Precisamos urgente melhorar nossa saúde mental

DO TEXTO: O Sono Está Dificultando a Aprendizagem?

Mulher dormindo com um ursinho de peluche.


Dia 10 de outubro é o dia Mundial da Saúde Mental

Por Samantha di Khali

Estamos precisando mais do que nunca de saúde.  Saímos de uma pandemia que ainda assombra muitas pessoas, passamos por crises familiares, profissionais e financeiras, sem contar que a vida está repleta de adversidades, deixando nossa mente inquieta. Não só os adultos mais os jovens estão sendo afetados, cada vez mais podemos observar jovens com problemas de inquietação chegando até a praticar atos inacreditáveis, pois sua saúde mental está afetada. E qual é o primeiro sinal que nossa mente está barulhenta? Dificuldade de uma boa qualidade de sono.

O Sono Está Dificultando a Aprendizagem? 
Veja o que a Neurociência Sugere Para Esse Problema

Todos sabemos da importância do sono, especialmente depois de uma noite mal dormida. Afinal, passamos um terço de nossas vidas dormindo.

Segundo Kandel, ganhador do Prêmio Nobel com estudos sobre a memória, o sono é um “estado altamente organizado, gerado pela ação cooperativa de muitos componentes comportamentais e neurais”. E, conforme a neurociência vem descobrindo, sono e aprendizagem estão fortemente relacionados.

A educadora, psicopedagoga e especialista em neurociência Kátia Chedid, destaca que durante o sono, acontece a perda reversível do estado de consciência, adotamos uma postura estereotipada (deitados e de olhos fechados) e apresentamos um período de reduzida atividade motora. Não sabemos exatamente porque dormimos, mas sabemos que a privação de sono causa muitos transtornos, inclusive a morte. 

De acordo com pesquisas da neurociência, dormir pouco reduz a capacidade de manter a atenção em uma tarefa, afetando o desempenho escolar; dificulta a realização de atividades cognitivas; aumenta a sonolência diurna e altera o humor.

O sono noturno ajuda na consolidação das memórias declarativas ou não-declarativas. A Academia Americana de Pediatria (AAP) divulgou recentemente um documento de políticas públicas no qual orienta as escolas a iniciarem as aulas dos adolescentes por volta das 8h30. Nesse documento, pesquisadores afirmam que a falta de sono torna os adolescentes mais propensos a desenvolver obesidade, diabetes e depressão, além de buscar estímulo em bebidas com cafeína. Diversos especialistas comentam que começar a escola uma hora mais tarde pela manhã, por exemplo, pode melhorar o humor dos adolescentes e reduzir a depressão, o que consequentemente aumentaria o desempenho da aprendizagem.

Memória, sono e aprendizagem dos adolescentes

“Na adolescência, passamos por um atraso no relógio biológico de sono e vigília – nosso corpo quer ficar acordado até mais tarde e acordar mais tarde. A liberação de melatonina, o hormônio que induz o sono (cuja liberação é sincronizada com a diminuição da luz solar) é atrasada. O que é um problema para os adolescentes e a escola.” comenta Kátia Chedid*.

A National Sleep Foundation recomenda que os adolescentes durmam, no mínimo, 8 horas por noite. Segundo a mesma Fundação, adolescentes que dormem menos que isso apresentam uma ou mais dessas características associadas à alteração do sono e vigília:

- Sedentarismo;
- Uso excessivo de computadores, videogames e mídias digitais por mais de 3 horas por dia;
- Fumam maconha ou cigarros, ou consomem álcool;
- Depressão por pressões acadêmicas.
A National Sleep Foundation dá algumas dicas para os adolescentes, que as escolas podem difundir entre seus estudantes ao discutir sono e aprendizagem:
- Vá para a cama na mesma hora todas as noites e levante na mesma hora todas as manhãs;
- Certifique-se de que o seu quarto é silencioso, escuro e possui um ambiente relaxante, que não é muito quente nem muito frio;
- Certifique-se de que sua cama esteja confortável e use-a apenas para dormir e não para outras atividades, como ler, assistir TV ou ouvir música;
- Remova ou desligue todos os televisores, computadores e outros dispositivos do seu quarto;
- Evite grandes refeições algumas horas antes de deitar."

Portanto, as escolas precisam criar espaços que respeitem o relógio biológico dos estudantes durante todo o seu crescimento: onde os alunos da Educação Infantil possam tirar um soninho e adolescentes sejam acolhidos em suas peculiaridades. Sono e aprendizagem andam lado a lado e, quanto antes a escola compreender isso, antes poderá se adequar para potencializar o desempenho dos estudantes. As contribuições da neurociência podem ajudar com argumentos, mas a discussão está apenas no início!” finaliza a educadora Kátia Chedid.



*Mais sobre Kátia A. Kühn Chedid:
Educadora e especialista em Neurociência aplicada à Educação. Pedagoga, psicopedagoga, especialista em gestão escolar, com extensão em Neuropsicologia.  Em 2020 recebeu o Prêmio Special Tribute International, Categoria Best Practices in Education, and Health, Brazil-Europe, Projeto Cap Sur Ecole Inclusive d’Europe. O prêmio foi conferido pela European Commission Erasmus+.
Instagram @neurociencia_e_educacao
@katiachedidoficial

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