Halloween - Cair, ser perseguido e filmes de terror estão presentes na maioria dos pesadelos da população

DO TEXTO: Quem nunca teve um sonho perturbador, capaz de assustar tanto quanto um filme de terror?
Sonhos perturbadores envolvem conteúdos como ameaças e perigos à vida, segurança e atividade física


Sonhos perturbadores envolvem conteúdos como ameaças e perigos à vida, segurança e atividade física  


Quem nunca teve um sonho perturbador, capaz de assustar tanto quanto um filme de terror? Com a aproximação do Halloween, uma festa americana que já entrou no calendário dos brasileiros, o imaginário ganha força nas telas de TV, mas na realidade durante a pandemia, muitas pessoas fizeram de suas noites a verdadeira hora do pesadelo.


Os pesadelos sempre são desagradáveis e envolvem emoções como medo, tristeza, raiva e vergonha. Como os fatores que causam essas emoções variam muito de pessoa para pessoa, os conteúdos dos pesadelos também variam. Um estudo conduzido pelo pesquisador alemão Michael Schredl, referência na pesquisa sobre sonhos, mostra que os pesadelos mais frequentes envolvem queda (39%), ser perseguido (25%), estar paralisado (25%), estar atrasado (24%), perda ou morte de pessoas próximas (20%), filmes de terror (19%) e incapacidade de terminar uma tarefa (17%).


Segundo as definições da Classificação Internacional de Distúrbios de Sono, pesadelos são sonhos disfóricos que geralmente envolvem conteúdos como ameaças e perigos à vida, segurança e atividade física. São muito associados às emoções de medo e tristeza, mas muitas vezes também à raiva e vergonha. 


Conforme Prof. Dr. Gabriel Natan Pires, pesquisador do Instituto do Sono, a origem neurobiológica dos pesadelos parece ser a mesma dos sonhos, refletindo nossas vivências, memórias, crenças e emoções. Mas, além disso, as pessoas com pesadelos recorrentes parecem ter uma condição de hiperexcitabilidade do cérebro, em uma situação parecida com a ansiedade e alteração no processamento cerebral de emoções de medo. “A origem social reflete o ambiente em que estamos inseridos”, justifica Dr. Gabriel. Embora o pesadelo em si não seja um problema, ele pode indicar que há alguma doença por trás, acarretando no aumento da sua frequência. 


Os pesadelos, de modo geral, refletem muito o contexto em que uma pessoa está vivendo, assim como suas crenças e emoções. “Eles são muito associados a diversas condições psicológicas/psiquiátricas, como a ansiedade, a depressão e a insônia. Pessoas que passam por alguma situação que gera desconforto psicológico”, diz Dr. Gabriel.


Fatores como trauma, luto, vulnerabilidades sociais, perdas, intimidação tendem a tornar os pesadelos mais frequentes. Isso também ocorre no transtorno de estresse pós-traumático, caso em que a pessoa acaba revivendo em sonho o fator desencadeador do trauma. “É como reviver um assalto ou um caso de abuso, por exemplo”, explica Dr. Gabriel. As consequências dessas intercorrências podem ser ansiedade, depressão, desempenho acadêmico diminuído, problemas de concentração, fadiga e sonolência diurna.                   


Mitos e verdades sobre os pesadelos


“Os pesadelos são muitas vezes interpretados sob um contexto místico ou sobrenatural. Porém, não existe nenhuma evidência de que isso seja verdade. Os pesadelos simplesmente refletem nossas emoções, vivências e personalidade”, garante Dr. Gabriel.


Ele reitera que existem muitos mitos e verdades sobre os pesadelos, entre eles pode-se citar que nenhum estudo comprova que comer antes de dormir gera pesadelo, porém participação em brigas e assistir a filmes de terror podem aumentar a possibilidade de uma noite perturbadora. Outro fator que já foi fonte de estudo é a questão de gênero. As mulheres são as maiores vítimas dos pesadelos, independentemente da idade.


Uma noite de sonhos

                                                        

Quanto maior for a qualidade de vida e bem-estar geral de uma pessoa, menor a chance de que venha a ter pesadelos. Em geral, bons hábitos de saúde ajudam a evitar pesadelos, incluindo uma alimentação adequada, prática de atividade física e um círculo familiar e de amizades saudáveis. “Uma dica especial para que os pesadelos sejam evitados é se afastar de tudo que cause medo e ansiedade próximo ao horário de dormir. Isso vai desde notícias perturbadoras até filmes de terror“, alerta Dr. Gabriel. 


Caso uma pessoa já esteja passando por pesadelos recorrentes, a terapia cognitiva comportamental e psicoterapias em geral, podem ajudar. “Se a frequência e as consequências dos pesadelos são um incômodo, é muito importante que se procure auxílio profissional, e os médicos e psicólogos do sono são os mais indicados”, conclui o especialista.


Sobre o Instituto do Sono

O Instituto do Sono é um centro de referência mundial em pesquisa, diagnóstico e tratamento em distúrbios do sono. Fundado em 1992 pelo professor Sergio Tufik, é formado atualmente por mais 100 colaboradores, entre eles médicos de diversas especialidades, técnicos, psicólogos, biólogos, biomédicos, dentistas, assistentes sociais, enfermeiras, fisioterapeutas, educadores físicos e pesquisadores. Além do atendimento à população, conta com uma área educação continuada que já capacitou mais de 4.000 médicos e outros profissionais de saúde. www.institutodosono.com

O Instituto do Sono faz parte da AFIP (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa), uma instituição privada, sem fins lucrativos e filantrópica, fundada por profissionais da área da saúde, professores universitários e pesquisadores há mais de 40 anos. Seu objetivo é fornecer suporte financeiro para atividades de docência, pesquisa científica e atendimento médico à população. www.afip.com.br


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