Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDC) - Temporada 2019 em alusão ao Dia Mundial da Dança no Camões

DO TEXTO:
2019 - CDC - Mensagem Dia Mundial da Dança

Foto Rui Tavares

O MONSTRO ESTÁ EM CENA 
Uma desconfortante introspecção sobre a condição humana!

Coreografia ANA CLARA GUERRA MARQUES e NUNO GUIMARÃES

“A observação do ser humano contemporâneo, leva-nos a crer que a nossa existência se tornou cada vez mais violenta tendo, como reflexo disso, uma humanidade cada vez “menos humana”.

 A velocidade da vida urbana actual, com os novos capitalismos e conceitos de progresso e a sua extraordinária dependência tecnológica, contrasta com o que resta da vida rural, um retrato longínquo de um mundo natural. Porém, não se assumem responsabilidades perante as variações do clima ou diante dos desequilíbrios ecológicos que afectam a biodiversidade do planeta.

O impacto de toda esta acção humana origina também, por ignorância ou ambição, conflitos de entre os diversos grupos étnicos, credos religiosos e poderes políticos, criando “muros” intransponíveis entre povos e nações: estratifica-se a humanidade em classes sociais, em países desenvolvidos e subdesenvolvidos (ou, cinicamente, “em vias de desenvolvimento”); aceitam-se com naturalidade os desmedidos contrastes entre  ricos e pobres, entre fausto e miséria.

Assistimos, impotentes, a um iminente estado de guerra, onde imperam e se incutem sentimentos de ódio e de morte. Adaptamo-nos, resignadamente, às misérias e desgraças que ocorrem mesmo ao nosso lado, percebendo-se, a olho nu, a diminuição da importância dedicada à vida.

As questões do género, reveladoras da grande complexidade do ser (nas suas diferentes formas de existência e variantes sexuais), continuam a ser alvo de opiniões e de posturas radicais e díspares, em grande parte, desprovidas de compreensão, tolerância ou de uma aceitação natural. Igualmente inaceitável é a condição de inferioridade imposta à mulher. Nesses contextos, mesmo sendo geradora de vida, ela vê negado qualquer direito ou dignidade, sendo obrigada a uma sobrevivência como mero objecto, porventura, comerciável.

Ora, se o Homem se crê único no universo a criar linhas essenciais de pensamento, como poder consentir tudo o que, pela lógica da razão, nos parece intolerável? Como pode a humanidade livrar-se da ânsia do poder, do materialismo e consequentes desigualdades, injustiças, dor e caos?

Como poderemos convencer-nos da urgência em nos protegermos a nós mesmos e ao planeta que habitamos’

E como experimentar o sabor da nossa própria evolução e partilhar incondicionalmente, o alimento, o conhecimento e a educação sem o ridículo da hipocrisia?

Poderemos, despidos de preconceitos, respeitar ou amar livremente o nosso semelhante e preservar a vida de todos como a nossa?

Estará o homem a perder a capacidade de sonhar e de realizar ideais colectivos, sem incorrer em ingratas e penosas realidades ditatoriais?

Será possível desenvolver um conceito planetário de dignidade humana?

Cultivamos, ostensivamente, o lado hediondo do ser como afirmação de  carácter, ocultando ou confundindo fragilidade com o lado belo que, de igual modo, integra a nossa essência.

Estará o processo de evolução humana ameaçado por uma triste sombra de regressão ou ainda estaremos a tempo de desenvolver a capacidade de estar em paz com a nossa própria existência?” (CDC)

Os espectáculos terão lugar no Camões/Centro Cultural Português, nos dias e  horas baixo mencionados:

§  26.04.2019 (6ª feira) – 19H30
§  27.04.2019 (sábado) – 18H30
§  28.04.2019 (domingo – 18H30

No dia 29.04.19 (2ª feira) pelas 18H00 será realizada, no Memorial Agostinho Neto, uma Conversa alargada sobre dança e outras artes, na qual participarão Carlos Ferreira (escritor), Paula Nascimento (arquitecta) e Suzana Sousa (curadora).   

Os bilhetes para os espectáculos de dias 26, 27 e 28, estarão à venda no Camões/Centro Cultural Português, ao preço de AKZ 5.000,00 (cinco mil kwanzas).

SOBRE A CDC
Recordamos que a esta Companhia, dirigida pela coreógrafa e investigadora Ana Clara Guerra Marques, se deve a grande transformação do panorama da dança em Angola. Fundada em 1991, é membro do Conselho Internacional da Dança da UNESCO, possui um historial de centenas de espectáculos apresentados em Angola e no exterior, com cerca dezenas de obras originais, sendo hoje a referência da dança cénica angolana no mundo.
Com quase 30 anos de existência, a CDC ocupa um lugar privilegiado na História de Angola, ao ter semeado o “novo” no vasto terreno da dança, desenvolvendo um trabalho artístico único e original.

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