Procure Saber ouviu consultor de crise sobre biografias

DO TEXTO:

Autor de ‘A era do escândalo’, Mário Rosa diz que artistas não saem arranhados, mas sugere que grupo abandone a marca


ANDRÉ MIRANDA - O GLOBO -

RIO - Em meio ao debate sobre as biografias não autorizadas, um especialista em gerenciamento de crises chegou a ser consultado para opinar sobre os próximos passos que deveriam ser adotados pelo grupo Procure Saber, do qual fazem parte Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, entre outros astros da MPB. Na semana passada, tanto Antonio Carlos de Almeida Castro (conhecido como Kakay) quanto Dody Sirena, respectivamente o advogado e o empresário de Roberto Carlos, ligaram para o consultor de imagem Mário Rosa pedindo sugestões de como agir. Kakay é quem, hoje, conduz as decisões do grupo na polêmica sobre as biografias.

Dias depois da consulta, em caráter informal, Roberto Carlos deu uma entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, e um vídeo com Roberto, Gilberto Gil e Erasmo Carlos dando depoimento foi divulgado na internet: em ambos os casos, um tom mais conciliador foi adotado, em defesa de uma solução intermediária entre a proteção à privacidade e o direito à liberdade de expressão.

— Eu não fui contratado pelo Procure Saber. Dody e Kakay são meus amigos de anos e me perguntaram o que eu achava. O que eu disse é que a temperatura estava alta demais, e que isso não colaborava para o debate. A polêmica foi desgastante, e me parece que eles não imaginavam que sua posição seria encarada como se eles fossem a favor da censura. Então o que eu sugeri é que eles deveriam adotar um tom conciliador e evitar o confronto, mas eles próprios já tinham se dado conta disso — diz Mário Rosa, autor de livros como “A era do escândalo” e “A reputação na velocidade do pensamento” (ambos da Geração Editorial).

Mário Rosa chegou a esboçar o texto que seria lido pelos artistas na internet, mas garante que “nenhuma palavra” do que ele escreveu foi utilizada, apesar do tom semelhante. Com experiência em crises como a passagem do controle do grupo Pão de Açúcar para a companhia francesa Casino, ele avalia que a rejeição pública à opinião dos artistas do Procure Saber na polêmica das biografias não vai manchar suas trajetórias.

— A régua que o público usa para medir um ídolo é diferente da usada para as outras entidades. Como eles têm um crédito tão gigantesco com a opinião pública, coisas assim se diluem em meio ao que eles já fizeram de positivo — afirma Rosa. — Mas acho que é diferente com a marca Procure Saber. Se fosse uma empresa, certamente eles fechariam essa marca. A percepção dela, hoje, é muito negativa. Eu não a usaria mais.

O próximo passo do Procure Saber é se preparar para a audiência pública, marcada para os dias 21 e 22 deste mês, no Supremo Tribunal Federal (STF). Corre, no STF, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) contra os artigos do Código Civil que possibilitam que um biógrafo ou seus herdeiros impeçam a publicação de uma biografia.

  • ·    3/11/2013







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