A rainha das romarias levou milhares de visitantes a Viana do Castelo


A devoção à Senhora d’Agonia ocorre a partir de 1751 com a entrada da imagem, na Capela do Bom Jesus. E logo em 1783 a Sagrada Congregação dos Ritos concedeu faculdade e licença para todos os anos se celebrar nesta Capela no dia 20 de Agosto uma Missa Solene. Data que a Cidade de Viana elegeu como Feriado Municipal. A romaria da Srª da Agonia é o grande cartaz turistico religioso do Alto Minho, em que português residente no estrangeiro que esteja cá de férias, marca presença.

A organização das Festas de Nª Srª da Agonia a Viana Festas e a autarquia de Viana do Castelo sabe bem da importância que a diáspora portuguesa, espelhada pelo mundo tem para com este concelho e sede distrito. Na edição deste ano, da “romaria das romarias” de Portuga; mais de 600 mordomas de 5 países desfilam em Viana com todos nos trajes de festa. No total seiscentas e trinta e seis mordomas, de cinco países, inscreveram-se, este ano, no desfile da mordomia que na abertura das festas ( dia 17 de Agosto), pelas 16:00, exibiram todos os trajes de festa de Viana do Castelo, num dos números emblemáticos das festas da Agonia.

Este ano, pela primeira vez, a inscrição foi feita através de uma plataforma digital criada pela Comissão de Festas da Senhora da Agonia para permitir a participação de mulheres de todo o mundo naquele desfile.

Recorde de mordomas inscritas

De acordo com os dados avançados pela VianaFestas, entidade que organiza as festas da cidade, houve participantes oriundas de várias regiões do país, de França, Luxemburgo, Reino Unido e Brasil.

Aveiro, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Lisboa, Porto, Setúbal, e Viseu são algumas das cidades de origem das interessadas, sendo que a “plataforma ‘on-line’ permitiu perceber que a idade que garantiu o maior número de inscrições foi a dos 16 anos”.

Segundo a VianaFestas, “o traje, vermelho, à Vianesa é o mais popular entre as mulheres, contando com 120 inscrições, seguido do traje de Mordoma Preto com Colete, com 110.
Já o Traje de Morgada foi envergado por 56 mulheres, seguido do Traje de Mordoma Preto com Casaca e Traje à Vianesa de Areosa Vermelho, ambos com 50 inscrições.

O Traje à Vianesa de Geraz do Lima foi o eleito por 41 mulheres, o Traje à Vianesa da Ribeira Lima Azul (de Dó) conta com 37 inscrições e o Traje à Vianesa de Carreço, de cor vermelha, foi usado por 36 participantes.

O Traje de Festa da Ribeira foi o escolhido de 33 mulheres, o Traje de Mordoma, de cor azul, recolheu 31 inscrições, o de Vianesa de Freixieiro de Soutelo Vermelho, com 30 registos e os restantes trajes, com 42.

A edição 2018 da Romaria d’Agonia decorreu de 17 a 20 de agosto, organizada pela VianaFestas, sendo o desfile da mordomia um dos números mais emblemáticos.
O desfile da mordomia é o momento em que os diferentes trajes das freguesias de Viana se encontram e mostram, de uma só vez à cidade.

Trata-se de uma tradição cada vez mais enraizada entre as jovens e mulheres de Viana do Castelo e que junta várias gerações, num quadro único das festas.

Desde 2014, também as mulheres da ribeira de Viana do Castelo, com os seus trajes de varina, participam neste desfile colorido pelos vermelhos, verdes e amarelos dos típicos e garridos trajes das diferentes freguesias.

Não faltaram também os fatos de noiva mais sóbrios, de cor preta. Neste número algumas das mulheres chegam a carregar, dezenas de quilos de ouro, reunindo as peças de famílias e amigos num único peito, simbolizando a “chieira” (termo minhoto que significa orgulho) e outrora o poder financeiro das famílias. A certificação do traje à Vianesa, com origem no século XIX, foi publicada em Diário da República no final de 2016.

O traje assume-se como um símbolo tradicional da região, nas suas várias formas, consoante a ocasião e o estatuto da mulher. Em linho e com várias cores características, onde sobressai o vermelho e o preto, foi utilizado até há cerca de 120 anos pelas raparigas das aldeias em redor da cidade de Viana do Castelo.

As características deste traje, como o seu colorido e a profusão de elementos decorativos, permitem identificar facilmente a região de origem, no concelho, motivo pelo qual se transformou, segundo os especialistas, “num símbolo da identidade local”. Mas a festa da Agonia ou romaria é muito mais que o desfile do traje, a procissão ao Mar ou o Cortejo Etnográfico. Ano após ano, neste cortejo etnográfico, o tema histórico varia e a criatividade é uma constante.

