Causas genéticas, anatômicas, trombofílicas e endócrinas podem estar relacionadas aos abortos de repetição, problema enfrentado por David Henrie e sua esposa, Maria Cahill
Em seu Instagram, o ator David Henrie, conhecido por seus papéis na série “Os Feiticeiros de Waverly Place”, da Disney, e na franquia de filmes “Gente Grande”, desabafou após sua esposa, Maria Cahill, sofrer um aborto pela oitava vez e precisar passar por uma cirurgia relacionada ao problema. Assim como David e Maria, muitos casais em todo o mundo sofrem com o problema, que pode ser um grande pesadelo para aqueles que estão tentando engravidar. Segundo o Dr. Rodrigo Rosa*, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo, o aborto é uma situação mais comum do que se imagina, com incidência de 1 em cada 5 mulheres gestantes. “Esse número vale tanto para gestações naturais quanto para os casos de fertilização. O período de maior cuidado é no primeiro trimestre, quando o bebê ainda está se formando, mas o aborto pode acontecer em qualquer momento da gravidez”, explica o médico. É caracterizado como aborto a interrupção de uma gestação antes de o feto conseguir sobreviver fora da barriga da mãe. Isso quer dizer que essa interrupção deve se dar antes das 22 semanas e o feto deve pesar menos de 500 gramas. “E considera-se como aborto de repetição quando a mulher sofre 3 abortos seguidos. Nesses casos, o medo pode ser um companheiro nada agradável: a mulher engravida e fica apreensiva sem saber se conseguirá levar a gestação adiante”, acrescenta o especialista.
O Dr. Rodrigo explica que o aborto de repetição pode estar relacionado com causas genéticas, anatômicas, trombofílicas e endócrinas. “E entender as causas do aborto de repetição é, inevitavelmente, uma das principais necessidades de quem passa por essa situação”, afirma. De acordo com o médico, com relação à genética, um bebê normal possui 23 pares de cromossomos. “Quando esse número se altera, para cima ou para baixo, o aborto pode acontecer. Isso é a própria natureza ‘eliminando’ um ser vivo que pode não ter as habilidades necessárias para sobreviver fora do corpo da mãe. As maiores chances de isso acontecer são quando uma mulher engravida em idade mais avançada, por exemplo, aos 40 anos. Porém, 35 anos já é uma idade em que se deve ter maiores cuidados, pois é mais comum que a mãe tenha filhos com doenças genéticas”, destaca o Dr. Rodrigo Rosa.
Quanto às causas anatômicas, é comum que modificações na anatomia do útero também se destaquem como causas do aborto de repetição. “Útero bicorno e útero septado são exemplos dessas anomalias. Outro fator são os miomas acima de 4cm ou que, de alguma maneira, afetam a cavidade endometrial. Outra mudança anatômica que pode levar ao aborto é a formação de pólipos ou mulheres que possuem adenomiose”, diz o médico.
Pacientes com trombofilias, um tipo de doença que aumenta o risco de formação de trombos, também são mais suscetíveis aos abortos de repetição. “Os trombos são coágulos que se instalam em vasos sanguíneos e podem obstruir a passagem de sangue. Podem desenvolver casos graves como a embolia pulmonar (quando um trombo vai para o pulmão). Alguns anticoagulantes, medicamentos utilizados para ‘afinar o sangue’ e impedir a formação de trombos, podem ser prescritos na gestação”, explica o Dr. Rodrigo Rosa.
Distúrbios endócrinos que costumam se desenvolver nessa fase e afetar a gestação são bem particulares, sendo o diabetes gestacional o principal. “As taxas de aborto espontâneo, natimorto, malformações congênitas e morbidade e mortalidade perinatal são maiores em filhos de mães diabéticas. Insuficiência do Corpo Lúteo (redução da progesterona) também é uma das alterações endócrinas que levam ao aborto.”
Mas, é possível engravidar após aborto de repetição? “O primeiro ponto a ser considerado para se engravidar após episódios seguidos de aborto é procurar um especialista em reprodução humana. Este profissional será capaz de ajudar o casal a partir da identificação das causas. Com o diagnóstico, o tratamento pode ser iniciado e realizado de diversas formas, de acordo com a necessidade de cada paciente”, explica.
Dependendo das causas do aborto de repetição, pode ser recomendada uma mudança de hábitos. “Pode ser necessário também realizar uma FIV (Fertilização in vitro) para que a mulher tenha condições de engravidar novamente – e a técnica pode ajudar a selecionar embriões cromossomicamente normais. A gestação deve ser minuciosamente acompanhada pela equipe de especialistas”, destaca o médico. “A boa notícia é que, independentemente das causas do aborto de repetição, mulheres que passaram por esta situação possuem 70% de chance de engravidar e ter uma gestação saudável. Então, o mais correto a se fazer é procurar um especialista”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.
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*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa
Causas genéticas, anatômicas, trombofílicas e endócrinas podem estar relacionadas aos abortos de repetição, problema enfrentado por David Henrie e sua esposa, Maria Cahill
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