DO TEXTO:
Trata-se da história do ladrão de bancos Virgil Starkwell (Woody Allen), que rouba chicletes com sucesso quando criança, mas que, ao tentar evoluir, n
Incapaz de se adaptar ao sistema social institucionalizado, Virgil trava uma luta constante contra a corrente
Por: Armindo Guimarães
Quando, nos anos 70, vi pela primeira vez Take the Money and Run, traduzido em Portugal como “O Inimigo Público” e no Brasil como “O Assaltante Bem Trapalhão”, tornei-me desde então admirador de Woody Allen, naquele que foi o seu primeiro filme como actor e realizador.
Trata-se da história do ladrão de bancos Virgil Starkwell (Woody Allen), que rouba chicletes com sucesso quando criança, mas que, ao tentar evoluir, nada lhe corre de feição. Inteligente, mas tímido, procura superar as suas frustrações tornando-se assaltante profissional, mas o azar persegue-o constantemente por motivos inesperadamente ridículos e impensáveis. Apesar da sua inteligência, não consegue esconder a ingenuidade latente, os princípios morais com que foi educado e as suas modestas ambições, contra as quais o mundo parece conspirar.
Incapaz de se adaptar ao sistema social institucionalizado, Virgil trava uma luta constante contra a corrente. Mas, numa sociedade baseada nos ideais de sucesso, como pode viver um Virgil tipicamente fracassado e, ainda por cima, com um coração de menino? Esse coração, que no fundo existe sempre em cada um de nós, é o que nos faz identificar com ele. O que impressiona na história de Virgil, contada através de uma série de gags perspicazes, é que nos podemos rever nele, mesmo que intimamente não o admitamos.
Num parque, Virgil tenta roubar a carteira de uma jovem descuidada, mas, mais uma vez, no momento crucial, a sorte não está do seu lado. Contudo, houve ali uma súbita empatia e os dois combinam um jantar para esse mesmo dia. Em casa, Virgil prepara-se, vestindo o seu melhor fato para o encontro tão significativo. Barbeia-se, penteia-se e, ainda diante do espelho, encena as melhores expressões faciais e corporais para se apresentar perante Louise. Ao sair de casa, bate a porta, mas logo a reabre, pois tinha-se esquecido de vestir as calças. Já na rua, a caminho do restaurante, força uma máquina de rebuçados e despeja para os bolsos uma grande quantidade de moedas. No restaurante, depois do jantar idílico com a sua Louise, Virgil pede a conta e, à saída, despeja dezenas de moedas na bandeja do barman. Este desequilibra-se com o peso das moedas e fica pregado ao chão, surpreendido.
Em casa, o frio é intenso e Louise lamenta a falta de um dos vidros na janela. Sem dinheiro para comprar um, Virgil dirige-se à vitrina de uma ourivesaria onde estão expostas joias de valor incalculável. Munido de um corta-vidro, risca um rectângulo perfeito, que retira com a ajuda de uma ventosa. Quando todos esperam que Virgil roube as joias, que certamente iriam melhorar substancialmente o seu orçamento familiar, ele limita-se a fugir com o rectângulo de vidro debaixo do braço. Afinal, era apenas um simples vidro que precisava para a janela de sua casa.
Num dos seus fracassados assaltos a bancos, Virgil é traído pela sua própria caligrafia, que o caixa não consegue entender.
Várias vezes preso, Virgil idealiza a sua fuga, construindo uma pistola de sabão. Com a “pistola” em punho, consegue manietar o guarda da prisão. A fuga seria um sucesso, não fosse a “pistola” dissolver-se na chuva.
Finalmente, mais uma vez na prisão, Virgil dá uma entrevista a um canal televisivo e faz ao entrevistador a pergunta da sua vida: “Sabe se chove lá fora?”
Trata-se da história do ladrão de bancos Virgil Starkwell (Woody Allen), que rouba chicletes com sucesso quando criança, mas que, ao tentar evoluir, nada lhe corre de feição. Inteligente, mas tímido, procura superar as suas frustrações tornando-se assaltante profissional, mas o azar persegue-o constantemente por motivos inesperadamente ridículos e impensáveis. Apesar da sua inteligência, não consegue esconder a ingenuidade latente, os princípios morais com que foi educado e as suas modestas ambições, contra as quais o mundo parece conspirar.
