São tantas as emoções dos fãs...

DO TEXTO:
Com seu primeiro salário, Adriano Guimarães comprou o ingresso para aquele que seria o primeiro - de muitos - show de Roberto de sua vida. Hoje vai ver o rei mais uma vez

Andrea Alves

"Em março de 2000, estava eu numa sala de bate-papo, na internet, quando comecei a conversar com uma moça. Perguntei onde ela morava e ela me disse: Santos. Não perdi a oportunidade e digitei no teclado bem rápido, um trechinho da música As curvas da estrada de Santos que é assim: Se você pretende saber quem eu sou eu posso lhe dizer. Entre no meu carro e na estrada de Santos você vai me conhecer. O resultado foi que depois de 7 meses nos casamos, vieram os filhos e estamos juntos até hoje." Essa é a história de Adriano Guimarães. Como a de muitos brasileiros, sua vida foi embalada pelas canções de Roberto Carlos. E como muito brasileiros, ele é também um fã do cantor idolatrado como rei. E hoje para Adriano assim como para muitos fãs que vivem em Sorocaba o dia é pra lá de especial: Roberto Carlos se apresenta na cidade depois de quase dez anos (ainda há ingressos). 

O sentimento pelas obras e pelo próprio cantor surgiu na vida de Adriano da maneira mais espontânea possível. "Não lembro o dia e nem a hora, mas devia ter de 1 para 2 anos de idade. Sempre pedia para minha mãe colocar na vitrola os discos do Roberto. Eram dois os discos que ela tinha: um de 1968 chamado O inimitável Roberto Carlos e outro de 1974 conhecido por ter a música chamada O portão. Eu era tão pequeno e até hoje tento entender como aquela voz me encantava e aquelas músicas me prendiam no sofá e tocavam a minha alma." Os discos da mãe tornaram-se sua mais importante herança quando Adriano completou apenas 4 anos e sua mãe, depois de adoecer, "foi para o céu". Foram esses discos o ponto de partida para que Adriano continuasse na busca pelas músicas do ídolo.

Ele ainda tinha poucos álbuns de vinil quando seu pai lhe entregou uma caixa de sapato com muitas fitas K7 do Roberto. Muitas músicas daquelas fitas eram inéditas para ele. "Depois das fitas, eu realmente comecei a minha coleção, existente até hoje." Com seu primeiro salário, aos 17 anos, Adriano comprou o ingresso para aquele que seria o primeiro show de Roberto de sua vida. "Foi em 1991, no Recreativo. Fui sozinho e estava muito feliz por ver de perto o Roberto Carlos. Ele veio várias vezes na década de 1990 aqui em Sorocaba. Nesses shows, eu comprava livros e camisetas vendidos na fila de entrada. Assisti a uns cinco ou seis shows, até 1999. Depois, Roberto parou de vir." E depois vieram os filhos do casamento de Adriano com Luciana - Ariadne (19), Adriano (9), Aline (5), André (3) e Amanda (chegando em novembro) - e portanto outras prioridades.

Para ele, hoje com 40 anos, a única complicação relacionada a essa admiração pelo rei está em eleger as músicas que falam mais alto ao coração. Adriano tenta selecionar. "Vamos lá: De tanto amor, Quando e Como vai você. Agora vem o complicado: se daqui a meia hora você me perguntar isso novamente eu já vou querer mudar e por aí vai", diz. Mas o fã resolve arriscar: "pensando bem, de toda a obra de Roberto Carlos, pra mim a mais importante é As curvas da estrada de Santos, pois foi essa música que me trouxe a felicidade." 
Adriano admira a simplicidade e a facilidade com que Roberto fala de amor, em suas várias formas. "Isso contagia e faz a gente querer fazer o bem. Ainda mais hoje, quando esses valores estão fora de moda. O cara está lá falando do amor, da amizade, da família, pai, mãe e filhos, Deus e Jesus... Tudo isso foi fundamental na formação do meu caráter e me ajudou muito ao longo de minha vida. Quem gosta e vive as músicas de Roberto Carlos entra fácil no caminho da felicidade, mas também sabe enfrentar as dificuldades da vida com dignidade."

Na pele, o "cara"

Com tatuagem do ídolo no braço, Angelo Roberto toca violão e interpreta canções de Roberto em shows que faz em festas beneficentes e outros eventos 

Essa facilidade de ir do romantismo à religiosidade também despertou em José Angelo Machado Valverde, 62, a paixão pelas canções do rei. "Ele tem um jeito simples de ver a vida em seus vários aspectos", diz o homem que na verdade é mais conhecido pela alcunha de Angelo Roberto e que toca violão e interpreta canções de Roberto em shows que faz em festas beneficentes e outros eventos pelo projeto Nos bares da vida. "Conto também algumas histórias. Conheço tudo." Tem todos os discos de vinil, fitas K7, CDs, DVDs, revistas com entrevistas e playbacks, que ele utiliza em seus shows para que tudo fique mais bonito, mais orquestrado, como pede o repertório do cantor. 

O ponto máximo da vida de Angelo foi quando, ainda jovem, conseguiu um serviço que o deixou bem próximo do seu ídolo. "Consegui me infiltrar para trabalhar de puxador de fios durante o show que aconteceu no Recreativo Central." Após o ensaio, Roberto saiu apertando a mão de quem trabalhava lá. "Não dei uma de fã apavorado e o encarei como um cara normal. E então Roberto apertou minha mão. Parecia que eu fazia parte de sua equipe." Mas ele já curtia Roberto Carlos muito antes disso, nos anos 1960, "na época da jovem guarda, do longos suspiros e dos grandes amassos. As músicas do Roberto marcaram a vida de muitos cinquentões e os sessentões, acompanhou o começo de muitos namoros e inspirou muitos casamentos." Olhando para a história de Adriano, quem duvida?

Angelo Roberto, fã e intérprete de Roberto Carlos, transmitiu esse sentimento que ele mesmo define como paixão aos três filhos, que compartilham com ele o prazer de ouvir as novas e as clássicas composições. "É interessante ver que os jovens também embarcam nas músicas de Roberto. Nos shows que faço, ficam pasmos prestando atenção na letra feita pelo poeta", derrama-se. "Roberto é assim", finaliza, "pode passar 300 anos e sua música não envelhece", afirmou o homem que carrega Roberto no coração e na pele desde o dia em que foi desafiado. "Meu genro disse que eu tinha medo, mas que se fizesse uma tatuagem ele pagaria." Angelo não teve dúvidas sobre o tema e resolveu celebrar os 50 anos de carreira de Roberto, na época, tatuando a foto do Rei que ilustrava a capa do disco de 1996. "Não me arrependo. Virou algo bacana, uma referência", complementou ele, que obviamente, vai ao show que Roberto Carlos faz hoje em Sorocaba.
 
Serviço 
Roberto Carlos
Show: Esse cara sou eu
Hoje, às 21h
Sede campestre do Clube União Recreativo
Ingressos à venda na sede central do clube União Recreativo, na Praça Coronel Fernando Prestes
A partir das 15h, na sede campestre do Clube União Recreativo
Segundo o produtor João Caramez, há ingressos somente para mesas e cadeiras. Ele não informou os valores, que variam conforme a localização dos lugares disponíveis.
http://www.cruzeirodosul.inf.br
 27/09/13 
Fotos:Erick Pinheiro e Pedro Negrão


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