CCB - Cláudia Belchior renova mandato na liderança europeia do teatro

Reeleição na ETC reforça o papel do CCB na cultura, diversidade e sustentabilidade

A cultura europeia ganha continuidade quando a liderança alia visão, diversidade e compromisso 

O Centro Cultural de Belém reforça a sua posição no panorama cultural europeu com a reeleição de Cláudia Belchior para um novo mandato de dois anos como Presidente da ETC – European Theatre Convention, a maior rede europeia de teatros públicos. A decisão confirma não apenas a confiança dos pares, mas também o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo CCB no cruzamento entre criação artística, cooperação internacional e políticas culturais contemporâneas.

A reeleição ocorreu durante a Conferência Internacional de Teatro da ETC, integrada no Fórum STAGES e na Mostra de Teatro da Letónia, realizada em Riga. O encontro reuniu cerca de 300 diretores de teatros europeus, num espaço de debate sobre temas centrais para o setor, como a verdade artística, os desafios do nacionalismo e a urgência da sustentabilidade cultural e ambiental.

Sobre a continuidade do seu mandato, Cláudia Belchior sublinhou que a ETC continuará a defender a liberdade de criação artística e a promover práticas mais inclusivas e representativas, capazes de refletir a complexidade das sociedades europeias. Para a responsável, a diversidade — de pessoas, linguagens, territórios e perspetivas — não é apenas um valor cultural, mas uma condição essencial para uma democracia viva e participativa.

A rede ETC mantém igualmente uma trajetória de crescimento, com a integração recente de dois novos teatros-membros: o Teatr Nowy Poznan, na Polónia, e o Theaterhaus Jena, na Alemanha, alargando o mapa da cooperação teatral europeia.

Entre os participantes do encontro esteve José Manuel Fernández-Arroyo, deputado da Comissão Europeia responsável pela pasta da Europa Criativa, que destacou o papel da ETC na defesa da liberdade artística e da diversidade cultural. Já Juris Žagars, Diretor-Geral do Teatro Dailes, sublinhou o simbolismo de acolher a conferência na Letónia, num contexto geopolítico particularmente sensível para a região.

A presença ativa do Centro Cultural de Belém neste fórum internacional reafirma o seu compromisso com a sustentabilidade, a cooperação transnacional e a promoção da liberdade artística no setor cultural europeu, numa altura em que estes valores são tudo menos garantidos.

Uma verdadeira revolução verde no teatro

O encontro ficou também marcado por um passo decisivo no domínio da sustentabilidade. O Theatre Green Book foi oficialmente constituído como organização sem fins lucrativos, passando a contar com Abigail Pogson como Presidente. A nova estrutura tem como missão apoiar teatros, companhias, equipamentos culturais e equipas técnicas na adoção de práticas mais sustentáveis, através de orientações concretas e padrões comuns para o setor.

Este avanço foi formalizado durante a conferência internacional Sustainable Theatre: Global Challenge, realizada no National Theatre, em Londres, que reuniu mais de 500 participantes, oriundos de 23 países e representando 285 organizações. O evento, organizado em parceria com o Theatre Green Book, consolidou a sustentabilidade como prioridade estratégica nas artes performativas.

Entre os objetivos definidos estiveram a mobilização dos teatros para envolver o público na ação climática, a partilha de conhecimento e boas práticas, e a garantia de redes abertas, colaborativas e inclusivas. Georg Häusler, Diretor de Cultura, Criatividade e Desporto da Comissão Europeia, não poupou palavras ao classificar o Theatre Green Book como “uma verdadeira revolução verde no teatro”.

Cláudia Belchior participou como oradora neste encontro, reforçando uma ideia simples e pouco romântica, mas essencial: a mudança só acontece à velocidade da colaboração.

Nota do Editor – Portal Splish Splash

Num setor frequentemente pressionado entre a urgência artística e a escassez de recursos, a continuidade de lideranças com visão europeia e consciência ambiental não é um detalhe. É, cada vez mais, uma necessidade estrutural.