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O adesivo criado pelos pesquisadores é feito de ácido hialurônico e polietilenoglicol, substâncias biocompatíveis com o organismo e muito usadas em
A descoberta foi publicada em abril no periódico Advanced Materials
Prático e indolor, adesivo é capaz de entregar medicamentos profundamente na pele para regular o sistema imune do local em vez de suprimi-lo, assim combatendo a alopecia areata e restaurando o crescimento dos cabelos sem efeitos colaterais
São Paulo – junho 2024 - Queda de cabelo não é sempre igual. Além da famosa calvície, ou alopecia androgenética, a alopecia areata é outro problema comum que leva à perda dos fios, afetando, inclusive, pessoas mais jovens. “A alopecia areata é uma doença inflamatória e autoimune que ocorre quando as células do sistema imunológico atacam o folículo piloso, fazendo com que deixe de produzir o fio e gerando falhas. A extensão varia caso a caso, podendo restringir-se a pequenas áreas circulares ou afetar todo o couro cabeludo”, explica o Dr. Danilo S. Talarico*, médico professor de Cirurgia Capilar e Tricologia. “E, apesar de haver possibilidade dos fios voltarem a crescer sozinhos, já que os folículos pilosos não são destruídos, essa não é uma garantia. Além disso, muitas vezes a doença ocorre de maneira cíclica, com períodos de queda e renascimento dos fios. Então, o tratamento adequado é fundamental, especialmente porque a alopecia areata pode causar um impacto importante na autoestima”, acrescenta. Felizmente, novas possibilidades de tratamento têm surgido. Por exemplo, pesquisadores de Harvard e MIT criaram um adesivo com microagulhas capaz de regular o sistema imunológico no local, impedindo que essas células ataquem o folículo para combater o processo de queda. A descoberta foi publicada em abril no periódico Advanced Materials.
O adesivo criado pelos pesquisadores é feito de ácido hialurônico e polietilenoglicol, substâncias biocompatíveis com o organismo e muito usadas em aplicações médicas. “Essa combinação possibilita o desenvolvimento de agulhas duradouras capazes de penetrar na pele de forma completamente indolor e entregar o medicamento diretamente no alvo necessário, pois ultrapassam a camada mais externa da epiderme, o que muitos cremes não conseguem fazer”, afirma o médico. Para o tratamento de alopecia areata, uma combinação das citocinas IL-2 e CCL-22 foram incorporadas aos adesivos. “A associação dessas citocinas ajuda a recrutar células imunológicas específicas que vão se proliferar para ajudar a conter a inflamação. Além disso, também mostra ao sistema imunológico que os folículos não são agentes estranhos, fazendo com que pare de atacá-los”, explica.
O adesivo foi testado em camundongos, sendo aplicado nos animais em dias alternados por um período de três semanas. Após esse período, os camundongos apresentaram menor inflamação e crescimento de pelo no local tratado sem qualquer efeito adverso no sistema imunológico no restante do organismo. E os fios que voltaram a crescer permaneceram por diversas semanas após o fim do tratamento. O adesivo também foi testado em camundongos com um sistema imunológico humanizado enxertados com pele humana, o que também mostrou resultados positivos.
E os pesquisadores ainda ressaltam que a composição do adesivo o torna extremamente versátil para ser usado com qualquer medicamento, podendo também servir como uma medida valiosa no tratamento de outras condições de pele, como vitiligo, psoríase e dermatite atópica. “É uma verdadeira mudança de paradigma no tratamento das doenças autoimunes de pele. Em vez de suprimirmos todo o sistema imune, agora será possível regulá-lo precisamente no local afetada para gerar tolerância imunológica e reverter o quadro”, destaca o Dr. Danilo Talarico.
Outro diferencial do adesivo é que, por serem feitas de ácido hialurônico, suas agulhas incham cerca de 10 vezes seu tamanho original após entrar na pele, o que faz com que sejam capazes de absorver um fluido contendo células imunológicas da pele após liberarem o medicamento. “Após a remoção dos adesivos, essa amostra coletada pode ser utilizada para medição dos níveis de células imunológicas e dos marcadores de inflamação no local tratado, o que pode ser uma ferramenta valiosa no monitoramento e adequação do tratamento nos pacientes”, destaca o especialista.
O adesivo vem para somar nas possibilidades de tratamento da alopecia areata, com vantagens sobre as opções terapêuticas disponíveis atualmente. “Hoje, existem diversas opções de tratamento para a alopecia areata, mas as abordagens mais utilizadas atualmente são as injeções locais de corticoides, o uso oral de imunossupressores e, mais recentemente, os medicamentos imunobiológicos inibidores de JAK3, uma enzima envolvida na resposta imune e inflamatória do organismo”, detalha o médico. Segundo o especialista, enquanto as injeções locais de corticoides podem ser dolorosas e exigem visitas regulares ao médico, os medicamentos imunossupressores e inibidores de JAK3 atuam de maneira sistêmica sobre o sistema imunológico, podendo gerar efeitos colaterais importantes. “Já o adesivo, além de atuar diretamente no local afetado pela doença para regular o sistema imunológico em vez de suprimi-lo, é indolor e muito prático, podendo ser aplicado em casa pelo próprio paciente, garantindo assim mais conforto e qualidade de vida”, destaca o Dr. Danilo Talarico. Agora, os pesquisadores pretendem desenvolver ainda mais essa abordagem para o tratamento da alopecia, além de expandir seu uso para outras doenças de pele autoimunes.
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*DR. DANILO S. TALARICO: Médico Graduado há 15 anos pela PUC-Campinas, Professor da pós-graduação em Tricologia e Transplante Capilar (Cirurgia Capilar) do Instituto Lapidare. Speaker Científico e Adviser Científico de Indústrias Farmacêuticas e Indústrias de Tecnologias Médicas. Pós-graduado em Dermatologia Clínica-Cirúrgica, Transplante Capilar e Tricologia Médica, Medicina Estética e Perícia Médica. CRM: 135.299-SP. Instagram: @drdanilotalarico
A descoberta foi publicada em abril no periódico Advanced Materials
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