Entenda o que é superdotação e quais as dificuldades enfrentadas por quem vive com a condição

DO TEXTO: Membros com alto quociente de inteligência (QI), aproximadamente 2% da população mundial têm altas habilidades/superdotação.
Menina superdotada.

Especialista e mãe de criança superdotada evidenciam despreparo por parte do sistema educacional


A superdotação, também conhecida como altas habilidades (AHSD), frequentemente é vinculada à genialidade, no entanto, o verdadeiro significado dessa condição é pouco divulgado, contribuindo para a desinformação.

“Superdotação geralmente refere-se a uma condição em que uma pessoa exibe notável talento ou habilidade que se destaca em diversas áreas e que pode se desenvolver ao longo do tempo”, explica Damião Silva, neuropsicólogo especialista em superdotação/altas habilidades.

Segundo projeções da Mensa, associação de membros com alto quociente de inteligência (QI), aproximadamente 2% da população mundial têm altas habilidades/superdotação. No Brasil, a estimativa é de que cerca de 4 milhões de pessoas vivam com a condição. O Censo Escolar de 2022 indica que 26.815 estudantes são identificados com altas habilidades, o que equivale a 0,5% de todos os alunos da educação básica. 

Nesse cenário, a história de Marina Souza é um relato de desafios e conquistas que se desenrolaram ao longo dos seus 10 anos. Desde seus primeiros dois anos de vida, a menina já se destacava ao assimilar letras, números e conhecimentos que ultrapassavam a média.

“Nossa filha, ainda aprendendo a andar, confundiu a letra H com A durante o banho, gravada em um bloco de empilhar. Corrigi e, a partir daí, ela nunca mais errou, trazendo-me o H quando o encontrava. Assim, aprendeu todas as letras e, rapidamente, dominou o alfabeto e os números”, conta Raquel Souza, mãe de Marina.

No entanto, a trajetória de Marina na educação formal foi marcada por incompreensões e desafios. Seu potencial notável, associado a comportamentos considerados disruptivos, levou a escola a diagnosticá-la erroneamente e sugerir medidas que não consideravam sua singularidade. 

“A falta de informação sobre superdotação levou a escola a adotar abordagens inadequadas, negligenciando suas habilidades e focando excessivamente em supostos comportamentos problemáticos. Trocamos ela de escola e foi pior ainda. Vieram mais diagnósticos confusos, destacando a falta de preparo das instituições para lidar com casos de superdotação”, relata Raquel.

De acordo com a mãe, somente com a chegada a uma escola mais sensível e uma abordagem individualizada, Marina encontrou um ambiente propício para seu desenvolvimento. “A busca incessante por compreensão e apoio levou a uma série de avaliações, onde finalmente sua condição de superdotação foi reconhecida. Apesar disso, esse laudo não nos oferecia direção ”.

No segundo ano, a mãe relata que a menina resistia às aulas no computador, preferindo escrever e desenhar. Seus tiques nervosos e reações intensas levantaram preocupações sobre as excitabilidades. “A dúvida persistia se sua intensidade era inerente ou se mudanças no ambiente poderiam favorecer seu desenvolvimento emocional”, declara Raquel.

“Infelizmente, os problemas associados à superdotação ainda não são de conhecimento de muitos professores, psicólogos, psiquiatras e, menos ainda, dos pais. Assim, o mais comum quando uma criança começa a criar problemas em sala de aula ou em casa é expressar sentimentos de insatisfação e/ou infelicidade e agressividade”, declara Damião.

Raquel alega que a inserção de Marina em um programa de aceleração acadêmica, acompanhada por intervenções psicológicas de Damião, transformou sua experiência escolar. A compreensão da sua condição e a aplicação proporcionaram um ambiente mais acolhedor, permitindo que Marina expressasse seu potencial, mesmo que as relações sociais ainda fossem uma dificuldade.

Após dois anos de ajustes escolares, Marina mostrou um ótimo progresso, com tiques nervosos desaparecidos e maior serenidade diante das frustrações. A flexibilização na abordagem dos pais e da escola contribuiu para sua expressão emocional e clareza na comunicação. Enfrentando desafios, ela adquire ferramentas para navegar num mundo que nem sempre compreende suas características intensas. “O processo também nos leva a refletir sobre nossa própria infância e a evoluir junto com nossa filha”, conclui Raquel.

Vivendo a Superdotação: Encontro que é um marco no campo das altas habilidades e superdotação ganha edição em BH

No dia 02 de março de 2024, Belo Horizonte será palco do evento "Vivendo a Superdotação". Idealizado por Damião Silva, psicólogo, neuropsicólogo, pedagogo e escritor, o encontro reunirá especialistas em educação, saúde e família para abordar os principais vieses da superdotação.

Este evento promete atender a uma ampla audiência, incluindo pessoas superdotadas e seus familiares, profissionais de saúde, educadores e pesquisadores, além do público em geral interessado no tema.

Com uma lista de palestrantes, o evento garante uma troca de conhecimento enriquecedora. Além de Damião Silva, destacam-se nomes como Mariele Rios, Francisca Maria Chagas, Denner Pereira da Silva e muitos outros especialistas. 

O "Vivendo a Superdotação" será dividido em três eixos principais: educação, saúde e família. Isso garantirá que todos os aspectos da superdotação sejam explorados, proporcionando um entendimento mais profundo dessa condição e como melhor apoiar aqueles que a vivenciam.

Além do aprendizado, todos os participantes receberão um certificado, validando sua participação no encontro. Os ingressos estão divididos por minicursos e palestras, disponíveis em diversos valores.

SERVIÇO:
Vivendo a Superdotação
Data e Horário: 02/03/2024 - 07h30 - 18:00
Local: Newton Paiva - Unidade Silva Lobo, Belo Horizonte - MG - Endereço: Avenida Silva Lobo, 1730 Nova Granada
Para mais informações e compra de ingressos, visite o site oficial do evento. 
POSTS RELACIONADOS:
Enviar um comentário

Comentários