Batata inglesa envelhece a aparência? Versão frita é 87 vezes pior para a pele que a cozida

DO TEXTO: Segundo a especialista, de maneira geral, quanto mais rápido o alimento é submetido a temperaturas elevadas, mais AGEs são produzidos.
Batas fritas aos palitos.
 



Arroz e ovo frito também apresentam maiores níveis de produtos finais de glicação avançada (AGEs) do que suas versões cozidas.



Influência do preparo de alimentos na glicação e, consequentemente, no envelhecimento da pele foi tema durante o Congresso Americano de Dermatologia 2023


O açúcar figura entre os principais responsáveis pelo envelhecimento precoce da pele e, por isso, é tema recorrente dos congressos internacionais de Dermatologia. “O consumo demasiado de açúcares e carboidratos leva à glicação, processo químico no qual o açúcar em excesso no organismo se liga às proteínas, como o colágeno e a elastina, o que faz com que se tornem rígidas, fraturem e percam sua função de maneira irreversível”, explica a dermatologista Dra. Lilian Brasileiro*, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. No entanto, no último Congresso Americano de Dermatologia deste ano, que ocorreu em março, em Nova Orleans, nos Estados Unidos, o tema foi abordado sobre uma nova ótica: o processo de glicação não está relacionado somente ao consumo de açúcar, mas também à maneira como preparamos os alimentos. “Um dos principais fatores relacionados à glicação dos alimentos é o método de preparo. Isso porque submeter os alimentos a altas temperaturas, como no caso de frituras de imersão, em um curto espaço de tempo favorece a oxidação e, consequentemente, a formação de AGEs (produtos finais de glicação avançada) no organismo, que causam uma desordem tecidual com perda da elasticidade da pele, formação de rugas, menor capacidade de cicatrização e aceleração do envelhecimento. Por exemplo, enquanto uma batata cozida apresenta nível ínfimo de AGEs (igual a 1), o mesmo alimento frito tem nível de AGEs igual a 87”, explica a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos.

Segundo a especialista, de maneira geral, quanto mais rápido o alimento é submetido a temperaturas elevadas, mais AGEs são produzidos. Para termos uma ideia de como esse processo funciona na prática, estudos apresentados durante o Congresso demonstraram, por exemplo, que o mesmo vale para o arroz, que cozido apresenta nível de AGEs igual a 1 contra 220 quando frito. Ovos cozidos e fritos também apresentam diferentes valores de AGEs: 1 e 62, respectivamente.

É claro que é impossível abandonar de vez certos métodos de preparo, como a fritura, afinal, cada um possui uma finalidade diferente. Mas é recomendado variar os métodos na hora de preparar os alimentos. “Sempre que possível, opte por métodos de preparo que formem uma menor quantidade de AGEs, favorecendo alimentos cozidos ou preparados no vapor, por exemplo. Inclusive, estudos sugerem que pessoas de certas culturas têm a aparência mais jovem em idades mais avançadas justamente por priorizarem o preparo à vapor dos alimentos, assim evitando a formação de AGEs”, recomenda Patrícia. Nesse sentido, um ponto importante é com relação ao preparo da carne, que está entre os principais alimentos que contribuem para o acúmulo de AGEs no organismo. “Foi demonstrado que marinar carnes em um meio ácido, como suco de limão ou vinagre, por uma hora antes do preparo é capaz de prevenir a formação de AGEs em 50%”, diz Patrícia.

Mas, visto que a formação de AGEs não acontece apenas durante o preparo dos alimentos, mas também no organismo de acordo com o que consumimos, é fundamental adotar outros cuidados para combater os danos da glicação, inclusive o envelhecimento precoce da pele. “É importante limitar o consumo de açúcares simples, carnes e alimentos processados e investir em uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos e alimentos integrais. Além disso, pacientes diabéticos devem manter os níveis glicêmicos sob controle”, diz Patrícia França. Segundo a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez*, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), é especialmente interessante investir no consumo de fibras, gorduras boas e proteínas junto aos carboidratos. “Esses nutrientes, se forem ingeridos juntos com carboidratos refinados, doces e açúcares, reduzem a velocidade de digestão e absorção do açúcar no sangue, diminuindo o índice glicêmico e fazendo com que não os níveis de glicose e insulina circulantes não aumentem tão rápido”, explica a especialista, que ainda alerta sobre a importância de prestar atenção nos açúcares escondidos que são incorporados em alimentos processados para torná-los mais apetitosos. “Sacarose, frutose, glicose, maltodextrina, glucose ou xarope de milho, dextrose, maltose, dextrina, oligossacarídeos, xarope glucose-frutose também são carboidratos simples que devem ter o consumo moderado”, explica.

Dada a dieta típica da vida moderna e o fato de o açúcar estar presente de alguma forma na grande maioria dos alimentos, a especialista ainda recomenda a suplementação oral de ativos capazes de combater sistemicamente a glicação, como é o caso do Glycoxil. “O Glycoxil é uma carcinina que tem ação antiglicante, por impedir a união da proteína com a molécula de glicose; desglicante, por promover a separação da glicose deixando a proteína livre; e antiglicoxidante, por impedir a formação dos AGEs e sua oxidação”, destaca a gerente científica da Biotec Dermocosméticos*. Para impedir a glicação diretamente na pele, é recomendado também o uso de cosméticos formulados com ativos que atuem especificamente nesse processo. Felizmente, ingredientes antiglicantes estão sendo cada vez mais incorporados nos cosméticos. Um exemplo de ativo para buscar na formulação dos produtos é o Alistin. “O Alistin é um peptídeo com capacidade de proteger a pele em três dimensões: a membrana celular, as proteínas e o DNA. Com poder antioxidante, o que também contribui com a saúde imunológica da pele, o ingrediente atua como antiglicante e desglicante, impedindo que o açúcar se ligue às proteínas e diminuindo a produção de AGEs”, finaliza Patrícia França.

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*BIOTEC DERMOCOSMÉTICOS - Biotec Dermocosméticos disponibiliza às farmácias magistrais, à área dermatológica e de medicina estética os mais modernos e inovadores conceitos de beleza e matérias-primas. A empresa busca associar às tendências mundiais à realidade do consumidor brasileiro, cada vez mais exigente e sedento por novidades que ofereçam qualidade de vida e bem-estar. Instagram: @biotecdermocosmeticos

*DRA LILIAN BRASILEIRO: Médica especialista em Dermatologia, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. É coordenadora e palestrante em eventos sobre tratamentos capilares e laser, além de autora de artigos e capítulos de livros publicados no Brasil sobre rejuvenescimento, dermatologia clínica, laser e tecnologias. CRM 156908 | Instagram @lilianbrasileiro.dermato

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez

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