Paz Ferreira apresenta no Porto livro que defende o valor profissional dos idosos

“Uma sociedade que despreza a sabedoria, inteligência e capacidade de reflexão dos seus membros mais idosos é uma sociedade diminuída”.
Convite e capa do livro “Devo Fechar a Porta?”, de Eduardo Paz Ferreira





O lançamento do livro “Devo Fechar a Porta?” no Porto será a 15 de junho, na FNAC Norte Shopping, às 18:30




Em “Devo Fechar a Porta?”, Eduardo Paz Ferreira sustenta que “os idosos, quando se mantêm em atividade, como trabalhadores são melhores dos que os mais jovens”. O livro combate o “idadismo”, a discriminação dos mais velhos, e o desperdício de “sabedoria” e “inteligência” que isto significa. João Pedro Matos Fernandes, Paula Franco e Eduardo Vítor Rodrigues apresentam o livro a 15 de junho na FNAC Norte Shopping.

Numa sociedade individualista e marcada pela guerra de gerações entre jovens e idosos, “a experiência é decisiva e faz com que os idosos, quando se mantêm em atividade, sejam melhores como trabalhadores do que os mais jovens”, defende Eduardo Paz Ferreira, professor jubilado de Direito Público, advogado e autor do livro “Devo Fechar a Porta?”, no qual constrói um manifesto contra o “idadismo” – a discriminação em função da idade, nomeadamente no mercado de trabalho. A apresentação do livro no Porto será no dia 15 de junho na FNAC Norte Shopping.

“Ao longo da vida passei por várias atividades profissionais e constatei que há quem não desista de acumular conhecimento, procurando manter-se atualizado e em condições de continuar a dar o seu contributo com a mais-valia da experiência”, afirma Eduardo Paz Ferreira. “O problema é que algumas empresas são especialistas em pôr as pessoas mais velhas em prateleiras e empurrá-las para a pré-reforma com rescisões de contratos supostamente amigáveis”, continua o professor, “sendo que a grande maioria dos anúncios de emprego destina-se a trabalhadores até aos 35 ou 40 anos e muitas empresas encaram como um fardo os trabalhadores acima dos 55”.

Aos 70 anos – e após ter dado a sua aula de jubilação na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa – Paz Ferreira responde no seu livro (em maiúsculas) que vai “CONTINUAR A TRABALHAR”: “Não fazia sentido remeter-me à inatividade quando, na advocacia e na academia, as pessoas da minha geração estão num momento alto dos seus conhecimentos”, afirma Eduardo Paz Ferreira, que continuará a presidir ao Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal – IDEFF e ao Instituto Europeu da Faculdade. “Tenho a convicção de que para os clientes do meu escritório a minha utilidade aumentou, devido à maior experiência; e na faculdade, nos novos moldes em que poderei intervir na formação de juristas, o meu contributo será o mais depurado da minha carreira de docente”. 

O lançamento do livro “Devo Fechar a Porta?” no Porto será a 15 de junho, na FNAC Norte Shopping, às 18:30 (ver convite). A apresentação estará a cargo de João Pedro Matos Fernandes, engenheiro e ex-ministro do Ambiente, Paula Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), e Eduardo Vítor Rodrigues, doutor em sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e presidente da Câmara Municipal de Gaia.

“Continuar sempre. Nunca dizer adeus.”


Na conclusão do livro, o professor afirma: “Não tenho o direito de deixar de colocar o meu conhecimento e a minha energia ao serviço do interesse público e do bem comum”. Até porque a sua perceção do envelhecimento, mais do que o peso da própria idade, é-lhe dada “pelo seu reflexo no modo como o mundo passou a relacionar-se comigo”. Nunca deixará de ser advogado, uma condição que se lhe “cola à pele”. Por isso, a porta do seu escritório “continuará aberta”.

Mais do que um livro sobre a condição de um homem que chega aos 70 anos – há muita autobiografia nestas páginas de alguém que está hoje de bem com a vida e com a memória – “Devo Fechar a Porta?” rebate, ponto a ponto, os pressupostos que fundamentam o afastamento profissional de quem se aproxima da idade da reforma. “É necessária uma atitude firme no confronto com o idadismo”, escreve Eduardo Paz Ferreira. “Uma sociedade que despreza a sabedoria, inteligência e capacidade de reflexão dos seus membros mais idosos é uma sociedade diminuída”.

Todo o livro argumenta contra “a perda de influência social e política” das pessoas mais velhas nas sociedades contemporâneas. E sublinha que os idosos são, por regra, uma faixa da população “mais cumpridora da lei, mais informada sobre as opções políticas, mais orientada para participar em organizações de apoio aos mais desfavorecidos e, quando se mantêm em atividade, como trabalhadores são melhores dos que os mais jovens”. 

É por isso que, “em boa consciência”, irá manter o seu escritório de advocacia aberto. “Seguro de estar em perfeitas condições para continuar com a equipa que me acompanha a exercer a profissão para a qual me formei, a fazer aquilo que sempre fiz e que considero – como muitos consideram também – que sou bom a fazer”, afirma. 

“Devo Fechar a Porta?” é igualmente um percurso pela vida de Eduardo Paz Ferreira, desde os Açores da meninice e da juventude, até à entrada na Faculdade de Direito de Lisboa – e, depois, uma vida repartida por cinco décadas entre a Academia (com uma passagem por Roma, para o doutoramento) e a advocacia, “com os seus momentos doces e amargos, não escondendo fracassos, nem menorizando êxitos”. São muitos os amigos mencionados – Medeiros Ferreira e a sua “fulgurante inteligência”, Salgado Zenha, Sousa Franco, Medina Carreira, entre outros – dos amores nomeia apenas um: a sua “adorada mulher”, Francisca Van Dunem. 

O livro reflete sobre a forma como a idade e a velhice atravessaram a história, a filosofia, a literatura, a religião. Como foi concebida pela civilização hebraica ou como é vista hoje na China e em África. A conclusão não se altera: “Continuar sempre. Nunca dizer adeus.”
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