Ei mano cê tá ouvindo Funk ou Samba?!

DO TEXTO:




Por: Rita Inácia da Silva

Cheguei a conclusão que todos temos que ter um mínimo de loucura para interagirmos uns com os outros sem gerar tanto conflitos.

Ando evitando metrô, porque tenho que ir do Anhangabaú a BF se quiser vir sentada. Cansaço, calor, não estou podendo! Corro para pegar o buzão Shop Aricanduva no Pq. D. Pedro. Cheguei na fila e o buzão já saindo, arrisquei (demora para encostar outro), passei a catraca, avistei um único lugar vazio e bem ao lado de um "ser" aparentemente do sexo masculino, uns 60 e poucos anos, magro, calça jeans. Meu sapato apertando porque é novo, louca para sentar e tirá-lo (já tenho esse hábito). Pressupus que o sujeito estava um pouco aquém dos padrões da normalidade. Sentei! Vi que ele estava descalço e com fones de ouvido, olhando para a janela. Me acomodei, descalcei meus sapatos colocando-os juntinhos entre um pé e outro para não se perderem pelo veículo numa freada (já aconteceu) a exemplo dele. Ele se virou por um momento, olhou para os meus pés e em seguida para os deles e depois para a minha cara, "É nóis mano!!!" eu disse! Ele estava com boné do timão! Pensei que iria dormir de imediato mas o cara começa a dançar e a bater a lateral da coxa dele na minha (a principio pensei que estava de sacanagem, mas era maluquice mesmo). "Ei mano cê tá ouvindo Funk ou Samba?!" "Samba" disse ele secamente. "Então bota aí um samba de mesa, porque tá difícil pra eu tirar um cochilo com a sua perna me acordando toda hora!" Não sei se mudou, ficou fazendo percussão na janela com as mãos e o cara da poltrona da frente reclamou e depois disso tivemos um momento de paz mas apenas um momento. Acordo assustada com um pé gelado encostado no meu. Reclamo. Daí ha pouco ele resolveu fazer a percussão nas suas próprias coxas. Estaria tudo certo se uma das coxas não fosse a minha. Ele jurou por Deus que não havia percebido, e o pior de tudo é que acredito, parecia sincero. Mas levantei-me e também já estava chegando o meu ponto.

Ufa!!!

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