Associação entre as doenças pode causar danos sérios ao coração, rins e pulmões
Doenças crônicas quando não controladas podem atuar de maneira agressiva no corpo, aumentando a inflamação e os riscos de desenvolvimento ou agravamento de doenças renais, cardiovasculares e pulmonares
São Paulo – junho 2025 - Não é raro encontrar uma pessoa com diabetes ou com pressão alta. Mas a presença simultânea de diabetes e hipertensão arterial pode ser uma combinação perigosa com efeitos devastadores para a saúde do coração, dos rins e dos pulmões. “Quando essas duas doenças crônicas não são controladas adequadamente, elas interagem de maneira agressiva, potencializando danos a diversos órgãos vitais. A diabetes, caracterizada pela elevação dos níveis de glicose no sangue, provoca uma inflamação crônica e prejudica o funcionamento dos vasos sanguíneos. Esse processo, conhecido como disfunção endotelial, compromete a capacidade dos vasos de se dilatarem adequadamente e favorece o acúmulo de placas de gordura (aterosclerose). Já a hipertensão exerce uma pressão constante e elevada sobre as paredes arteriais, acelerando ainda mais o desgaste dos vasos”, explica a Dra. Deborah Beranger*, endocrinologista com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ). “Juntas, essas condições aumentam significativamente o risco de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). O coração, diante da resistência causada pela rigidez dos vasos e da sobrecarga de pressão, precisa trabalhar mais intensamente, o que pode levar à insuficiência cardíaca com o tempo”, completa a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez*, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
De acordo com a endocrinologista, além do impacto no sistema cardiovascular, a combinação de diabetes e hipertensão também é extremamente prejudicial aos rins. “Os rins dependem de uma rede delicada de vasos sanguíneos para filtrar o sangue. A glicose alta danifica essas estruturas, enquanto a pressão alta agrava o problema, promovendo a perda progressiva da função renal. Sem tratamento, o quadro pode evoluir para doença renal crônica e, em casos mais graves, exigir diálise ou transplante renal”, explica a endocrinologista. Os pulmões também podem sofrer consequências, de acordo com a Dra. Marcella. “A inflamação sistêmica e o comprometimento dos vasos sanguíneos podem levar ao desenvolvimento de hipertensão pulmonar — uma condição em que a pressão nas artérias dos pulmões se eleva, dificultando a circulação sanguínea e forçando o coração a bombear com mais esforço”, diz. “O controle rigoroso da glicemia e da pressão arterial é fundamental para interromper esse ciclo de agressões ao organismo. Mudanças no estilo de vida, como alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos, abandono do tabagismo e adesão ao tratamento medicamentoso, são medidas essenciais para reduzir os riscos e preservar a saúde dos órgãos vitais”, completa a Dra. Marcella. “Sem a devida atenção, diabetes e hipertensão formam uma parceria silenciosa, mas extremamente perigosa, capaz de comprometer seriamente a qualidade e a expectativa de vida”, confirma a Dra. Deborah.
As médicas explicam que as condições precisam ser acompanhadas de perto principalmente quando estão associadas, sendo necessário o uso de medicamentos para controle das doenças e uma alimentação especial. “Pacientes com diabetes, em pré-diabetes ou com preocupações sobre o desenvolvimento de diabetes e hipertensão devem conversar com um médico sobre a melhor combinação de estratégias preventivas para evitar as doenças”, diz a Dra. Marcella. Abaixo, as médicas dão dicas para evitar as doenças:
Hipertensão – Os principais fatores de risco para a hipertensão são tabagismo, uso de anticoncepcional oral, história familiar, abuso de sal, sobrepeso e a obesidade, alcoolismo e a idade (quanto mais idoso, maior a taxa), segundo a Dra. Deborah. “A dieta com alimentação saudável é importante tanto para prevenção quanto para o controle da hipertensão. O paciente tem que perder peso, controlá-lo, então é muito importante uma dieta rica em vegetais, rica em fibras. É importante uma dieta pobre em sal, pobre em alimentos processados, rica em alimentos antioxidantes, em alimentos anti-inflamatórios, rica em potássio, magnésio, ômega 3, alimentos que diminuem o triglicerídeo, que tem ação anti-inflamatória. Sugerimos reduzir ao máximo o consumo de alimentos de origem animal, por serem ricos em gordura, reduzir ao máximo a ingestão de açúcar, bebidas açucaradas, açúcar refinado, porque aumenta bastante o acúmulo de gordura abdominal, portanto, estes fatores aumentam a chance de hipertensão e de descontrole da hipertensão”, diz a Dra. Deborah. “Quanto ao exercício, ele é fundamental tanto para a prevenção quanto para o controle da hipertensão, porque ele traz vários benefícios, como redução de colesterol e da glicose, prevenção e redução de sobrepeso e de peso, além de melhora da saúde mental, do estresse e do padrão de sono. Além disso, ele reduz a frequência cardíaca”, comenta a médica.
Diabetes – O fator alimentar é um dos principais riscos para a diabetes tipo 2, principalmente com o consumo de alimentos que provocam picos de glicemia. A médica nutróloga explica que uma abordagem testada e aprovada para evitar a doença leva em consideração uma dieta saudável de baixa caloria combinada com pelo menos 150 minutos de física. “Se o paciente está em sobrepeso, o balanço energético negativo, com ingestão de menos calorias do que o corpo gasta, é uma estratégia interessante, mas é necessário avaliar também a qualidade nutrológica dos alimentos ingeridos. De forma alguma 300kcal (calorias) de salada, vegetais e proteínas magras tem o mesmo efeito metabólico que 300kcal de algodão doce. Alimentos de calorias vazias, sem nutrientes, ricos em carboidratos simples, como os doces, aumentam o pico de insulina, que pode aumentar os riscos de desenvolver diabetes e doenças metabólicas (hipertensão, diabetes e dislipidemias)”, afirma a Dra. Marcella. “A terapia com medicamentos utilizados para tratar diabetes, em doses apropriadas, também pode ser indicada por um médico”, acrescenta. “Com relação às mudanças no estilo de vida, é necessário melhorar hábitos alimentares, incluir exercícios físicos, melhorar hábitos de sono, evitar alcoolismo e tabagismo. Na prevenção e tratamento da síndrome metabólica, o exercício físico é considerado de grande importância. Tal intervenção, comprovadamente, melhora a tolerância à glicose e reduz a resistência à insulina. A prática moderada tanto de exercícios aeróbicos como de força é indicada para todos, mais ainda para pré-diabéticos e portadores de síndromes metabólicas, desde que seja frequente e obedeça a uma periodicidade. Atividades de flexibilidade e relaxamento, associadas às de força e aeróbicas, também trazem impactos positivos. O mais importante é sair do sedentarismo”, finaliza a Dra. Marcella Garcez.
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez
*DRA. DEBORAH BERANGER: Endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ) e pós-graduação em Terapia Intensiva na Faculdade Redentor/AMIB. Com cursos de extensão em Obesidade, Transtornos Alimentares e Transgêneros pela Harvard Medical School, a médica tem MBAs de Saúde e Qualidade de Vida, de Marketing e Branding Médico e de Mindset, todos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e curso de Obesidade e de imersão em Medicina Culinária pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Fez Fellowship pela European Association for the Study of Obesity, em Portugal; é speaker dos laboratórios Servier, Novo Nordisk, Novartis, Merck, AstraZeneca, Lilly e Boehringer. Instagram: @deborahberanger
Associação entre as doenças pode causar danos sérios ao coração, rins e pulmões
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