego."
• E, já agora, o que seria a "área de serviço" mencionada por um dos comentadores? E o que seria o "tricki tricki" referido por outro comentador?

 

A estas conclusões, acrescento cinco observações minhas:

 

1. Este assunto sobre a coisa — que, como vimos, deve ser a que tem mais sinónimos no mundo — é dos que mais atrai atenção, independentemente do género. Até quem desvaloriza o assunto acaba por o ler e comentar, o que prova o seu fascínio.
2. Apesar de já não ser tabu, persiste um certo pudor a respeito, talvez com base nos valores humanos que fundamentam a vida em sociedade.
3. Até mesmo as Inteligências Artificiais (IA), que por não terem sexo devem ser, pela mesma razão, mais inteligentes do que os deuses da Grécia Antiga e, como tal, deuses maiores, censuram a mostra da coisa. Para ilustrar este artigo, pedi a várias IA a seguinte imagem: "Apolo deus grego". A maioria geraram imagens de Apolo a meio corpo, da cintura para cima. Já a IA Leonardo, pura e simplesmente se recusou a gerar qualquer imagem com base no referido pedido, com esta resposta: "O nosso filtro de conteúdos detectou nudez e referências a conteúdos para adultos no seu prompt. Remova todas as referências a nudez e tente novamente.", ou seja, a IA Leonardo considerou "Apolo deus grego", uma frase com referências a nudez, em vez de vir com o truque da imagem a meio corpo. Perdi uma imagem mas ganhei o facto de ficar a saber mais sobre as malandras das IA.
4. O tema é intemporal e as IA sabem muito bem que com ou sem imagens, a coisa é sempre assunto da ordem do dia. Tão importante que a propósito deste assunto da coisa dos deuses gregos, lembrei-me de ir ver como parava o meu artigo sobre a coisa, publicado no Portal Splish Splash, sob o título "A maioria dos homens usa a coisa para o lado esquerdo, por quê?" e fiquei espantado! Imaginem, 180.809 visualizações, o post com mais visualizações desde a fundação do blogue em 07-07-2008.
5. Acerca da frase "estação de serviço" empregue por um comentador e da expressão "tricki tricki" utilizada por outro, pesquisei no Google e não vi nada que as relacionasse com os deuses da Antiga Grécia. Terão relação? Se alguém puder ajudar, agradeço.

E você? Prefere um deus grego sábio... ou um deus romano cheio de confiança? Seria interessante saber a sua opinião sobre a coisa, digo, sobre o assunto.

Para encerrar, nada como homenagear a Grécia e os Gregos com um "tricki tricki" — no caso, a música "Velvet Mornings (Triki Triki)", de Demis Roussos. Espero que gostem da... coisa.

Demis Roussos - Velvet Mornings (Triki Triki)

- - -  

 

ℹ️Ainda sobre a coisa, pode ler do mesmo autor: 

- "A maioria dos homens usa a coisa para o lado esquerdo, por quê?" 

- "Costureiros, estilistas, criadores, e designer criam modas, mas algumas podem fazer mal à coisa do Homem e da Mulher" 

- "Vestidos para Homem" 

 

Gostou do post ou tem sugestões?

✍️ Deixe aqui a sua opinião

ℹ️ Antes de enviar

• O formulário é externo (Google Forms) e 100% anónimo.
• Não recolhemos e-mails, nomes ou qualquer dado pessoal.
• As opiniões são lidas manualmente, sem resposta automática.
• Obrigado por colaborar!