Incapaz de se adaptar ao sistema social institucionalizado, Virgil trava uma luta constante contra a corrente. Mas, numa sociedade baseada nos ideais de sucesso, como pode viver um Virgil tipicamente fracassado e, ainda por cima, com um coração de menino? Esse coração, que no fundo existe sempre em cada um de nós, é o que nos faz identificar com ele. O que impressiona na história de Virgil, contada através de uma série de gags perspicazes, é que nos podemos rever nele, mesmo que intimamente não o admitamos.
Num parque, Virgil tenta roubar a carteira de uma jovem descuidada, mas, mais uma vez, no momento crucial, a sorte não está do seu lado. Contudo, houve ali uma súbita empatia e os dois combinam um jantar para esse mesmo dia. Em casa, Virgil prepara-se, vestindo o seu melhor fato para o encontro tão significativo. Barbeia-se, penteia-se e, ainda diante do espelho, encena as melhores expressões faciais e corporais para se apresentar perante Louise. Ao sair de casa, bate a porta, mas logo a reabre, pois tinha-se esquecido de vestir as calças. Já na rua, a caminho do restaurante, força uma máquina de rebuçados e despeja para os bolsos uma grande quantidade de moedas. No restaurante, depois do jantar idílico com a sua Louise, Virgil pede a conta e, à saída, despeja dezenas de moedas na bandeja do barman. Este desequilibra-se com o peso das moedas e fica pregado ao chão, surpreendido.
Em casa, o frio é intenso e Louise lamenta a falta de um dos vidros na janela. Sem dinheiro para comprar um, Virgil dirige-se à vitrina de uma ourivesaria onde estão expostas joias de valor incalculável. Munido de um corta-vidro, risca um rectângulo perfeito, que retira com a ajuda de uma ventosa. Quando todos esperam que Virgil roube as joias, que certamente iriam melhorar substancialmente o seu orçamento familiar, ele limita-se a fugir com o rectângulo de vidro debaixo do braço. Afinal, era apenas um simples vidro que precisava para a janela de sua casa.
Num dos seus fracassados assaltos a bancos, Virgil é traído pela sua própria caligrafia, que o caixa não consegue entender.
Várias vezes preso, Virgil idealiza a sua fuga, construindo uma pistola de sabão. Com a “pistola” em punho, consegue manietar o guarda da prisão. A fuga seria um sucesso, não fosse a “pistola” dissolver-se na chuva.
Finalmente, mais uma vez na prisão, Virgil dá uma entrevista a um canal televisivo e faz ao entrevistador a pergunta da sua vida: “Sabe se chove lá fora?”
O melhor mesmo é ver (ou rever) o filme. Segue-se um vídeo triplo: os dois primeiros com alguns dos gags aqui referidos e o terceiro com o filme completo. O que permanece sempre presente na minha mente, e que raramente é salientado, é aquele momento em que Virgil encena as melhores expressões faciais e corporais para se apresentar perante Louise.
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Take the Money and Run
Estados Unidos – 1969 – cor – 85 min
Realização: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Janet Margolin, Louise Lasser, Marcel Hillaire, Jackson Beck
Género: Comédia
Sobre Woody Allen
Página oficial do Facebook de Woody Allen – Muitas vezes utilizada para anúncios e novidades.
Site dedicado ao trabalho e à carreira de Woody Allen, mantido por fãs, com atualizações frequentes e confiáveis.
Clique no título para assistir ao respetivo vídeo.
Take the Money and Run - Excertos I
Take the Money and Run - Excertos II
Take The Money And Run (Woody Allen) - 1969
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ℹ️Do mesmo autor: Woody Allen - Um Espelho Vivo
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Comentários
Oi Armindo!
ResponderEliminarWoody Allen é um artista bom em tudo que faz, mas coitado no papel de Virgil, só se deu mal...
Amei os vídeos, mas tive pena também do menino Virgil. Judiado e humilhado pelos "amigos", não poderia virar grande coisa.
Parabéns, patrão, se saiu muito bem!
Um beijo,
Carmen Augusta
Olá, Guta!
