"Na Luz do Poente" o novo álbum de BeDuet

Erguer uma matéria sonora, a partir apenas de dois instrumentos é um desafio, que os dois músicos têm tentado ultrapassar de várias formas...
Capa do novo álbum de BeDuet.

Linhas instrumentais que dialogam e se cruzam


O álbum «Na Luz do Poente», é fruto de um trabalho continuado de composição, por parte dos dois membros do BeDuet. Enquanto o primeiro álbum “Marés Suaves”, editado em 2020, continha composições criadas separadamente ou por Nuno Faria, ou por Sérgio Neves, o presente álbum consubstancia em cerca de metade dos temas, um trabalho de composição feito em coautoria. Outra virtude deste álbum, é trazer a público alguns temas compostos há muitos anos por cada músico, antes da existência do BeDuet. A cumplicidade que Nuno e Sérgio foram criando permitiu finalmente abrir espaço para a construção de arranjos e partilha de ideias sobre como construir composições que há muitos anos «estavam na gaveta».

Erguer uma matéria sonora, a partir apenas de dois instrumentos é um desafio, que os dois músicos têm tentado ultrapassar de várias formas: na instrumentação, ora usando contrabaixo e guitarra, ora guitarra e percussão, ou ainda, como acontece pela primeira vez neste álbum, através de duas guitarras; noutro plano, os arranjos criados por Nuno Faria e Sérgio Neves, ampliam a sonoridade e prendem a atenção dos audiófilos através de linhas instrumentais que dialogam e se cruzam, ora criando crescendos e patamares de clímax, ora trazendo as músicas para uma ambiência mais suave e planante. Por fim as características das composições criam uma ponte com o Jazz em alguns temas, mas noutros, as composições partem para outras linguagens, difíceis de «encaixar» em estilos convencionais.

Poderíamos sintetizar o espírito do álbum «Na Luz do Poente», com uma frase proferida por uma espectadora no final de um recente concerto:

«Caminhando iluminados pela luz da criatividade no poente das nossas vidas»
A música de Sérgio Neves e Nuno Faria simplesmente acontece, da mesma forma natural com que o dia e a noite se sucedem. Desde “Marés Suaves” (2020) que a sua cumplicidade se vem adensando, desvendando o olhar de dois amigos que atravessam a cidade em direção ao pôr do sol.
Movimentando-se entre o jazz e outras linguagens menos convencionais, o BeDuet produz sonoridades que contam histórias com palavras não nomeadas e canta a poesia de cores e brilhos que se refletem nas águas, agitando-se suavemente contra as margens de um cais.
Os sons da guitarra elétrica, da guitarra acústica, do contrabaixo e a percussão das madeiras reaparecem em “Na Luz do Poente”, desta vez como uma forma primitiva de magia que convoca o Fogo, a Água, o Ar e a Terra para tecer feitiços de proteção contra a instabilidade do presente. A música do BeDuet tem a capacidade de nos harmonizar com o presente, afinando timbres e resgatando esperanças.
Maria Miguel Lucas

BeDuet

BeDuet-Fatimah
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