Kurt Weill - entre dois mundos > | CCB 4/11

DO TEXTO: O universo de Kurt Weill sempre foi um universo turvo. As suas obras começam por ser expoentes de um certo expressionismo musical...
Cartaz alusivo ao evento Kurt Weill - entre dois mundos no CCB


Concertos Nómadas
Nuno Vieira de Almeida, Ricardo Panela, Susana Gaspar
Kurt Weill – entre dois mundos


CCB . 4 novembro . sexta-feira . 19h00 . Sala Luís de Freitas Branco

Programa:

Kurt Weill (1900-1950)

Coral
Anstatt dass-song
Nanna’s Lied
Liebeslied
Das Lied vom Surabaya-Johny
Youkali
Und was bekam des Soldaten Weib
Come up from the fields, Father
O Captain! My Captain
Zuhälterballade
Buddy on the nightshift
Barbarasong
Ballade von der Sexuellen Hörigkeit
Morgenchoral des Peachum

Conceção, piano Nuno Vieira de Almeida
Barítono Ricardo Panela
Soprano Susana Gaspar

O universo de Kurt Weill sempre foi um universo turvo. As suas obras começam por ser expoentes de um certo expressionismo musical, acessível, para mergulharem depois na fronteira, muitas vezes difícil de discernir, entre a música erudita e a música ligeira.

À extrema condensação poética das óperas, canções e bailados compostos sobre textos de Bertolt Brecht, segue-se um amaciar de contornos que pode denunciar um certo facilitismo: enquanto que os tangos, a música de salão e o jazz são utilizados nos primeiros casos com uma função quase exclusivamente dramatúrgica, muitos desses elementos formarão a síntese de grande parte das obras americanas. Por outras palavras, num primeiro momento ilustram, num segundo momento são o seu próprio cerne.

Mas em ambos os casos o génio de Weill está presente — apenas não temos maneira de saber em que mundo estético o colocar. O que o torna um «objecto» muito interessante.

É essa uma das razões de ser deste recital — «entre dois mundos».

A outra razão é a distribuição das várias obras do programa por um homem e uma mulher. Muitas canções atribuídas a mulheres serão cantadas por um homem sendo que o seu contrário também acontece. Não há necessidade da Canção de Naná, por exemplo, ser sempre objecto de identificação feminina, é isso que queremos provar. Há que finalmente esbater em música o difícil muro entre motivação hetero e homo aproveitando para negar o lugar-comum de que a mulher chora e o homem consola.

Canções de homem cantadas por mulher e vice-versa, primeiras audições das canções sobre textos de Whitman, expressionismo e music-hall, é sobre isto o nosso recital «entre dois mundos».

Nuno Vieira de Almeida
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PRÓXIMOS CONCERTOS NÓMADAS:
18 novembro: Alma Ensemble
25 novembro: Paulo Oliveira | Iberian Impressions

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