Geraes: o barroco mineiro por Angelo Oswaldo

Angelo Oswaldo lança livro com 17 ensaios sobre o barroco mineiro, com apresentação de Silviano Santiago. Evento será na AML, dia 18/08, às 19h.
Capa do livro de Angelo Oswaldo com 17 ensaios sobre o barroco mineiro.

Lançamento reúne 17 ensaios sobre a arte barroca em Minas, com vasto acervo visual


A obra publicada pela editora Relicário será lançada na Academia Mineira de Letras, no dia 18 de agosto, às 19h, com a presença de Silviano Santiago e João Pombo Barile. Evento aberto ao  público e a entrada gratuita

“Angelo Oswaldo, já sabemos, é um estudioso das Geraes que enxerga com a mão e os olhos detalhes que a muitos passam despercebidos, e por isso o admiramos. (...) Sendo cidadão, Angelo Oswaldo é ensaísta. Sendo ensaísta, é artista.”
Silviano Santiago

Reunidos pela primeira vez, os escritos de Angelo Oswaldo de Araújo Santos sobre história da arte barroca mineira remontam a quatro décadas de produção ensaística do pensador, considerado um dos maiores conhecedores do barroco em Minas Gerais. Entre inéditos e esparsos – na maior parte publicados a propósito de inaugurações de exposições ou museus em que tomou parte –, Geraes: Arte Barroca em Minas reúne 17 estudos, com vasta iconografia, organizados em duas partes: Arte barroca brasileira e As bulas e as fábulas: preservação e inspiração. O livro será lançado no dia 18 de agosto, segunda-feira, às 19h, na sede da Academia Mineira de Letras [Rua da Bahia, 1466 - Centro, Belo Horizonte]. A ocasião do lançamento contará com uma conversa entre Angelo Oswaldo e Silviano Santiago, mediada por João Pombo Barile, seguida de sessão de autógrafos. O evento é aberto ao público e a entrada é gratuita. 

Observando traços de religiosidade popular, influências estéticas no contexto da arte sacra, e a originalidade dos artistas nacionais, a obra mapeia o processo de formação cultural da sociedade colonial, analisa o peso da obra de Aleijadinho e sublinha os atravessamentos da matriz cristã europeia, dedicando especial atenção à contribuição da cultura africana. Entre os textos sobre a recepção do barroco no século XX, o autor recupera a aventura política da preservação e projeta a força da arte através do tempo, guiando o leitor do calor dos debates modernistas ao desafio de repertórios contemporâneos. Arte visual por excelência, o livro retrata o barroco com iconografia cuidadosamente selecionada e acrescenta a inspiradora reflexão do escritor e crítico de arte Silviano Santiago, que assina a apresentação.

O lançamento de Geraes: Arte Barroca em Minas (Relicário, 2025) é uma iniciativa da AML, com apoio da Editora Relicário e da Zeta Money, e acontece no âmbito do “Plano Anual Academia Mineira de Letras – AML (PRONAC 248139)”, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura. O evento tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e setecentos médicos cooperados e colaboradores.

POR DENTRO DA OBRA
Sistematizado em ensaios que vão desde panoramas contextualizantes (como “Origem e originalidade da arte brasileira”, que abre esta edição) a detidas análises (como em “A Matriz de Conceição do Mato Dentro” e nos diversos textos dedicados ao legado de Aleijadinho), Geraes: Arte Barroca em Minas apresenta a clara e penetrante observação do autor sobre temas fundamentais para a compreensão da arte sacra em Minas Gerais.

Como ensaísta, Angelo Oswaldo detém-se pelo tempo necessário em descrições plásticas de obras de arte e elege as práticas de devoção como uma de suas temáticas centrais (como em “No caminho de Minas, a Virgem Aparecida” e “Santos africanos no Brasil”). Permitindo-se assumir um tom poético aqui, um traço memorialista ali, o autor atinge seu propósito de sacar o leitor de seu presente e elevá-lo a outros tempos, sobre os quais lança seu olhar: “(...) a malha urbana refaz a paisagem de montanhas contorcidas, rasgando o azul profundo que suspende no ar a terra de Minas. No teatro de montanhas, o Velho e o Novo Testamento da fortuna do ouro procuram o seu lugar, entre a gênese e o apocalipse. Congonhas está ali.”

Se o barroco é a arte em que as linhas se entrecruzam ou se retorcem, Geraes: Arte Barroca em Minas também comporta a sobreposição de algumas camadas de história. Antes de tudo um testemunho da longínqua e estreita relação do autor com o patrimônio cultural brasileiro, o livro retrata a consistência dos gestos de Angelo Oswaldo sempre inclinados à arte, ao barroco e à cultura mineira, movimentos que se distinguem na datação dos ensaios publicados, como se vê no comovente registro que encerra o inédito “A obra máxima”, quando o autor anota o longo intervalo de 40 anos de tempo tomado na composição do texto, uma história de devoção de vida à arte.

