O Daruma e o Poder do Desejo na Cultura Japonesa

Conheça o boneco da sorte japonês que representa esperança e perseverança

Daruma: mais que um amuleto, um lembrete de resiliência 

 

Por: Samantha di Khali*

O Japão é conhecido por sua tecnologia, economia, culinária e tantos outros encantos que o país possui. Mas o que mais amo nele é o seu misticismo.

Um objeto místico que chama atenção no mundo todo é o boneco da sorte japonês, conhecido como Daruma (ou Dharma).

Trata-se de um boneco redondo e oco, feito artesanalmente, geralmente na cor vermelha — embora também existam em outras cores. O Daruma faz referência ao Bodhidharma, fundador da escola Zen do budismo.

A cor vermelha representa o manto de um sacerdote de alto nível e, segundo as superstições, ajuda a afastar o "mau-olhado" e as doenças. Apesar de ser considerado um omochá (brinquedo), o Daruma é carregado de simbolismo e é visto como um talismã de boa sorte e perseverança pelos japoneses.

Você pode escolher o seu Daruma com base nas cores e seus significados:

• Vermelho: boa sorte, felicidade

• Azul: saúde, longevidade

• Amarelo: segurança

• Preto: fortuna, prosperidade

• Branco: amor, harmonia

 

O Daruma não tem olhos

Segundo a lenda, o monge indiano Bodhidharma se isolou numa caverna para meditar por nove anos. Para combater o sono, teve um pensamento radical:

“Por eu ter olhos, as pálpebras caem sobre eles e começo a cochilar.”

E então, em um ato extremo, cortou suas próprias pálpebras para manter-se desperto.

A história conta que, após esse longo período de meditação, Bodhidharma alcançou o “estado de iluminação” — ou seja, passou a ver com a mente, não com os olhos físicos. Por isso, o Daruma é associado à realização de sonhos através da paciência, perseverança e disciplina.

Os bonecos são vendidos sem olhos. A tradição diz que se deve pintar um olho ao fazer um pedido e, somente quando o desejo se realizar, pintar o segundo.

Depois disso, o Daruma deve ser queimado em cerimônia simbólica. A prática é reiniciada com um novo boneco, de preferência no início do ano, representando um novo ciclo de sorte e prosperidade.

Além disso, o Daruma não possui braços nem pernas, e sua base é mais pesada, fazendo com que ele sempre retorne à posição original ao ser derrubado. Esse detalhe simboliza uma importante mensagem: nunca desistir dos nossos objetivos.

*Samantha di Khali, Psicóloga, radialista e empresária, é gaúcha, mas reside em São Paulo. Mais de 18 anos de experiência em grandes rádios e TV brasileiras. Leia mais sobre a autora...