Almas Gémeas

DO TEXTO: Deixei o jardim, pensando comigo mesmo que, tratando-se de almas gémeas — ou seja, metades de um mesmo todo —, qualquer separação seria apenas um laps

O jardim do meu contentamento

Por: Armindo Guimarães

 

Hoje de manhã, no meu jardim, ocorreu um episódio bastante pitoresco que aqui vou partilhar.

 

Duas pequenas borboletas voavam uma atrás da outra, ora pousando numa flor, ora numa folha. Notei que permaneciam alguns segundos em cada poiso e cheguei a pensar se, eventualmente, também eu não lhes serviria de poiso.

 

Peguei na minha máquina fotográfica e registei os idílicos momentos da Sara e do Artur, nomes que me surgiram espontaneamente. Talvez o meu subconsciente me dissesse que tudo deve ter um nome, para que, pelo menos para nós, não seja algo indefinido.

 

Ao fim da tarde, quando regressava de um passeio, lembrei-me do simpático casal de borboletas, que mais pareciam duas almas gémeas. Dei uma olhada ao jardim e qual não foi o meu espanto ao ver o Artur pousado numa flor. Pensei, para os meus botões, que a Sara não estaria longe. Olhei em redor, de flor em flor, de folha em folha, mas, depois de alguns minutos sem sinal da Sara, eis que o Artur decidiu abandonar o jardim num rápido e elegante voo.

 

Deixei o jardim, pensando comigo mesmo que, tratando-se de almas gémeas — ou seja, metades de um mesmo todo —, qualquer separação seria apenas um lapso de tempo, a reafirmação de que dois são, na verdade, apenas um.

 

Sei que um dia a Sara e o Artur voltarão a encontrar-se e que aqueles suaves e delicados voos visitarão novamente o jardim do meu contentamento.

 

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