SOBRE O AUTOR
Angelo Oswaldo de Araújo Santos (Belo Horizonte, 7 de dezembro de 1947) é jornalista, curador, gestor público e político brasileiro. Formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com especialização no Instituto Francês de Imprensa, em Paris, atuou como crítico literário, editor e colaborador de periódicos como Estado de Minas, Jornal do Brasil e Le Monde. Foi editor do Suplemento Literário de Minas Gerais e consultor das Edições Gallimard (Paris). Como curador e ensaísta, Angelo Oswaldo organizou exposições e catálogos nacionais e internacionais que projetaram o barroco brasileiro, como Três Séculos de Arte Brasileira/Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo (Palazzo Reale, Milão, 2004), Sant’Ana na Coleção Ângela Gutierrez (Pinacoteca de São Paulo, 2003), Oratórios Brasileiros (Turim, 2001) e Brasil Barroco: Entre o Céu e a Terra (Petit Palais, Paris, 1999-2000). Sua produção literária abrange obras como Na Casa de Alphonsus (2018), Igrejas de Minas (1998) e Ouro Preto – Tempo sobre Tempo (1985), além de inúmeras participações em antologias, publicações de artigos em periódicos e colaborações acadêmicas. Membro da Academia Mineira de Letras, recebeu condecorações da França (Legião de Honra), Portugal (Ordem do Infante Dom Henrique) e Espanha (Ordem de Isabel, a Católica), reconhecendo sua contribuição à cultura. Sua carreira política inclui múltiplos mandatos como prefeito de Ouro Preto (1993-1996, 2005-2008, 2009-2012, 2021-2024 e reeleito para 2025-2028), além dos cargos executivos sempre dedicados à interseção entre arte, política e memória, como os de secretário de Cultura de Minas Gerais, presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Ministro da Cultura (como interino na gestão Celso Furtado) e presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde consolidou sua atuação em defesa do patrimônio histórico.

SOBRE OS PARTICIPANTES DO LANÇAMENTO
Silviano Santiago nasceu no dia 29 de setembro de 1936 na cidade de Formiga, Minas Gerais. Fez seus primeiros estudos na cidade natal. Em 1948, transferiu-se com a família para a capital do estado e se matriculou no Colégio Municipal. Em 1959, formou-se em Letras Neolatinas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFMG. Especializou-se em literatura francesa no Centre d’Études supérieures de Français, no Rio de Janeiro, e em 1961, com bolsa do governo francês, partiu para o doutorado na Sorbonne, Université de Paris. Ainda doutorando iniciou sua carreira de professor universitário nos Estados Unidos, onde atuou na Rutgers University, do estado de Nova Jérsei. Foi “Associate Professor with Tenure”, na State University of New York at Buffalo. Regressou ao Brasil, onde lecionou Literatura brasileira e Teoria literária na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) até 1980. Transferiu-se para a Universidade Federal Fluminense, em Niterói, onde se aposentou como Professor Emérito. É Doutor Honoris Causa pela Universidade do Chile (2013) e pela Universidade Tres de Febrero, de Buenos Aires (2014). Em 1959, em Belo Horizonte, publicou seus primeiros livros. Em sua obra destacam-se os seguintes títulos: Carlos Drummond de Andrade (Vozes, 1975), Uma literatura nos trópicos (Perspectiva, 1978), Glossário de Derrida (Francisco Alves, 1976), Vale quanto pesa (Paz & Terra, 1982), Nas malhas da letra (Companhia das Letras, 1989), O cosmopolitismo do pobre (Editora UFMG, 2004) Ora (direis) puxar conversa! (Editora UFMG, 2006), As raízes e o labirinto da América Latina (Rocco, 2006), Entrevistas (Azougue, 2011), Aos sábados pela manhã (Rocco, 2013), Genealogia da ferocidade (CEPE, 2017) e Fisiologia da composição (CEPE, 2020).

João Pombo Barile é jornalista desde 1992 e formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo.  Em São Paulo trabalhou nas editoras Nova Cultural, Segmento, Abril e Larousse. 

Em Belo Horizonte, trabalhou nos jornais “O Tempo”, “Hoje em dia” e nas revistas Veja BH e Encontro. Atualmente é redator do Suplemento Literário de Minas Gerais e dirige, desde 2011, o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura.

INSTITUTO UNIMED-BH
O Instituto Unimed-BH completou 22 anos em 2025 e conta com o apoio de mais de 5,7 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente, através de projetos patrocinados em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

SERVIÇO: 
Lançamento de livro e sessão de autógrafos
Geraes: Arte Barroca em Minas (Relicário, 2025)
de Angelo Oswaldo
com presença de Silviano Santiago e mediação de João Barile
Data: 18/08, segunda, às 19h
Local: Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia 1466 - Lourdes) 
Entrada gratuita. 
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