16ª Edição do Escritor do Mês na Biblioteca Camões - Revisitando RUY DUARTE DE CARVALHO | CCCP Luanda 06 a 20/05

DO TEXTO: Revisitando RUY DUARTE DE CARVALHO | CCCP Luanda 06 a 20/05

“Silêncio mas porquê e não apenas  vento
até que a pedra se arredonde enfim
e a água se expanda
ralada no verde?

Um sono que se estende obliquamente
entre a murada construção da idade
e as veredas ordenadas pelo passado

Uma memória a ter-se
mas não aqula que o futuro impeça”

(“Abertura” – Ruy Duarte de Carvalho)

O CAMÕES/CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS, no quadro do seu desígnio de promoção da leitura e de divulgação de autores de língua portuguesa, criou na sua BIBLIOTECA um Núcleo de Leitura, que revisita autores consagrados de língua portuguesa, através da leitura colectiva de extractos das respectivas obras e biografias. Este Núcleo de Leitura, com momentos interactivos, conta com a participação activa de jovens, sobretudo, estudantes universitários e pré-universitários, utentes da Biblioteca.

Em dois dias de cada mês, a obra e a biografia do autor escolhido são revisitadas e analisadas.   

Na 16ª Edição/Maio de 2019 do “Escritor do Mês na Biblioteca Camões”, nos dias 6 (2ª feira) e 20 de Maio (2ª feira), a partir das 10H00, será revisitada a obra de RUY DUARTE DE CARVALHO, escritor multifacetado, poeta, artista plástico, cineasta, antropólogo que visitou e cantou os povos pastoris do Sul de Angola, dando o seu contributo para o conhecimento do imaginário social e mítico de uma cultura milenar de Angola. A sua obra, “Fui lá Visitar Pastores”, é uma homenagem à cultura ancestral do povo Kuvale, sobre o qual diz o autor: (…) “o livro, o livro para mim, aquele que andava a procurar desde a minha adolescência e decidira por fim escrevê-lo para poder contar-me a mim mesmo o que desde sempre queria saber sobre os Kuvale e ninguém mo dizia porque afinal ninguém o sabia, esse livro jamais eu o faria, e nem podia, porque andava a vivê-lo”

RUY DUARTE DE CARVALHO, angolano de origem portuguesa, nasceu em Santarém em 1941. Doutorou-se em Antropologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Passou parte da sua vida na Província do Namibe, acompanhando o seu pai, aventureiro, caçador de elefantes no deserto do Namibe. Viveu em Moçambique e estudou cinema em Inglaterra, regressando a Angola em 1963. Concluiu o Curso de Regente Agrícola e de Realizador de Televisão. Trabalhou na Televisão Pública de Angola, como Realizador. Como cineasta dedicou-se ao cinema etnográfico. Foi professor universitário na Universidade de Luanda e professor convidado na universidade de Coimbra e de S. Paulo.
Possui uma vasta e diversificada obra publicada que inclui poesia, ficção, argumentos para cinema, ensaio e literatura de viagem. Foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos. Recebeu o Prémio Nacional de Literatura em 1989. Em 2008, o Centro Cultural de Belém realizou um ciclo sobre a sua vida e obra, o primeiro que dedicou a um autor de língua portuguesa.
Faleceu em 2010, na Namíbia, onde residia.

O sol o sul o sal
as mãos de alguém ao sol
o sal do sul ao sol
o sol em mãos do sul
e mãos de sal ao sol

O sal do sul em mãos de sol
e mãos de sul ao sol

um sol de sal ao sul
o sol ao sul
o sal ao sol
o sal ao sol
e mãos de sul sem sol nem sal

Para quando enfim amor
no sul ao sol
uma mão cheia de sal?

(O Sul” – Ruy Duarte de Carvalho) 

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