ResponderEliminarÉ mesmo como dizes: o Virgil é um azarado do carago!
Quanto a judiado, lembro-te que o Woody Allen é judeu.
Abração
Olá Armindo!
ResponderEliminarEu nunca vi um filme de Woody Allen. Não sei porquê, mas sempre achei que não fossem filmes, que eu gostaria de ver. Mas ao ver esses vídeos, deu-me vontade de ver esse filme.
No papel de Vírgil,coitado...um azarado, trapalhão...
Beijos
Oi amigo querido!
ResponderEliminarArmindo,desculpe se entendeu mal o termo que usei ali, e talvez mal usado, mas o quis dizer foi maus tratos.
Então digo: Virgil, mal tratado e humilhado pelos "amigos"....
Certo?
Um beijo,
Carmen Augusta
Ola Mindo tudo porreiro? Olha pà nao sou muito admirador do Woody mas reconheço que com o seu tipo de humor judei New-yorkes em alguns filmes tambem me ri bastante.éssa da pistola de sabao entre outras esta boa.Grande abraço deste teu amigo que sempre te apreciarà!
ResponderEliminarOlá, Dina!
ResponderEliminarEntão, é chegado o momento de veres alguns filmes dele.
Além disso, Woody Allen também é autor de vários livros.
Estou até a pensar em propor ao Allen uma co-produção e realização do livro que eu nunca escrevi "A vingança da mulher dos tremoços", e, quem sabe, também aquele outro meu livro que só existe em título "Há dias de manhã que um indivíduo à tarde nunca deve sair de casa à noite". Grande título!!!
eheheheheh
Abraços
Olá, Guta!
ResponderEliminarEu entendi bem. Simplesmente eu aproveitei a palavra "judiado", para jogar com a palavra. Foi com “judiado” como podia ser com outra qualquer.
Por isso, não tens que pedir desculpas e manter o que muito bem escreveste. Além disso, de ti nunca há má intenção. Eu sei.
A gente também não pode levar tudo a peito, senão estamos tramados.
Abração
Olá, Manuel!
ResponderEliminarPois eu gosto dele à brava. E no que ao "Inimigo público" se refere não sei quantas vezes fui um Virgil. Tem vezes que o sou.
Nesse filme acho que o Woody Allen não encontraria melhor actor para desempenhar o papel de Virgil tão bem como ele desempenha. Corpo franzino, cara de palerma e ainda por cima com uns óculos demasiado pesados, não podia ser melhor.
eheheheheh
Grande abraço, pá!
Grande postagem do Armindo!
ResponderEliminarEssa mostragem de filme de gênero comédia, faz realmente o seu estilo e que pelo relato feito por ele e pelas cenas vistas nos vídeos, deu pra perceber o grande ator que é Woody Allen.
também nunca assisti um filme desse ator, mas deve ser um espetáculo!
Excelente comediante com seus tejeitos fisionômicos, já nos faz mostrar um jeito cômico, mas que ao mesmo tempo sentimos a tristeza, pelo problema vivido até hoje pela sociedade, e que fica difícil de haver uma mundança nesse quadro da humanidade.
Parabéns e valeu pelos vídeos que melhor explicitou o que foi aqui tão bem relatado.
Um abraço.
Olá, Mazé!
ResponderEliminarNa verdade, este filme do Woody Allen, sendo cómico, convida à reflexão sobre o comportamento humano.
Aquele que aparentemente se mostra descontraído em qualquer situação, consciente ou inconscientemente apenas tenta esconder complexos de inferioridade.
Um beijo e um xi
Ah ganda Armindo! :D e "Para acabar de vez com a cultura" quem melhor que esse ganda maluco ehehehehe
ResponderEliminarJá vi alguns filme e li o tal livro e gosto e pronto! ;)
Abraço :)
Olá, Tá-se bem!
ResponderEliminarTás bem?
Olha! Sabes quem me telefonou hoje? A Dona Isaurinha da Areosa! Está chateada contigo. Disse-me ela que o Senhor Nebes do "Blogatadas" está-lhe a deber uma musiquinha nos "Discos Pe(r)didos". Vê se fazes a vontade à senhora senão estou lixado que vou ter que andar sempre a ouvi-le por tua causa!
Abraços