Mordoma de 23 anos foi o rosto do cartaz da Romaria D’Agonia 2018

Com uma simpatia contagiante, Maria João Soares, uma estudante vianense de 23 anos de idade, estudante em Coimbra do 2º ano de Mestrado em Psicologia na Universidade de Coimbra e assume que vencer o concurso é uma responsabilidade e um orgulho, assumindo que poder representar a mulher minhota é uma honra. Refere-nos que é “um orgulho ter sido a escolhida para a mordoma do cartaz oficial da Festa em Honra de Nossa Senhora da Agonia, e explica-nos como se faz essa escolha. “O cartaz foi oficialmente apresentado e é da autoria de Sara Costa e Helena Soares, duas designers que, pela segunda vez, venceram o concurso lançado pela Vianafestas para elaboração do cartaz da romaria, depois de terem vivido a mesma honra em 2014. O cartaz escolhido, para este ano representar a rainha das romarias, contou com a minha imagem e estou muito feliz por isso”.

Natural da cidade de Viana, mas residente em Santa Marta de Portuzelo, como rosto. A jovem é estudante do 2º ano de Mestrado em Psicologia na Universidade de Coimbra e assume que vencer o concurso é uma responsabilidade e um orgulho, assumindo que poder representar a mulher minhota é uma honra.

No carro de abertura, enverga um traje de mordoma com colete, bordado a vidrinho luar, um traje mais rico e que era usado pelas mordomas das famílias mais abastadas. Maria João explica que o traje é uma réplica de trajes antigos, mas que conta com elementos muito antigos e peças singulares. O traje é constituído por peças que pertencem ao Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela, ao qual a estudante pertence há mais de uma década, e também por peças que pertencem à coleção particular de um elemento do grupo.

O lenço de seda que a mordoma usa à cabeça foi um dos primeiros lenços do grupo, que está a celebrar 84 anos de existência, e é uma peça quase centenária.

Também a camisa da mordoma é uma peça singular, por ser em linho, mas com pormenor de bordado a duas cores, no ombro e no pulso. Já as peças de ouro tradicional que a jovem usa pertencem a familiares e também a elementos do grupo folclórico. No cartaz, pode ainda ser visto o palmito, bem como o lenço de “amor”. Recorde-se que o concurso lançado pela Vianafestas para elaboração do cartaz oficial da Romaria em Honra de Nossa Senhora d’Agonia recebeu 65 propostas nacionais e internacionais.

O cartaz oficial deveria divulgar a Romaria em Honra de Nossa Senhora d’Agonia a nível nacional e internacional, devendo ainda transmitir a beleza da Mulher de Viana e o seu Traje.

Andor foi ao mar no “sempre em frente”

O barco do mestre Ricardo Guia, o “Sempre em Frente” voltou este ano a levar ao mar e ao rio, em procissão, o andor de Nossa Senhora d’Agonia, a padroeira que garante proteção a cada saída para a faina. “Para qualquer pescador, é um orgulho e uma emoção especial levar o andor de Nossa Senhora. É a nossa padroeira. É nela que pensamos, sempre, que o barco se faz ao mar”, referiu Ricardo Guia. Além da segurança contra ventos e marés, as preces a “Nossa Senhora” ajudam a garantir o sustento das “bocas” que seguem a bordo do “Sempre em Frente”. “Pedimos-lhe que nos dê muito peixinho. Tenho sete homens a viver do meu barco. Sete famílias que dependem do quinhão de cada dia de faina”, referiu. Filho e neto de pescadores, Ricardo admite já ter pensado em “largar” a pesca, mas recuou: “Aos 41 anos de idade, já é um pouco tarde para mudar de vida”, desabafou, conformado com “os dias que correm melhor” e que compensam “os piores”, estes confortados pela devoção à Senhora d’Agonia.

“O Sempre em Frente é o barco da ribeira de Viana que mais vezes levou andores ao mar”, atirou. “Há 25 anos que levamos andores ao mar”, acrescentou orgulhoso. Como mestre, é a segunda vez que vai cumprir a missão e garante que o faz, “sempre, com uma grande emoção”. “Todos os anos os pescadores oferecem-se para levar os andores, mas só leva a padroeira quem já tiver percorrido os quatro santos que acompanham a Senhora da Agonia”, explicou. Além da Senhora da Agonia, são ainda foram transportadas na procissão as imagens da Senhora de Monserrate, de São Pedro e da Senhora dos Mares. Este ano, também incorporou o andor de Nossa Senhora do Minho e o de Frei Bartolomeu dos Mártires que, desde 2015, passou a integrar a procissão. Considerado um dos números mais emblemáticos da Romaria d’Agonia, a procissão ao mar e ao rio cumpre-se há 50 anos, sempre a 20 de agosto, desde 1968. Já o culto à padroeira dos pescadores tem a sua primeira referência escrita em 1744.

No regresso a terra, os pescadores transportam os andores de novo à igreja situado no Campo da Agonia, passando pelas ruas da ribeira onde, durante a madrugada, foram confecionados, manualmente, os típicos tapetes de sal. A confeção dos desenhos, gravados em cinco ruas e uma alameda, com mais de 30 toneladas de sal colorido, realiza-se sempre na noite anterior ao dia da padroeira, feriado municipal, mobilizando centenas de pessoas, sobretudo moradores daquela zona da cidade.


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Cortejo Histórico - Etnográfico - Romaria Sra D'Agonia 2018

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